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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Iacov Hillel

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 13.12.2021
21.05.1949 Israel / a definir / Haifa
02.06.2020 Brasil / São Paulo / São Paulo
Iacov Hillel (Haifa, Israel 1949 - São Paulo, São Paulo, 2020). Diretor, iluminador e professor. Encenador requintado, com reconhecida habilidade na iluminação cênica, Iacov Hillel é o representante maior da comunidade judaica na encenação paulistana, atuando como diretor de teatro infantil e adulto, dança, shows musicais e ópera.

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Iacov Hillel (Haifa, Israel 1949 - São Paulo, São Paulo, 2020). Diretor, iluminador e professor. Encenador requintado, com reconhecida habilidade na iluminação cênica, Iacov Hillel é o representante maior da comunidade judaica na encenação paulistana, atuando como diretor de teatro infantil e adulto, dança, shows musicais e ópera.

Chega ao Brasil em 1955. Inicia-se nas artes no ano seguinte, inicialmente estudando música e piano no Conservatório Oswaldo Cruz. Em 1964 cursa iniciação em artes plásticas e desenho básico na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Em teatro, estuda o método Stanislavsky com Eugênio Kusnet (1898-1975), no Teatro da Universidade Católica (TUCA), e no Teatro de Arena, de 1965 a 1969. Realiza cursos de expressão corporal e Laban com Maria Esther Stockler e Maria Duchenes (1922-2014). Em 1973, faz cursos de expressão e interpretação teatral com Celso Nunes (1941) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Estuda ballet clássico e dança moderna com Marilena Ansaldi (1934), em 1975. No ano seguinte, faz curso de jazz e dança moderna com Ricardo Ordoñez, do Ballet Stagium. Em 1982, bacharela-se em direção teatral pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).

Participa como ator das montagens de Morte e Vida Severina (1965), de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), e de O&A (1967), de Roberto Freire (1927-2008), ambas com direção de Silnei Siqueira (1934-2013), no TUCA. Sua primeira direção ocorre em 1971, com Assunta do 21, de Nery Gomide, num monólogo com a atriz Wanda Kosmo (1930-2007). Em 1975, dirige Marilena Ansaldi em Isso ou Aquilo, de Marilena Ansaldi e Emilie Chamie (1927-2000), ganhando prêmio de direção de dança da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). O espetáculo fica em cartaz durante três anos e é apresentado em vários países da Europa, participando do Festival Mundial de Teatro de Nancy, em 1977. Neste ano, dirige A Filosofia na Alcova, de Marquês de Sade (1740-1814), numa adaptação sua e do ator Rodrigo Santiago (1942-1999), espetáculo de caráter experimental, que é apresentado em casas particulares, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Encena Vem Buscar-me que Ainda Sou Teu (1979), de Carlos Alberto Soffredini (1939-2001), com o Grupo de Teatro Mambembe, com destaque para a interpretação de Rosi Campos (1954). Ainda neste ano, dirige e ilumina Eva Perón, de Copi, com cenografia de Naum Alves de Souza (1942-2016). Em 1980, numa produção da Escola de Arte Dramática (EAD), é o diretor de Divinas Palavras, de Ramón del Valle-Inclán, numa tradução de Renata Pallottini (1931). Sobre a bem-sucedida montagem escreve o crítico Jefferson Del Rios (1943): "O mais belo espetáculo de 1980, até o momento, chama-se Divinas Palavras [...] Iacov Hillel, lidando com mais de 30 personagens construiu uma encenação com detalhes impecáveis: beleza visual e vigoroso clima de representação. Plasticamente, Divinas Palavras, consegue ser, realmente, Bosch e Goya ao vivo, graças a iluminação perfeita na exploração de cores, sombras e efeitos de claro/escuro com luz branca".1

