Grupo Dia-a-Dia
Texto
Histórico
Temas populares, discussão da realidade brasileira e apresentações em espaços convencionais e não convencionais da periferia urbana fazem parte da filosofia de trabalho que marca as atividades do Grupo Dia-a-Dia, criando conexões com os postulados dos Centros Populares de Cultura da UNE - CPCs, e do grupo União e Olho Vivo. Seu sistema de produção é a cooperativa e se utiliza da criação coletiva na construção da dramaturgia e do espetáculo.
Segundo o programa do espetáculo comemorativo de dez anos de existência: "O Grupo Dia-a-Dia nasceu da inquietação de algumas pessoas em influir e participar na vida nacional. Como o veículo de expressão dessas pessoas era o teatro, reuniram-se em torno do texto de um deles, Maria e Seus Cinco Filhos, de João Siqueira, em 1977. Não foi um texto escolhido ao acaso, mas sim aquele que trazia uma série de colocações, dúvidas e questionamentos que eram também do nascente Grupo Dia-a-Dia. Seguindo sua prioridade de apresentar-se para platéias populares, o grupo percorreu toda a periferia do Rio de Janeiro e municípios vizinhos, apresentando-se em salas, teatros, associações de moradores, fábricas, igrejas, quadras, conjuntos habitacionais, escolas, etc. Em qualquer local sempre foi fundamental o debate após o espetáculo, para o estabelecimento de uma relação direta com a platéia. Em 1978, o grupo recebeu o Troféu Mambembe para as categorias de melhor autor (João Siqueira) e de contribuição ao movimento teatral".1
Em 1979, lançam Quanto Mais Gente Souber Melhor, texto e direção de João Siqueira. O comentário de Yan Michalski em 1981, por ocasião da estréia de Pelo Buraco da Fechadura, dimensiona a carreira do grupo: "Não é só em termos estruturais que o autor João Siqueira e o seu grupo continuam fiéis a si mesmos. O mais importante é a coerência, aqui mais uma vez nítida, de um espírito de trabalho e de uma definição de objetivos, cuja continuidade, desde Maria e Seus Cinco Filhos, é um fenômeno raro e respeitável no panorama atual. Fazendo teatro para platéias que normalmente não vão ao teatro - o grosso de seu trabalho desenvolve-se na periferia, longe das salas institucionalizadas - o grupo extrai a matéria-prima das suas peças de uma observação atenta do cotidiano da mesma população à qual o seu trabalho se destina; e à qual essa matéria-prima é devolvida, depois de enriquecida por um tratamento conscientizador, procurando despertar a atenção dos espectadores para a natureza dos mecanismos sociopolíticos de que eles são vítimas...".2
O grupo realiza ainda Terra, Trabalho e Liberdade, em 1982; A História de Jandira e Severino, 1983; Família É Família, 1984; e Os Filhos de Mamãe Grande, em 1987, todos texto e direção de João Siqueira.
Notas
1. SIQUEIRA, João. Os Filhos de Mamãe Grande. Intérprete: Grupo Dia-a-Dia, 10 anos. Folheto do espetáculo.
2. MICHALSKI, Yan. Explorados e cúmplices. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 nov. 1981.
Espetáculos 10
Fontes de pesquisa 7
- DIAS, Carmina. Dia-a-dia na rua pelos 10 anos. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 16 jun. 1987.
- GRUPO Dia-a-Dia. Grupos Artes Cênicas. Rio de Janeiro: Funarte / Cedoc. Dossiê.
- GRUPO Dia-a-Dia. O colonialismo do chamado teatro político. Outubro 1981. Texto mimeografado, inédito.
- GRUPO Dia-a-Dia. Rio de Janeiro: Funarte / Cedoc, 1979. Texto mimeografado.
- MARINHO, Flávio. Procurando pelo buraco da fechadura pra poder ganhar. O Globo, Rio de Janeiro, 28 nov. 1981.
- MICHALSKI, Yan. Explorados e cúmplices. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 nov. 1981.
- SIQUEIRA, João. Os Filhos de Mamãe Grande. Intérprete: Grupo Dia-a-Dia, 10 anos. Folheto do espetáculo.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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GRUPO Dia-a-Dia.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/grupo399370/grupo-dia-a-dia. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7