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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Teatro Popular do Sesi (TPS)

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 01.10.2023
1948 Brasil / São Paulo / São Paulo
Grupo teatral ligado à associação de industriários que cria expressivo movimento de popularização da atividade teatral desde a década de 1960.

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Grupo teatral ligado à associação de industriários que cria expressivo movimento de popularização da atividade teatral desde a década de 1960.

O Serviço Social da Indústria, Sesi, existe desde 1945 e, a partir de 1948, passa a incentivar a prática teatral dentro das indústrias. Contrata, para tanto, ensaiadores incumbidos de formar elencos e montar espetáculos com grupos operários. Osmar Rodrigues Cruz é contratado em 1951, passando a dirigir um desses grupos na empresa Rhodia, em Santo André.

Sua bem-sucedida experiência leva-o a expandir as atividades e propor uma consolidação do serviço. Seguindo as idéias de Jean Villar, grande promotor do teatro popular francês que visita São Paulo em 1957, propõe um plano de unificação dos esforços isolados e a criação de um elenco estável, montando espetáculos voltados ao gosto e às necessidades culturais dos operários. Nasce assim, em 1959, o Teatro Experimental do Sesi, fase inaugural do projeto. A Torre em Concurso, de Joaquim Manuel de Macedo, sob a direção de Osmar, é sua primeira produção. Seguem-se outras incursões até que, em 1963, a direção do Sesi, convencida do sucesso da iniciativa, acolhe o elenco e a ele atribui outro status, configurando o Teatro Popular do Sesi - TPS, a partir das duas diretrizes básicas previstas no plano de Osmar: ingresso gratuito e elevado teor artístico nas realizações.

Nesse renovado formato ocorre a estréia de Cidade Assassinada, de Antônio Callado, em 1963. O objetivo do conjunto é fazer teatro gratuito não apenas na capital, mas também nas cidades do interior, muitas das quais recebem, pela primeira vez, com a visita do TPS, um conjunto profissional de qualidade.

Noites Brancas, de Dostoiévski, em adaptação de Bertha Zemmel, prossegue a programação, em 1964. Ainda sem sede fixa, o conjunto ocupa salas de teatro disponíveis, procurando um repertório que se adapte aos propósitos do empreendimento. Manhãs de Sol, de Oduvaldo Vianna, 1966, constitui-se num êxito, apenas superado por O Milagre de Annie Sullivan, de William Gibson, no ano seguinte, centrado na luta da professora Ellen Keller para ensinar uma indisciplinada menina cega. A montagem lota a sala do Teatro de Arte Israelita Brasileiro - TAIB, durante dois anos consecutivos. Outro grande sucesso é Senhora, de José de Alencar, adaptado para a cena por Sérgio Viotti, em 1971.

Uma nova fase inicia-se em 1977, com a construção da sala permanente do conjunto, no prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - Fiesp, na Avenida Paulista, e com o ciclo de grandes produções e musicais. Inaugura a série O Poeta da Vila e Seus Amores, de Plínio Marcos, sobre a vida e a obra de Noel Rosa, em 1977; além de Chiquinha Gonzaga, Ó Abre Alas, de Maria Adelaide Amaral, 1983; e O Rei do Riso, de Luís Alberto de Abreu, 1985.

Entre as produções dramáticas, ganham destaque A Falecida, de Nelson Rodrigues, em 1979; com cenografia e figurinos de Flávio Império. Muito Barulho Por Nada, de William Shakespeare, 1986; Feitiço, de Oduvaldo Vianna, 1987; Onde Canta o Sabiá, de Gastão Tojeiro, 1988, e Confusão na Cidade, de Carlo Goldoni, 1989, uma seqüência de encenações dirigidas por Osmar Rodrigues Cruz.

Com a aposentadoria de Osmar, seu grande impulsionador, o Teatro Popular do Sesi - TPS, conclui um ciclo de serviços prestados à comunidade operária paulistana. Após sua saída, novos rumos são traçados para a sala: a dissolução do conjunto fixo, a contratação de elencos e diretores para produções avulsas. Numa primeira fase, a partir de 1994, são criados grandes espetáculos, sob a batuta de encenadores prestigiados pela mídia como Antônio Abujamra, Bia Lessa, Ulysses Cruz, Gabriel Villela e Moacyr Góes. A partir de 1996, o Sesi passa a contratar montagens já estreadas e consagradas pela crítica em suas temporadas comerciais, organizando uma programação de mostras. Implanta, também, um esquema de terceirização de produções de médio porte, voltando a estrear espetáculos na casa, novamente com dramaturgos e encenadores consagrados.

Eis alguns comentários de críticos sobre a atuação do TPS:

Sábato Magaldi: "O Teatro Popular do Sesi fez do seu grupo uma realidade significativa no panorama teatral de São Paulo, oferecendo um bom espetáculo, de graça, a muita gente que, de outra forma, talvez não conhecesse uma platéia";1 Décio de Almeida Prado: "... A finalidade do conjunto é dupla: social, ao oferecer espetáculos gratuitos àqueles que não estão em condições de poder pagá-los, e artística, por achar que a platéia operária merece o teatro da melhor qualidade".2 E, finalmente, Alberto D'Aversa: "É um organismo que se preocupa em formar espectadores, que se esforça para instaurar um hábito e uma tradição, porque para valorização do teatro, como manifestação de cultura, está empenhado numa obra de educação".3

Notas

1. MAGALDI, Sábato. Depoimentos sobre o TPS. Citado por ZANOTTO, Ilka Marinho. Intervenção no Depoimento de CRUZ, Osmar Rodrigues. Depoimento. DEPOIMENTOS VI. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro, 1982. p. 155-156.

2. PRADO, Décio de Almeida. Depoimentos sobre o TPS. Citado por ZANOTTO, Ilka Marinho. Intervenção no Depoimento de CRUZ, Osmar Rodrigues. Depoimento. DEPOIMENTOS VI. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro, 1982. p. 155-156.

3. D'AVERSA, Alberto. Depoimentos sobre o TPS. Citado por ZANOTTO, Ilka Marinho. Intervenção no Depoimento de CRUZ, Osmar Rodrigues. Depoimento. DEPOIMENTOS VI. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro, 1982. p. 155-156.

Espetáculos 104

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Fontes de pesquisa 4

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  • CRUZ, Osmar Rodrigues. Depoimento. DEPOIMENTOS VI. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro, 1982.
  • Revistas e programas do SESI.
  • TEATRO Popular do SESI. TPS 20 Anos. Catálogo comemorativo. São Paulo, 1983.
  • _____. Osmar Rodrigues Cruz: uma vida no teatro. São Paulo: Hucitec, 2001. 503 p.

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