Tereza Rachel
Texto
Biografia
Teresinha Malka Brandwain Taiba de La Sierra (Nilópolis, Rio de Janeiro 1935 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016). Atriz e produtora. Intérprete inquieta, funda o Teatro Tereza Raquel nos anos 1970, produz peças inéditas e traz diretores europeus ligados à vanguarda, fazendo de sua casa de espetáculos um dos pólos de destaque do teatro carioca do período.
Inicia sua carreira profissional em 1955, sendo dirigida por Henriette Morineau (1908-1990) em Os Elegantes, de Aurimar Rocha. No ano seguinte recebe o prêmio de atriz revelação da Associação Brasileira de Críticos Teatrais (ABCT), por sua atuação em Prima Donna, texto e direção de José Maria Monteiro (1923-2010). Em 1957, é contratada pelo Teatro Nacional de Comédia (TNC), onde atua em O Telescópio, de Jorge Andrade (1922-1984), em que é dirigida por Paulo Francis (1930-1997); e em A Bela Madame Vargas, de Paulo Barreto. Na Companhia Tônia-Celi-Autran (CTCA), atua, em 1958, em A Ilha das Cabras, de Ugo Betti, com direcão de Adolfo Celi (1922-1986). Em 1959, trabalha em três produções do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC): Romanoff e Julieta, de Peter Ustinov, e Patate, de Marcel Achard, ambos encenados por Alberto D'Aversa (1920-1969); sua atuação em Quando Se Morre de Amor, de Giovanni Patroni Griffi, com direção de Alberto D'Aversa, lhe vale o Prêmio Saci de melhor atriz.
Volta ao TNC no ano de 1961, em Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues (1912-1980), encenação de José Renato (1926-2011). Em 1962, realiza viagem de estudos pela Itália e França. De volta ao Brasil, produz e atua em Bonitinha, mas Ordinária, de Nelson Rodrigues, com direção de Martim Gonçalves (1919-1973). Em 1965, está em Berço do Herói, de Dias Gomes (1922-1999), com direção de Antônio Abujamra (1932-2015), interditada pela Censura no dia do ensaio geral. No mesmo ano, integra o elenco de Liberdade, Liberdade, de Flávio Rangel (1934-1988) e Millôr Fernandes (1923-2012), direção de Flávio Rangel, numa produção do Grupo Opinião. Em 1967, é a Jocasta, de Paulo Autran (1922-2007), em Édipo Rei, sucesso de bilheteria. Atua na histórica montagem do Teatro Ruth Escobar de O Balcão, de Jean Genet, com direção de Victor Garcia, em 1969. Em 1971, depois de ver uma montagem na França de A Mãe, de Stanislaw Witkiewicz, produz a montagem carioca do texto, trazendo de Paris o mesmo diretor, Claude Régy, inaugurando as atividades oficiais do Teatro Tereza Raquel. A interpretação da protagonista lhe vale o Prêmio Molière. Em seguida realiza uma segunda produção ambiciosa, com Tango, de Slawomir Mrozek. A opção, pela segunda vez, por um texto de vanguarda da pouco divulgada dramaturgia polonesa, faz com que a crítica especializada a considere a produtora mais corajosa do Rio de Janeiro. O espetáculo recebe elogios, tanto pelo cenário de Joel de Carvalho (1930-1974), que integra o palco à platéia, quanto pela direção de Amir Haddad (1937), que une o humor e a farsa à discussão filosófica do texto, e as interpretações de Sergio Britto (1923-2011), Tereza Rachel, Sadi Cabral (1906-1986) e Ary Coslov. Em 1974, traz o diretor francês Jorge Lavelli para encenar A Gaivota, de Anton Tchekhov, peça que novamente chama a atenção da crítica. Esta louva mais uma vez seu trabalho em 1976, com Gata em Telhado de Zinco Quente, de Tennessee Williams, com direção de Paulo José (1937). Segundo o crítico Yan Michalski (1932-1990), a atriz "numa composição tensa, elétrica, sensual e sobretudo admiravelmente rica de intenções, realiza como Maggie um dos seus melhores e mais pessoais desempenhos"1 e, na apreciação da jornalista Tânia Pacheco, "nas mudanças da agressão para a quase ternura, da 'gata' para a mulher, seu trabalho de atriz merece aplausos".2
Em 1980, atua em Os Órfãos de Jânio, de Millôr Fernandes, dirigida por Sergio Britto. No ano seguinte, com o mesmo diretor, faz A Senhorita de Tacna, de Mario Vargas Llosa. Interpreta a controvertida Blanche Dubois na sua produção de Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams, com direção de Maurice Vaneau (1926-2007), em 1985.
Tereza Raquel trabalha também em cinema, atuando em filmes de Carlos Diegues, Jece Valadão, Miguel Borges, Denoy de Oliveira e de seu marido, Ipojuca Pontes. Na TV Globo, participa das novelas O Rebu; O Grito; O Astro; Baila Comigo e Louco Amor.
A crítica Maria Teresa Amaral assim define seu estilo:
"Teresa é um fenômeno - sempre a melhor nos espetáculos que participa. [...] Passa com limpeza e perfeição os sinais imprescindíveis à compreensão. Prática, econômica. Pesquisa estereótipo (...) para controlar a linguagem, permitindo uma troca precisa entre público e ator. [...] É didática. Usa emoção e inteligência para movimentar um referencial comum a muitos. Dosa informação e redundância com arte meio doméstica, mas de cozinheira exímia".3
Notas
1 MICHALSKI, Yan. Uma gata chamada desejo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 dez. 1976.
2 PACHECO, Tânia. Os fogos de artifício e a festa do bicentenário. O Globo, Rio de Janeiro, 10 dez. 1976.
3 AMARAL, Maria Teresa. Mais respeito com a Senhorita. Última Hora, Rio de Janeiro, 19 nov. 1981.
Espetáculos 39
Fontes de pesquisa 10
- AMARAL, Maria Teresa. Mais respeito com a Senhorita. Última Hora, Rio de Janeiro, 19 nov. 1981.
- CARVALHO, Tania. Ney Latorraca: uma celebração. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. (Aplauso Especial).
- ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Rosyane Trotta]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos.
- MICHALSKI, Yan. Uma gata chamada desejo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 dez. 1976.
- PACHECO, Tânia. Os fogos de artifício e a festa do bicentenário. O Globo, Rio de Janeiro, 10 dez. 1976.
- Programa do Espetáculo - Liberdade Liberdade - 1965.
- Programa do Espetáculo - Meu Querido Mentiroso - 1966.
- Programa do Espetáculo - Tango - 1972.
- RAQUEL, Teresa. Rio de Janeiro: Funarte / Cedoc. Dossiê Personalidades Artes Cênicas.
- Tereza Rachel morre no Rio. G1 Rio. Disponível em: < http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/04/morre-atriz-tereza-rachel.html >. Acesso em: 04 abr. 2016.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
-
TEREZA Rachel.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa282657/tereza-rachel. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7