Realiza um grande espetáculo infanto-juvenil da Congregação Israelita Paulista (CIP), José e Seu Manto Technicolor, de Tim Rice (1944) e Andrew Lloyd Weber (1948), com 120 crianças e orquestra, em 1982, ano em que ganha Prêmio Molière - Grande Prêmio da Crítica. pelo conjunto de trabalho. Encena Um Dibuk para Duas Pessoas, de An-Ski (pseudônimo de Shloimo Z. Rapoport), uma reunião de lendas, estórias, passagens da Bíblia, canções e rituais judaicos. Sobre o trabalho do encenador, escreve o crítico Sábato Magaldi (1927-2016): "Iacov Hillel, um dos valores indiscutíveis da nova geração, empresta o seu rigor estético a todos os pormenores - intérpretes muito bem ensaiados, iluminação que acompanha as variações psicológicas, música (de Oswaldo Sperandio) adequada ao clima do texto, exploração correta das passagens laterais. Instaura-se o encantamento da narrativa, a partir da sensibilidade do encenador".2 Com este espetáculo, o diretor ganha menção especial do Prêmio Governador do Estado.

É o encenador de outro grande evento infantil, Tuhu - O Villa-Lobos das Crianças, com música de Villa-Lobos (1887-1959), roteiro e direção musical de Guida Borghoff, em 1987, espetáculo que faz centenas de apresentações num período de seis anos. Em 1989 é a vez de O Lago dos Cisnes, de Tchaikowsky (1840-1893), numa adaptação para crianças de Aziz Bajur. Segue-se O Violinista no Telhado, de Joseph Stein (1912-2010), baseado em histórias de Scholem Aleichem, em 1992, outra produção da Casa de Cultura de Israel. Em 1995, realiza Angels in America - O Milênio se Aproxima, de Tony Kushner (1956), que faz temporada em São Paulo e Rio de Janeiro.

Volta a chamar a atenção para a EAD, com o espetáculo de formandos A Cozinha, de Arnold Wesker, com tradução de Millôr Fernandes (1923-2012), em 1997.

Neste mesmo ano dirige Na Roça - Um Musical Caipira, de Belmiro Braga, numa produção do Grupo Cenas em Canto. Em 1998, é o diretor de As Polacas, de Analy Alvarez (1942), inspirada no livro Jovens Polacas, de Esther Largman. Encena a revista musical The Best of Yidish Vaudeville, com Mauro Wrona, em 1999. No ano seguinte, novamente pela EAD, dirige alunos em A Aurora da Minha Vida, de Naum Alves de Souza. Para Ruth Escobar (1936-2017), faz uma encenação de Os Lusíadas, adaptação do épico de Luís de Camões (1524-1580), em 2001, mesmo ano que dirige mais uma produção da EAD, Homens de Papel, de Plínio Marcos (1935-1999). O Enigma Blavatsky, de José Rubens Siqueira (1945), é a realização de 2003. No ano seguinte é o diretor de Hair - O Musical, de Jerome Ragni e James Rado e, em 2005, é a vez de Ópera do Malandro, de Chico Buarque (1944), outra produção da EAD.

Após seu premiado trabalho em Isso ou Aquilo, com Marilena Ansaldi em 1975, assina várias iluminações para o Teatro Galpão e, a partir da década de 1980, para o Balé da Cidade de São Paulo, tendo recebido em 1980 o Prêmio APCA Especial por sua Contribuição à Dança. A partir da segunda metade da década de 1980, inicia seus trabalhos como régisseur de óperas e musicais. É colaborador constante dos shows da cantora Fortuna, desde 1992.

Dirige as óperas Otello e Elixir d'Amore no Theatro Municipal de São Paulo, essa última também apresentada no Festival de Ópera de Manaus, 1999; Os Contos de Hoffman, de Jacques Offenbach, no Teatro São Pedro e no Festival de Inverno de Campos do Jordão 1999, além de Nabuco, de Verdi (1813-1901), apresentada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Iacov Hillel, frequentemente, ilumina seus próprios espetáculos, já que possui profundo conhecimento nesta área.

Tem intensa atividade como professor, sendo o fundador do Teatro Infantil Monteiro Lobato (TIMOL), grupo de teatro ligado à Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, da Prefeitura Municipal de São Paulo, para o qual dirige várias montagens de 1963 a 1971.

