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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Yan Michalski

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 30.07.2024
01.12.1932 Polônia
12.04.1990 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Registro fotográfico autoria desconhecida

Retrato de Yan Michalski, s.d.
Yan Michalski
Acervo Cedoc/FUNARTE

Jan Majzner Michalski (Czestochowa, Polônia, 1932 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1990). Teórico, crítico e ensaísta. Destaca-se no meio teatral como um dos mais combativos e inteligentes críticos de teatro do país, acompanhando um período de revoluções cênicas e também de repressão e censura política.

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Jan Majzner Michalski (Czestochowa, Polônia, 1932 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1990). Teórico, crítico e ensaísta. Destaca-se no meio teatral como um dos mais combativos e inteligentes críticos de teatro do país, acompanhando um período de revoluções cênicas e também de repressão e censura política.

Seu nome foi forjado pela família para dar-lhe fuga em um navio, depois que os pais foram seqüestrados pelo regime nazista. Yan Michalski chega ao Rio de Janeiro aos 12 anos. Em 1955 freqüenta o curso da companhia O Tablado, onde faz suas primeiras experiências como ator e como diretor teatral, participando de mais de treze montagens até 1963. Formado em direção teatral pela Fundação Brasileira de Teatro - FBT, diploma-se com a primeira turma da escola em 1958, tendo como professores Adolfo Celi, Gianni Ratto e Ziembinski.

Em 1963, assume a coluna de teatro do Jornal do Brasil, no qual permanece até 1982. A observação privilegiada, como crítico, dos mais importantes espetáculos em cartaz na cidade durante quase vinte anos, fornece material para a publicação de dois livros. Em O Palco Amordaçado, vencedor do concurso nacional de monografia do Serviço Nacional de Teatro, SNT, 1979, e em O Teatro sob Pressão, 1985, sintetiza a produção teatral do período, avalia seus marcos e transformações e a mutilação sofrida, pelo palco e pela crítica, durante os anos de censura e repressão.

Nos anos 1960 e 1970, é farto o espaço do crítico de teatro nos jornais, podendo chegar a uma página inteira e se ocupar em vários artigos consecutivos de um mesmo espetáculo, decupando-o em texto, direção e interpretação. Michalski utiliza esse espaço não apenas para comentar o espetáculo em si, como também para inseri-lo no panorama teatral e na obra dos artistas envolvidos, além de dar conta dos rumos do teatro como atividade artística e profissional. Inclui, por vezes, reflexões sobre a própria crítica, como o seguinte trecho: "A meu ver, a nossa tarefa prioritária consistiria em colocar nas mãos dos leitores recursos que os capacitem a uma fruição mais plena e consciente do ato de ver teatro.(...) E, pelo menos indiretamente, podemos assim às vezes levá-lo à conclusão de que um teatro mais exigente, que ele normalmente teria tendência de evitar, pode ser para ele tão ou mais gratificante quanto as comédias comerciais que ele normalmente teria tendência de procurar".1

Participa do Encontro do Teatro Alemão, em Berlim, em 1964, e, em 1969, a convite do governo dos Estados Unidos, faz uma viagem para conhecer o teatro americano, visitando várias escolas de interpretação em diferentes cidades. Em 1969 traduz O Teatro Engajado, de Eric Bentley, o primeiro de uma série de sete livros, duas peças e vários artigos que traduz até 1987, tanto do polonês como do francês, com destaque para A Linguagem da Encenação Teatral, de Jean-Jacques Roubine, em 1982. Em 1973, a convite do governo da Polônia, retorna a sua cidade natal, Czestochowa, e visita, em Wroclaw, o teatro-laboratório de Jerzy Grotowski. Em 1974, assume a presidência da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, ABCT, cargo que ocupa até 1976. Em 1979, recebe o Prêmio Van Jafa de Jornalismo concedido pelo SNT, com uma série de artigos escritos em equipe no Jornal do Brasil sobre Oduvaldo Vianna Filho. Em 1970, começa a lecionar no Conservatório Nacional de Teatro (atual Escola de Teatro da Uni-Rio), onde permanece por 12 anos. Edita a revista Ensaio/Teatro, de 1978 a 1982. De 1979 até 1984 integra várias comissões julgadoras do Concurso Nacional de Dramaturgia e do Troféu Mambembe. Apresenta os trabalhos sobre teatro brasileiro no Festival de Teatro das Nações, em Caracas, e no 7º Congresso da Associação Internacional de Críticos Teatrais, em Tel Aviv.

1982 é um ano de transformações para Yan Michalski. Interrompe suas duas atividades mais antigas: desliga-se da crítica teatral e da universidade. No mesmo ano, torna-se um dos fundadores da CAL - Casa das Artes de Laranjeiras, assumindo o cargo de coordenador da escola de formação de atores, função que exerce até 1990, ano de sua morte. Ainda em 1982, Michalski recebe dois prêmios - Troféu Mambembe e o Prêmio Paulo Pontes - e integra o júri do Prêmio Casa de Las Américas, em Havana, Cuba. Recebe, em 1983, o título de Chevalier de l'Ordre des Arts et Lettres, outorgado pela França, e, em 1984, a Medalha de Mérito Cultural, pela Polônia. Participa com freqüência de encontros e festivais internacionais: em 1983, do Encontro de Críticos Teatrais realizado em Montreal e na Cidade do México; em 1984, dos festivais de teatro de Manizales e de Montevidéu; em 1988, do Simpósio Internacional Siècle Stanislaviski, no Georges Pompidou, em Paris.

Depois de sua morte, recebe quatro prêmios, entre eles, o Golfinho de Ouro e o do Festival de Teatro de Londrina. Na década de 1990 são publicados dois livros póstumos: Teatro e Estado, 1992, finalizado pelo próprio autor, e Ziembinski e o Teatro Brasileiro, 1995, um extenso trabalho realizado para o CNPq, sintetizado por Fernando Peixoto. Deixa inconclusa a obra Pequena Enciclopédia do Teatro Brasileiro, com 115 verbetes redigidos, mais farto material de pesquisa coletado, fruto de seus três últimos anos de trabalho. Essa obra, recuperada por Johana Albuquerque em 1998, é a matéria-prima fundamental em que se inspira e se baseia esta enciclopédia virtual.

Johana Albuquerque, assistente de Yan na pesquisa sobre Ziembinski e coordenadora desta enciclopédia, escreve sobre o grande intelectual do teatro carioca: "Yan foi mais que um crítico ou mesmo um teórico sobre as artes cênicas brasileiras. Foi um amigo e consultor constante da classe teatral, combativo e presente nas manifestações contra a repressão e a censura e, nas últimas décadas de vida, quando já não mais escrevia nos jornais, receptivo e sempre disponível para prestar uma consultoria ou mesmo dar conselhos a todos que o procuravam. Podia ser um autor mostrando-lhe um novo texto; um diretor com uma nova concepção de encenação; uma atriz com um novo projeto; alguém querendo organizar um encontro... Enfim, apesar de sempre envolvido com uma nova pesquisa, Yan sempre tinha tempo para receber os artistas e produtores, que o buscavam porque sua opinião era absoluta: Yan Michalski, de certo modo, representava a voz unânime a que todos do teatro carioca queriam ouvir".2

Notas

1. MICHALSKI, Yan; TROTTA, Rosyane. Teatro e estado: as companhias oficiais de teatro do Brasil: história e polêmica. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Arte e Cultura, 1992. p. 10.

2. ALBUQUERQUE, Johana. Depoimento sobre Yan Michalski. São Paulo, 11 de agosto de 2004.

Obras 1

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Espetáculos 18

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Fontes de pesquisa 1

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  • ALBUQUERQUE, Johana. Yan Michalski (ficha curricular). In: ________. ENCICLOPÉDIA do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material elaborado em projeto de pesquisa para Fundação Vitae. São Paulo, 2000.

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