Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Dança

Maria Duschenes

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 23.08.2024
26.08.1922 Hungria / a definir / Budapeste
05.07.2014 Brasil / São Paulo / Guarujá
Acervo Família Duschenes Fotografia Autoria Desconhecida

Maria Duschenes (s.d.)

Maria Ranschburg (Budapeste, Hungria, 1922 – Guarujá, São Paulo, 2014). Professora, coreógrafa e dançarina. Destaca-se como referência na educação da dança e do movimento no Brasil.

Texto

Abrir módulo

Maria Ranschburg (Budapeste, Hungria, 1922 – Guarujá, São Paulo, 2014). Professora, coreógrafa e dançarina. Destaca-se como referência na educação da dança e do movimento no Brasil.

Dos 11 aos 15 anos, estuda rítmica com Olga Szent Pál (1895-1968). Nesse período tem aulas de balé clássico com Aurel von Milloss (1906-1988). Em setembro de 1937, ingressa na Kurt Joss Leeder Scholl of Dance, na Inglaterra, onde aprende os princípios do pesquisador do movimento, coreógrafo, desenhista e dançarino húngaro Rudolf Laban (1879-1958). A instituição é fechada em setembro de 1939 por causa dos bombardeios da Segunda Guerra Mundial.

Em 1940, viaja ao Brasil e se instala em São Paulo, onde se casa, em 1942, com o arquiteto alemão Herbert Duschenes (1914-2003), responsável pela direção de alguns dos espetáculos da artista e pelo registro dos cursos e apresentações dela, que formam um acervo de imagens e vídeos sobre a dança em São Paulo. 

Em 1943, contrai poliomielite. A paralisia é quase total no início – segundo laudo médico, apenas os órgãos respiratórios realizam movimentos – e a recuperação se dá depois de quase um ano sem andar. Apesar da reabilitação, permanece com algumas lesões irreversíveis. A doença transforma a percepção da coreógrafa sobre dança e movimento, pois faz de si mesma objeto de investigação para o conhecimento das possibilidades e dos limites do corpo. Além dos conhecimentos teóricos e práticos sobre a dança, Duschenes adquire outros entendimentos ao analisar seu corpo. Para abordá-los, faz da diversificação – de ideias, pessoas, técnicas, culturas e lugares – seu assunto de trabalho em aulas, espetáculos, palestras e oficinas. 

Para formar grupos para os quais leciona, a educadora não investiga apenas a vivência sensorial e emotiva dos alunos, mas os entrevista e os vê dançar. Em toda a trajetória profissional, desenvolve projetos que buscam a exploração, a descoberta e o esclarecimento ao se dançar e ao ver o outro dançar. Em São Paulo, participa como professora de cursos e palestras em faculdades, congressos e apresentações anuais de dança, além de participar de projetos educacionais em instituições públicas e particulares. 

Em 1967, prepara o programa do curso de dança da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). O curso não é implementado, mas, no ano seguinte, a professora ministra uma aula em seu estúdio para professores, dançarinos e atores. Em 1970, conclui formação com a professora de dança germano-britânica Lisa Ullmann (1907-1985).Ainda na década de 1970, recebe o Art of Movement Studio Certificate, do Laban Art of Movement Centre, reconhecido pelo Ministério da Educação e Ciências da Inglaterra. Ingressa como membro no Dance Notation Bureau de Nova York. 

Duschenes compreende e ensina improvisação como se fosse a própria dança e não uma estratégia para se criar dança, ministrando aulas para crianças, leigos, dançarinos, professores e psicólogos. A música que utiliza nas classes, muitas vezes apresentada ao vivo, segue a mesma proposta de improvisação. As trilhas sonoras percorrem desde os clássicos até as vanguardas musicais. Muitas vezes, são reproduzidos sons de animais.

Os trabalhos Mixed media (1968 e 1971) e Espetáculo cinético (1972) enfatizam o uso de materiais que, acoplados ao corpo como figurino, modificam a figura humana em busca da abstração de formas. Magitex (1978), apresentado pelo Grupo de Dança Contemporânea Maria Duschenes, é inspirado no mito da tecelagem e na observação da estamparia e maquinaria de tecer contemporânea. Nesse espetáculo, Duschenes cria uma coreografia com participação de 14 dançarinos e música ao vivo e trata o figurino como parte do desenho de luz. O espaço para a apresentação é especialmente construído no prédio da Bienal de São Paulo.

Em 1979, introduz na capital paulista o projeto de dança educativa em bibliotecas infanto-juvenis. Nele, 80 crianças participam de uma dança-coral em comemoração ao centenário de Rudolf Laban. O registro da apresentação é enviado ao Centro Laban de Londres e recebe menção honrosa. A coreógrafa permanece na coordenação do Dança nas Bibliotecas por dez anos. Na 21ª Bienal de São Paulo, em 1991, é homenageada com a dança-coral Origens

Durante 30 anos, a artista reúne seus grupos para apresentações em praças e parques públicos, teatros não convencionais, altares de igrejas, pátios de colégios e estacionamentos. Em 1991, reduz a quantidade de trabalho e, em 1999, interrompe as atividades em decorrência do mal de Alzheimer. 

O legado de Maria Duschenes para a dança paulistana e brasileira está sobretudo na relação que estabelece entre dança e educação. Em toda a trajetória profissional, seu projeto artístico-educacional contribui de maneira decisiva tanto na atualização da linguagem da dança – até então restrita, no Brasil, ao balé clássico e às técnicas modernas – como na criação do curso de licenciatura em dança.