É o diretor teatral e professor de teatro da Congregação Israelita Paulista (CIP), voltado para adolescentes de 1974 a 1976. É professor de interpretação teatral da EAD desde 1976, onde dirige vários espetáculos de formatura. Dá cursos de Concepção, Projeto e Realização de Iluminação Teatral para eletricistas e operadores de luz em espetáculos teatrais, de 1987 a 1989. É o diretor da EAD de 1993 a 1996. Em 2000, é diretor do Departamento de Ópera do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. 

Notas

1. DEL RIOS, Jefferson. Divinas palavras de jovens apaixonados. Folha de S.Paulo, São Paulo, 1o ago. 1980, p. 27.
2. MAGALDI, Sábato. Dibuk, num "digest" lírico e sensível. Jornal da Tarde, São Paulo, 1o jul. 1983, p. 18.

Espetáculos 99

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Espetáculos de dança 1

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Fontes de pesquisa 23

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  • ANSALDI, Marilena; CHAMIE, Emilie; HILLEL, Iacov. Entrevista concedida pelo diretor do espetáculo Isso ou Aquilo, de autoria de Marilena Ansaldi e Emilie Chamie, em São Paulo, 26 mar. 1976, pelo pesquisador de Artes Cênicas Linneu Dias. São Paulo: CCSP / Divisão de Pesquisas-AMM.
  • CARVALHO, Tania. Ney Latorraca: uma celebração. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. (Aplauso Especial).
  • CLOUD Nine - Numa Nice. São Paulo, [s.n.], 1982. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro Sesc Anchieta.
  • DEL RIOS, Jefferson. Divinas palavras de jovens apaixonados. Folha de S.Paulo, São Paulo, 1o ago. 1980, p. 27.
  • DEL RIOS, Jefferson. Sensibilidade e paixão no fantástico "Dibuk". Folha de S.Paulo, São Paulo, 28 jul. 1983, p. 31.
  • DEL RIOS, Jefferson. Sonho e desafio no amor de Otelo. Folha de S.Paulo, São Paulo, 30 jan. 1982, p. 31.
  • EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011.
  • FERREIRA, Dalton. Diretor de teatro e iluminador Iacov Hillel morre em São Paulo. G1, São Paulo, 02 jun. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/06/02/diretor-de-teatro-e-iluminador-iacov-hillel-morre-em-sao-paulo.ghtml. Acesso em: 02 jun. 2020.
  • GARCIA, Clóvis. Encantamento e magia. Folha de S.Paulo, São Paulo, 26 ago. 1983, p. 19.
  • GARCIA, Clóvis. Excepcional tratamento de espaço em Othello. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 9 fev. 1982, p. 19.
  • HILLEL, Iacov (currículum vitae). Cronologia das atividades realizadas ao longo da carreira profissional. São Paulo, 2004.
  • MAGALDI, Sábato. Dibuk, num "digest" lírico e sensível. Jornal da Tarde, São Paulo, 1o jul. 1983, p. 18.
  • MAGALDI, Sábato. Um Othello sem pompa, mais feminista que político. Jornal da Tarde, São Paulo, 5 fev. 1982, p. 18.
  • MARIANA ELISABETSKY. Site Oficial da Artista. São Paulo, 2021. Disponível em: www.marianaelisabetsky.com. Acesso em: 13 dez. 2021.
  • Programa da Jornada Sesc de Teatro - o teatro musical - 1994 - espetáculo: A Voz Humana.
  • Programa do Espetáculo - Angels in América -Parte I, O Milênio se Aproxima, 1995.
  • Programa do Espetáculo - Divinas Palavras - 1986.
  • Programa do Espetáculo - Eva Perón - 1979.
  • Programa do Espetáculo - O Enigma Blavatsky - 2003.
  • Programa do Espetáculo - Othello - 1982.
  • Programa do Espetáculo - Torre de Babel - 1977.
  • Programa do Espetáculo - Victor, ou As Crianças no Poder - 1974.
  • UM DIBUK para Duas Pessoas. Autoria de An - Ski. Direção de Iacov Hillel. São Paulo, 1983. Programa do espetáculo apresentado no Teatro de Câmera do TBC entre junho de 1983 e fevereiro de 1984. São Paulo: CCSP - Divisão de Pesquisas/AMM.

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