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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Naná Vasconcelos

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 30.10.2024
02.08.1944 Brasil / Pernambuco / Recife
09.03.2016 Brasil / Pernambuco / Recife
Reprodução fotográfica Caio Palazzo.

Registro da Aula-espetáculo Os Muitos Sons de Naná Vasconcelos.

Juvenal de Holanda Vasconcelos (Recife, Pernambuco, 1944 - Recife, Pernambuco, 2016). Percussionista, compositor, vocalista. Destaca-se como um dos maiores percussionistas brasileiros ao ampliar o conceito de percussão, estendendo-o a qualquer objeto que emita som, e revoluciona o papel do percussionista, deixando de ser um mero acompanhante par...

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Juvenal de Holanda Vasconcelos (Recife, Pernambuco, 1944 - Recife, Pernambuco, 2016). Percussionista, compositor, vocalista. Destaca-se como um dos maiores percussionistas brasileiros ao ampliar o conceito de percussão, estendendo-o a qualquer objeto que emita som, e revoluciona o papel do percussionista, deixando de ser um mero acompanhante para tornar-se solista.

Ainda criança, aprende sozinho a manejar instrumentos de percussão. Aos 12 anos, tocando bongô e maraca, integra a banda liderada pelo pai. Mais tarde, trabalha como baterista em cabarés e na Banda Municipal do Recife. Em 1966, participa do musical folclórico Memórias de Dois Cantadores, em que explora pela primeira vez o berimbau, instrumento em que se especializa. Um ano depois, fixa-se no Rio de Janeiro, onde toca com vários artistas e bandas, como Gal Costa (1945), Os Mutantes e Milton Nascimento (1942), que o convida para participar de seu primeiro disco. Integra o grupo Quarteto Livre, com o qual acompanha o compositor Geraldo Vandré (1935). Com o saxofonista argentino Gato Barbieri (1932), vai para a Argentina, Estados Unidos (onde vive em 1971) e Europa [(Festival de Montreux, (1972)]. Vive em Paris, entre 1972 e 1977, e lá grava seu primeiro disco solo, Africadeus (1972), onde na faixa intitulada "Pinote", entoa as estrofes de um maracatu de domínio público, além de explorar outros recursos percussivos do aparelho fonador que não a voz, como assobio, estalo de língua, chiado. Logo começa a extrair ritmos e sonoridades da palavra falada, criando os vocalismos que se tornam uma de suas marcas pessoais, inspirado nos pregões de rua e aboios do Nordeste. 

Outra característica do trabalho de Naná é a utilização do próprio corpo como caixa de ressonância, recurso inspirado no trabalho que ele realiza numa clínica psiquiátrica da França, entre 1973 e 1974, com crianças excepcionais. Para se comunicar com elas, o percussionista imita os sons que elas produzem com o corpo e com a voz, propondo-lhes outros em seguida, numa espécie de diálogo improvisado. É assim que surge um repertório de sons corporais, que ele explora com maestria no disco Dança das Cabeças, parceria com Egberto Gismonti, ou em seu álbum Zumbi (1983), onde descreve como teria sido a chegada do primeiro escravizado africano ao território brasileiro. A pesquisa de novos sons, aliás, é uma constante na trajetória do artista. Seus últimos experimentos nesse sentido são produzidos na água, e podem ser escutados em seu mais recente álbum, Sinfonia e Batuques.

Durante curta estada no Brasil, em 1973, grava o segundo álbum, Amazonas, e participa de Milagre dos Peixes, LP de Milton Nascimento. Totalmente instrumental, o disco torna-se um ícone do protesto contra a ditadura. Ainda em Paris, grava discos com parceiros. Com Egberto Gismonti (1944), lança o disco Dança das Cabeças (1977), vencedor do Grammy. Em 1978, fixa-se em Nova York, e cria com amigos o trio Codona, com quem grava dois discos que incorporam ao jazz características da música africana, asiática e brasileira. Grava seu terceiro álbum solo, Saudades (1979).O álbum é o ponto alto de sua trajetória como solista de berimbau tocando um instrumento confeccionado por ele mesmo com uma corda de piano Steinway.