 

Exposições 2

Abrir módulo

Mídias (2)

Abrir módulo
A personalidade de Maria - Ocupação Maria e Herbert Duschenes (2016)
O filho e o neto do casal Duschenes – Ronaldo Duschenes e Daniel Duschenes, respectivamente – e a professora e pesquisadora em dança Cássia Navas comentam como a poliomielite, doença com que Maria teve de conviver desde os 22 anos, influenciou sua vida e contam que, por seu envolvimento com a dança, ela dizia estar curada da paralisia. Os entrevistados falam de sua presença tímida, delicada, muito potente e um pouco resignada, de uma bailarina que teve de aprender a dançar em outros territórios.
Depoimentos gravados para a Ocupação Duschenes, em abril de 2016, em São Paulo/SP e Curitiba/PR.
A Ocupação Maria e Herbert Duschenes celebra o casal que, apesar de atuar em áreas distintas – ela no campo da dança e ele no da arquitetura –, se dedicou à educação e ao desenvolvimento de formas inovadoras de compartilhar o saber. A ocupação fica em cartaz entre 27 de abril e 12 de junho de 2016.

Créditos
Gerente do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Ana de Fátima Sousa
Coordenadores do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Carlos Costa e Jader Rosa
Entrevista: Amanda Rigamonti
Gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura: Claudiney Ferreira
Coordenadora de conteúdo audiovisual: Kety Fernandes
Produção audiovisual: Jahitza Balaniuk
Captação: Bela Baderna
Edição: Caetano Biasi (terceirizado)
As aulas de Maria - Ocupação Maria e Herbert Duschenes (2016).
O bailarino J. C. Violla, a professora e pesquisadora em dança Cássia Navas e as professoras de dança Cilô Lacava e Renata Macedo Soares contam suas experiências como ex-alunos de Maria Duschenes. Eles descrevem os primeiros encontros com dona Maria. Renata fala da casa em que as aulas aconteciam e de como a dança tomava conta do espaço, além de como a professora abriu um espaço de autoconhecimento por meio da dança.
Violla fala sobre como Maria intensificava o trabalho no corpo nos níveis em que a pessoa tinha mais dificuldade e equilíbrio. Em seus depoimentos, os entrevistados relembram como ela trabalhava com a expansão do repertório do movimento dos alunos.
Depoimentos gravados para a Ocupação Maria e Herbert Duschenes, em abril de 2016, em São Paulo/SP.
A Ocupação Maria e Herbert Duschenes celebra o casal que, apesar de atuar em áreas distintas – ela no campo da dança e ele no da arquitetura –, se dedicou à educação e ao desenvolvimento de formas inovadoras de compartilhar o saber. A ocupação fica em cartaz entre 27 de abril e 12 de junho de 2016.

Créditos
Gerente do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Ana de Fátima Sousa
Coordenadores do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Carlos Costa e Jader Rosa
Entrevista: Amanda Rigamonti
Gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura: Claudiney Ferreira
Coordenadora de conteúdo audiovisual: Kety Fernandes
Produção audiovisual: Jahitza Balaniuk
Captação: Bela Baderna
Edição: Caetano Biasi (terceirizado)

Fontes de pesquisa 15

Abrir módulo
  • AMADEI, Yolanda. Entrevista concedida pela professora da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD/USP) em 30 ago. 2011.
  • ARRUDA, Solange. Arte do Movimento: as descobertas de Rudolf Laban na dança e ação humana. São Paulo: PW Gráficos e Editores Associados, 1988.
  • CAVALCANTI, Cibele. Entrevista concedida pela professora, dançarina e coreógrafa em 31 ago. 2011.
  • Centro Laban SP. São Paulo, 2005. Disponível em: http://www.centrolaban.com.br/duschenes01.html. Acesso em: 25 jun. 2010.
  • Coreógrafa Maria Duschenes, introdutora do método Laban no Brasi, morre ao 92 anos. Folha UOL. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/07/1483124-coreografa-maria-duschenes-introdutora-do-metodo-laban-no-brasil-morre-aos-92-anos.shtml. Acesso em: 14 jul. 2014.
  • DUSCHENES, Ronaldo. Entrevista concedida pelo arquiteto em 9 ago. 2011.
  • Estúdio Laban de Dança. São Paulo, 2011. Disponível em: http://estudiolabandedanca.webnode.com.br/sistema-laban-de-analise-do-movimento/. Acesso em: 2 ago. 2011.
  • JOVEM ARTE CONTEMPORÂNEA, 7., 1973, São Paulo, SP. 7º Exposição jovem arte contemporânea. São Paulo: MAC/USP, 1973. Exposição realizada no período de 28 nov. a 12 dez.1973. SPmac 1973/j
  • LABAN, Rudolf. A Vision of Dynamic Space. London & Philadelphia: The Falmer Press, 1984.
  • LABAN, Rudolf. O Domínio do Movimento. São Paulo: Summus, 1978.
  • MAR E MOTO. Videopesquisa: Maria Mommensohn e Sergio Rosenblit. Pesquisa: Maria Mommensohn. Colaboração: Cleide Martins. Imagens de arquivo: Herbert Duschenes. Recuperação de sons originais: Augusto Rocha. Trabalho realizado com apoio da Bolsa Vitae de Dança - 2001. São Paulo: Recplay, Videcom, TV Cultura, 2002. 1 DVD (1h35m), son., color.
  • MOMMENSOHN, Maria: PETRELLA, Paulo (org.). Reflexões sobre Laban, o mestre do movimento. São Paulo: Summus, 2006.
  • NAVAS, Cássia; DIAS, Linneu. Dança moderna. São Paulo, a cidade e a cultura. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura, 1992.
  • PRESTON-DUNLOP, Valerie. Rudolf Laban: An extraordinary life. London: Dance Books, 1998.
  • ROCHA, Augusto Cesar F. P. da. Entrevista concedida pelo professor e atorem 31 jul. 2011.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: