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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

A Comunidade

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
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Data/Local

1968/1970 - Rio de Janeiro RJ

Histórico

Desde a sua fundação, quando decide recusar as salas de espetáculo convencionais e se fixar no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, a proposta de A Comunidade consiste na pesquisa de novas formas de comunicação teatral a partir da ruptura da relação espacial à italiana e dos princípios estéticos decorrentes - frontalidade, linearidade, verticalidade.

"Juntamo-nos para constituir um grupo liberto das injunções de um regime empresarial, queríamos o direito de errar sem estarmos sujeitos às leis do lucro, à ditadura das bilheterias",1 afirma o diretor Amir Haddad, em entrevista ao Jornal do Brasil.

O nome do grupo frisa essa recusa da profissionalização: A Comunidade produz seus espetáculos através da caixinha mensal com que cada integrante contribui. De constituição heterogênea, mistura em seus quadros atores profissionais e amadores, jovens e veteranos. Entre seus fundadores figuram Paulo Afonso Grisolli, Amir Haddad, Tite de Lemos e Marcos Flaksman.

O primeiro espetáculo, em 1968, é escrito, dirigido e protagonizado por Paulo Afonso Grisolli. A Parábola da Megera Indomável espalha os espectadores por uma pequena sala, misturando-os às cenas e aos atores. No segundo espetáculo, A Construção, de Altimar Pimentel, em 1969, Amir Haddad assume a orientação artística do grupo e desenvolve a proposta de rompimento com o espaço e a perspectiva tradicionais.

Em A Construção, o público, distribuído por uma das maiores salas do MAM/RJ, está colocado no espaço cênico, no qual o grupo realiza um jogo de simultaneidade e multiplicidade da ação. Segundo Yan Michalski, o diretor, embora parta de um texto teatral ingênuo, cria uma linguagem de impacto e tece "um comentário cênico ousado e desenfreado sobre as crenças míticas do povo nordestino".2 O crítico considera o espetáculo um marco em termos de experimentação cênica, o que faz de A Comunidade "um dos mais importantes conjuntos de inovação cênica em atividade no Rio".3 Luiza Barreto Leite define como cinematográfica a linguagem do espetáculo e considera que ele traz para o teatro brasileiro uma reformulação mais radical do que a de Vestido de Noiva na década de 1940.

Em 1970, o grupo realiza duas encenações, com direção de Amir Haddad, - Agamêmnon, de Ésquilo, e Depois do Corpo, de Almir Amorim, o último espetáculo da equipe. Ambas dão continuidade à linguagem elaborada em A Construção. Em Agamêmnon, o cenário de Joel de Carvalho, composto por praticáveis de inúmeros tamanhos e formatos, propõe um palácio feito de fragmentos, uma ruína, onde os diversos planos, escadas, praticáveis e alçapões são usados para dar movimento ao corpo do ator. A busca de uma interpretação movida pela absoluta sinceridade e entrega leva os atores à liberação catártica e à exacerbação emocional. Depois do Corpo não repete a bem-sucedida experiência estética dos espetáculos anteriores.

O crítico Yan Michalski considera que a proposta de pesquisa do grupo se mostra enfraquecida, pois mesmo reduzido a três atores - quando havia trabalhado até então com vinte, o elenco não consegue unificar os diferentes registros de interpretação.

Entre os artistas que participam da criação dos espetáculos do grupo encontram-se Jacqueline Laurence, Maria Esmeralda, Luiz Armando Queiroz, Roberto de Cleto, Colmar Diniz, João Siqueira, que depois se tornará o diretor do Grupo Dia-a-Dia, a diretora musical Cecília Conde e a preparadora corporal Nelly Laport.

Notas

1. HADDAD, Amir. Construção, comunidade, comunicação (Entrevista concedida ao crítico Yan Michalski). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 jun. 1969.

2. MICHALSKI, Yan. O teatro sob pressão: uma frente de resistência. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. p. 40.

3. MICHALSKI, Yan. O teatro sob pressão: uma frente de resistência. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. p. 40.

Espetáculos 4

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Fontes de pesquisa 7

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  • A CONSTRUÇÃO. Direção Amir Haddad. Rio de Janeiro, 1969. 1 folder. Programa do espetáculo, no Museu de Arte Moderna em junho de 1969.
  • ESMERALDA, Maria. Depoimento concedido a Rosyane Trotta, 21 jul. 2001.
  • HADDAD, Amir. Construção, comunidade, comunicação. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 jun. 1969. Entrevista concedida ao crítico Yan Michalski.
  • LEITE, Luiza Barreto Leite. A construção: barroco psicanalítico. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 3 ago. 1969.
  • MICHALSKI, Yan. Depois do corpo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 29 jun. 1969.
  • MICHALSKI, Yan. O teatro sob pressão: uma frente de resistência. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
  • ______. Depoimento concedido a Rosyane Trotta, 28 jul. 2001.

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