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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Sérgio Viotti

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 08.08.2024
14.03.1927 Brasil / São Paulo / São Paulo
26.07.2009 Brasil / São Paulo / São Paulo
Sérgio Luiz Viotti (São Paulo SP 1927 - idem 2009). Ator e diretor. Intérprete de notável sensibilidade e dotado de ampla formação cultural, revela-se também eficaz adaptador e tradutor de obras literárias e teatrais.

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Sérgio Luiz Viotti (São Paulo SP 1927 - idem 2009). Ator e diretor. Intérprete de notável sensibilidade e dotado de ampla formação cultural, revela-se também eficaz adaptador e tradutor de obras literárias e teatrais.

Estabelece-se no Rio de Janeiro na segunda metade dos anos 1940 e planeja ingressar na carreira diplomática, projeto abandonado após tomar contato com alguns círculos musicais da cidade e colaborar literariamente para a imprensa local. A estréia como ator se efetiva em 1949, na Aliança Francesa do Rio de Janeiro, com a montagem de L'Apollon du Marsac (título primeiro de L'Apollon de Bellac), de Giraudoux, dirigida por Simone Cox. Segue-se um breve período de trabalho amadorístico com teatro de bonecos. Com amigos, confecciona títeres - após orientações de Maria Clara Machado -, escreve cenas inspiradas em obras de William Shakespeare e apresenta peças para crianças no porão de um prédio anexo à Igreja Nossa Senhora da Paz. Tenta montar um grupo para encenar uma tradução sua, Viajante para o Mar, de John Millington Synge. A idéia não vinga em razão da partida para Paris de uma das atrizes, Beatriz Segall, em viagem de estudos.

Entre 1949 e 1958, vive em Londres, Inglaterra, onde trabalha na rádio BBC. O período mostra-se muito rico em experiências artísticas. Grava peças para transmissão radiofônica, escreve críticas de dança e ópera, convive com escritores emergentes e trabalha com a atriz Madalena Nicoll no Arts Theater Club, onde dirige três monólogos.

De volta ao Brasil, dá continuidade ao seu trabalho no rádio. Conhece Antunes Filho, que o convida a dirigir, para o seu Pequeno Teatro de Comédia, Viagem a Três, de Jean de Letràz, em 1959. No mesmo ano, assina a direção de A Folha de Parreira, de Jean-Bernard Luc. Em 1960, a convite de O Tablado, dirige Dona Rosita, a Solteira, texto de Federico García Lorca com tradução de Carlos Drummond de Andrade.

Profissionalmente, trabalha como ator pela primeira vez em 1961, na montagem de O Contato, de Jack Gelber, com direção de Jack Brown, cujo enredo centra-se em um grupo de viciados em heroína e recebe o Prêmio Associação Brasileira de Críticos Teatrais - ABCT, na categoria de ator revelação. A crítica Barbara Heliodora analisa seu desempenho: "Sérgio Viotti nos pareceu, sem medida de comparação, o melhor ator do espetáculo e, principalmente, o único que penetrou mais fundo do que a mera criação de um personagem para vislumbrar o que Jack Gelber poderia ter alcançado [...], tendo conseguido realizar essa tarefa rara que é a de realmente esclarecer um personagem pela sua atuação. Só uma sucessão de trabalhos poderá dizer se em Sérgio Viotti, que aqui faz sua estréia, não encontramos realmente um novo ator para o nosso teatro".1

Na década de 1960, firma-se como ator e diretor. Sua primeira peça, Lua Cheia, é encenada por Carlos Murtinho, em 1961. É dirigido por João Bethencourt em 1962 na montagem de O Milagre de Annie Sullivan, de William Gibson. No mesmo ano, revela também potencial para a comédia em Você Pode Ser o Assassino, de Alfonso Paso, com direção de C. H. Christensen e ganha mais um prêmio da ABCT, na categoria ator coadjuvante, pelo musical My Fair Lady, de Alan Jay Lerner e Frederich Loewe, dirigido por Victor Berbara, no qual divide o palco com Paulo Autran e Bibi Ferreira. Em 1965, assina a direção de cinco espetáculos: seu próprio texto Vamos Brincar de Amor em Cabo Frio; As Inocentes do Leblon, de Barillet e Grédy; As Viúvas do Machado, adaptação sua para textos de Machado de Assis; Amor Depois das Onze, coletânea de textos, que vão da Bíblia a Jung; e Martins Pena Faz Rir, com textos de Martins Pena.

Outra marcante atuação se dá em Queridinho, de Charles Dyer, com direção de Martim Gonçalves, em 1967. No papel de um homossexual, é amplamente elogiado pela crítica, que destaca a composição e nuances da personagem, sobretudo, nos aspectos patéticos. A performance lhe vale o Prêmio Molière. Ao lado de Dulcina de Moraes, atua em Um Vizinho em Nossas Vidas, de Françoise Dorin, dirigido pela atriz. O trabalho da dupla chama a atenção pela noção de conjunto e a perfeita integração das cenas. Sobre a performance do ator, diz o crítico Yan Michalski: "Sérgio Viotti é um ator cômico muito sutil que explora otimamente a sua mobilidade fisionômica e sabe realizar, mesmo dentro de um espetáculo despretensioso como este, uma composição muito completa e surpreendentemente rica de detalhes. A evolução do personagem é executada de maneira plenamente coerente e com um exemplar senso de humor".2

A versatilidade de intérprete se comprova a cada novo trabalho. É exemplar a sua parceria com Cleyde Yáconis em 1978 na encenação de Os Amantes, de Harold Pinter, dirigida por Dorival Carper. Em 1985, é laureado com mais um prêmio, o da Associação Paulista de Críticos de Artes - APCA, na categoria de melhor ator por A Herdeira, de Henry James, direção de Flávio Rangel. Na montagem, sua construção da personagem Dr. Sloper é bem recebida pela crítica.

Em 1991, comemora 30 anos de carreira como ator com As Idades do Homem, compilação de trechos de peças de Shakespeare dirigida de Dorival Carper. Os vários personagens shakespearianos que representa durante a montagem permitem a execução de um amplo número de pequenas performances. Um ano depois, A Volta ao Lar, seu segundo Harold Pinter, encenado por Luiz Arthur Nunes, confere a ele o Prêmio Shell pelo papel do açougueiro Max. Em 2007, encontra mais uma vez grande sucesso entre o público com O Dia em que Raptaram o Papa, de João Bethencourt, com direção de Iacov Hillel.

Entre as várias atividades de Sérgio Viotti vinculadas às artes cênicas, que também abrangem mídias como rádio e televisão, destaca-se como crítico de teatro, dança e ópera em veículos como Correio Paulistano, 1958; revista Cláudia, 1968; O Estado de S. Paulo, 1969/1971; e Jornal da Tarde, 1976/1983. É autor da biografia da atriz Dulcina de Moraes publicada em 1991, Dulcina - Primeiros Tempos (1908-1937), e editada pela Fundação Nacional de Artes Cênicas. Em 2001, a versão ampliada, Dulcina e o Teatro de Seu Tempo, é lançada pela editora Lacerda.

Notas

1. HELIODORA, Barbara. Barbara Heliodora faz crítica a O Contato. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, Caderno B, março de 1961.

2. MICHALSKI, Yan e PEIXOTO, Fernando (org.). Reflexões sobre o teatro brasileiro no século XX. Rio de Janeiro: Funarte, 2004. p. 167.

Espetáculos 73

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Fontes de pesquisa 8

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  • Disponível em: [http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,morre-em-sao-paulo-o-ator-sergio-viotti,408649,0.htm]. Acesso em: 27/07/2009. O Estado de S. Paulo
  • EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011. Não catalogado
  • GUERINI, Elaine. Nicette Bruno & Paulo Goulart: tudo em família. São Paulo: Cultura - Fundação Padre Anchieta: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. 256 p. (Aplauso Perfil). 792.092 G932n
  • LEBERT, Nilu. Sérgio Viotti: o cavalheiro das artes. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/Fundação Padre Anchieta, 2004.
  • MICHALSKI, Yan e PEIXOTO, Fernando (org.). Reflexões sobre o teatro brasileiro no século XX. Rio de Janeiro: Funarte, 2004.
  • Programa do Espetáculo - A Herdeira - 1985. Não catalogado
  • Programa do Espetáculo - Os Amantes - 1978. Não catalogado
  • VIOTTI, Sérgio. Um balcão magnífico (reprodução de crítica publicada em O Estado de S. Paulo, 18 e 20/1/1970). Disponível em: Unirio. Rio de Janeiro, Ministério da Educação. Disponível em: [http://www.unirio.br/opercevejoonline/7/dossies/3/materia3.htm]. Acesso em: 15/6/2007.

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