José Wilker
Texto
Biografia
José Wilker (Juazeiro do Norte, CE, 1946 - Rio de Janeiro, RJ, 2014). Ator, diretor e autor. Conhecido, nos anos 1970, como ator de espetáculos de vanguarda, José Wilker atua em alguns dos principais grupos de teatro do país. Seu estilo teatralista de criação e composição físicas se mantém desde 1969, em O Arquiteto e o Imperador da Assíria, no Teatro Ipanema, até 1985, em Assim É...(Se Lhe Parece), no Teatro dos Quatro.
José Wilker começa a fazer teatro político e engajado em Recife, no início dos anos 1960, junto ao Movimento de Cultura Popular (MCP), que trabalha para a conscientização política da classe operária por meio da alfabetização e da cultura popular, na linha de Miguel Arraes. Depois do golpe militar, em 1964, pressionado pela repressão que coloca o MCP na ilegalidade, Wilker parte para o Rio de Janeiro.
Com Luiz Mendonça (1931-1995), diretor de teatro do MCP, Isabel Ribeiro (1941-1990), Camilla Amado (1939) e Carlos Vereza (1939), funda o Grupo Chegança, no qual atua durante quatro anos em montagens como Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto (1920-1999) e A Excelência.
Em 1965, estreia em Chão dos Penitentes, de Francisco Pereira da Silva (1918-1985), com produção do Teatro Jovem. Em 1967, trabalha ao lado de Marília Pêra (1943) e Dulcina de Moraes (1908-1996) em A Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht (1898-1953), direção de José Renato (1926-2011). Ingressa na Faculdade de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ). No Grupo Opinião, atua em Antígone, de Sófocles (496 a.C.-406 a.C.), sendo dirigido por João das Neves (1934), em 1968. No mesmo ano, ganha um prêmio do Seminário de Dramaturgia, montando, em seguida, seu primeiro texto, O Trágico Acidente que Destronou Teresa.
Participa, a partir de então, dos espetáculos mais importantes do Teatro Ipanema, centro de produções teatrais de Ivan de Albuquerque (1932-2001) e Rubens Corrêa (1931-1996): em 1969, faz uma substituição em O Assalto, espetáculo que revela o autor José Vicente (1945-2007); no ano seguinte, atua em O Arquiteto e o Imperador da Assíria, de Fernando Arrabal (1932), que lhe vale o Prêmio Molière de melhor ator. Está em Hoje É Dia de Rock, também de José Vicente, em 1971, espetáculo ícone da década de 1970.
Participa da montagem brasileira de A Mãe, em 1971, dirigida pelo francês Claude Régy (1923), numa produção da companhia de Tereza Raquel (1939). Volta ao Ipanema como ator e autor em A China é Azul, de 1972. Atua também em Ensaio Selvagem, mais uma peça de José Vicente, 1974. Em 1976, ganha os prêmios Molière e Governador do Estado de melhor ator em Os Filhos de Kennedy, de Robert Patrick, com direção de Sergio Britto (1923-2011).
A partir de então, afasta-se dos palcos por nove anos. Torna-se importante ator de TV, destacando-se em novelas da Globo, tais como: Anjo Mau, Gabriela, Salvador da Pátria, Roque Santeiro. No cinema, projeta-se pelos desempenhos em Dona Flor e seus Dois Maridos, de Bruno Barreto, 1976; Bye, Bye Brasil, de Cacá Diegues, 1979, e O Homem da Capa Preta, de Sérgio Rezende, 1986.
No início dos anos 1980, assume a direção da Escola de Teatro Martins Pena, tendo como colaboradores, entre outros, Aderbal Freire-Filho (1941) e Alcione Araújo (1945-2012). Retorna para o palco em 1985, com a equipe do Teatro dos Quatro, onde a interpretação do Sr. Ponza, em Assim É...(Se lhe Parece), de Luigi Pirandello (1867-1936), sob a direção de Paulo Betti (1952), que lhe vale seu terceiro Prêmio Molière de melhor ator.
Passa a atuar como diretor de teatro em importantes produções como Sábado, Domingo e Segunda, de Eduardo De Filippo (1900-1984), em 1986; Perversidade Sexual em Chicago, de David Mamet (1947), em 1989; A Morte e a Donzela, de Ariel Dorfman (1942), 1993; Querida Mamãe, de Maria Adelaide Amaral (1942), em 1994.
Cinéfilo inveterado, nos anos 1990 abandona os palcos para dedicar-se à sua carreira cinematográfica; produz e atua no filme Guerra de Canudos, de Sérgio Rezende, e torna-se também crítico de cinema na TV Cultura. Com regularidade escreve crônicas sobre o assunto para o Jornal do Brasil e publica uma coletânia desta produção em 1996, no livro Como Deixar um Relógio Emocionado.
Wilker marca presença no teatro, no cinema e na televisão, sendo requisitado como protagonista em todas estas áreas, revelando ser um dos principais atores da sua geração.
Espetáculos 43
Fontes de pesquisa 10
- A CABRA ou Quem É Sylvia. São Paulo: [s.n.], 2008. 1 programa do espetáculo. Não Catalogado
- ALBUQUERQUE, Johana. José Wilker. In: ______. Enciclopédia do teatro brasileiro contemporâneo. São Paulo, 2000. Material elaborado em projeto de pesquisa para a Fundação Vitae.
- CARVALHO, Tania. Ney Latorraca: uma celebração. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. (Aplauso Especial). 792.092 L358c
- EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011. Não catalogado
- ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Márcio Freitas]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos. Não Catalogado
- ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Rosyane Trotta]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos. Não Catalogado
- GUERINI, Elaine. Nicette Bruno & Paulo Goulart: tudo em família. São Paulo: Cultura - Fundação Padre Anchieta: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. 256 p. (Aplauso Perfil). 792.092 G932n
- MICHALSKI, Yan. José Wilker. In: ______. Pequena enciclopédia do teatro brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro, 1989. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq.
- MICHALSKI, Yan. O teatro sob pressão: uma frente de resistência. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989.
- WILKER, José. Rio de Janeiro: CEDOC / Funarte. Dossiê Personalidades Artes Cênicas.
Como citar
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JOSÉ Wilker.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa14478/jose-wilker. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7