Vale destacar ainda a incorporação da tecnologia em seu trabalho. Após utilizar a bateria eletrônica nos anos 1980, logo abandonada, ele adere ao sampler para reproduzir suas vocalizações. Toca com o DJ Dolores e acompanha os movimentos musicais brasileiros que se valem da tecnologia, como o manguebeat

Em 1983, passa a tocar bateria eletrônica, utilizada nos discos Nanatronics (1985), Bush Dance (1986) e Rain Dance (1989). Nos anos 1990, forma o trio Inclassifiable. Ainda sediado em Nova York, em 1994, volta a trabalhar no Brasil, lança Contando Histórias (1994), onde constrói, por meio da música, narrativas e paisagens típicas do Nordeste. Também cria o projeto ABC Musical, que reúne crianças de sete a dez anos para cantar música folclórica brasileira.

Em 1995, assume a direção do Perc-pan (Panorama Percussivo Mundial), cargo que ocupa até 2001. Após se fixar no Recife, em 1999, grava dois discos. Em 2001, produz o primeiro álbum do grupo Cordel do Fogo Encantado e, no ano seguinte, grava com Itamar Assumpção (1949-2003) o disco Isso Vai Dar Repercussão. Em 2010 lança Sinfonia e Batuques (2010), onde narra o encontro imaginário entre uma orquestra sinfônica e uma nação de maracatu. 

No decorrer da carreira, participa da trilha sonora de filmes nacionais e estrangeiros de Glauber Rocha (1939-1981), Bernardo Bertolucci (1940), e Jim Jarmusch (1953), além de compor a música original de filmes de Walter Salles Junior (1956), Daniela Thomas (1956), e Lúcia Murat (1949)

Em 2009, defende o "afro-futurismo" musical, mescla de elementos da música percussiva a intervenções de vanguarda. Em 2010, realiza o projeto Língua Mãe, no qual reúne crianças de três países (Angola, Brasil e Portugal) de língua portuguesa em oficinas musicais. Há dez anos, Naná Vasconcelos e os Maracatus participam da abertura do Carnaval do Recife.

Reconhecido internacionalmente, foi eleito pela revista de jazz norte-americana Down Beat o melhor percussionista por nove anos consecutivos (1983-1991). É apelidado de jungle man pela crítica norte-americana, em alusão ao exotismo dos objetos que leva para o palco. A sua música também chama atenção ainda por sua forte carga imagética.

Naná Vasconcelos transborda criatividade e entra para a história da música brasileira ao ressignificar os instrumentos tradicionais da percussão afro-brasileira, especialmente o berimbau.

Obras 48

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Música Surrealista com Naná Vasconcelos - Continuum #32
Itaú Cultural

Fontes de pesquisa 12

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  • CEZIMBRA, Márcia. Como uma imagem pode virar música. Folha de S. Paulo, São Paulo, 10 abr. 1986. Ilustrada, p. 45.
  • COSTA, Carlos e ASSUMPÇÃO, Michelle. Música Surrealista. Continuum, São Paulo, ago. 2011. p.16-19. Disponível em: < https://issuu.com/itaucultural/docs/continuum32 >. Acesso em: 09 mar; 2016.
  • DICIONÁRIO Houaiss Ilustrado da Música Popular Brasileira. Coautor Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin. Rio de Janeiro: Editora Paracatu, 2006.
  • DINIZ, Polyana. O homem da floresta. Entrevista com Naná Vasconcelos. Diário de Pernambuco, Recife, 16 ago. 2009.
  • Diário de Naná. Documentário. Direção Pascoal Samora. Brasil, 2006. 60 min.
  • LACERDA, Mariana e MEIGUINS, Alessandro. A simplicidade de menino do percussionista que encontrou seu próprio ritmo para a vida. Vida Simples. São Paulo, Ed. Abril, n. 16, maio 2004.
  • MARCONDES, Marcos Antônio. Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed., rev. ampl. São Paulo: Art Editora, 1998. p. 515.
  • NANÁ VASCONCELOS. Site oficial do artista. Disponível em: < http://www.nanavasconcelos.com.br >. Acesso em: 01 mar 2011.
  • Naná Vasconcelos. In: GROVE Online Dictionary. Disponível em: < http://www.oxfordmusiconline.com >. Acesso em: 01 mar. 2011.
  • PHAELANTE, Renato. MPB: compositores pernambucanos: coletânea bio-músico fonográfica. 1920-1995. Recife: FUNDAJ, Ed. Massangana, 1997.
  • TADEU, Felipe. Naná Vasconcelos relembra os tempos na gravadora ECM e no trio Codona. Universo Online, 16 fev. 2009. Disponível em: < http://musica.uol.com.br/ultnot/2009/02/16/ult89u10292.jhtm >. Acesso em: 01 mar. 2011.
  • TELES, José. Naná Vasconcelos, talento internacional. Continente Multicultural, Recife, ano 5, n.55, p. 72-81, jul. 2005.

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