Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Nydia Licia

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 08.08.2024
30.04.1926 Itália / Friuli Venezia Giulia / Trieste
12.12.2015 Brasil / São Paulo / São Paulo
Registro fotográfico Fredi Kleemann

Nydia Licia
Fredi Kleemann, Nydia Licia
Acervo Idart/Centro Cultural São Paulo

Nydia Licia Pincherle Cardoso (Trieste, Itália, 1926 - São Paulo, São Paulo, 2015). Atriz, diretora e produtora. Intérprete de destaque na primeira fase do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) projeta-se juntamente com Sergio Cardoso (1925-1973) em companhia própria, a partir de meados dos anos 1950.

Texto

Abrir módulo

Nydia Licia Pincherle Cardoso (Trieste, Itália, 1926 - São Paulo, São Paulo, 2015). Atriz, diretora e produtora. Intérprete de destaque na primeira fase do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) projeta-se juntamente com Sergio Cardoso (1925-1973) em companhia própria, a partir de meados dos anos 1950.

Como assistente de Pietro Maria Bardi (1900-1999), no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), Nydia frequenta o meio intelectual de São Paulo. Interessa-se pelo teatro amador e faz, em 1947, alguns espetáculos: À Margem da Vida de Tennessee Williams, pelo Grupo de Teatro Experimental (GTE), dirigido por Alfredo Mesquita (1907-1986); O Baile dos Ladrões, de Jean Anouilh, direção de Décio de Almeida Prado (1917-2000), pelo Grupo Universitário de Teatro (GUT), e A Noite de 16 de Janeiro, de Ayn Rand, direção R. H. Eagling, apresentados no TBC, em sua fase amadora. Substitui Cacilda Becker (1921-1969) na primeira produção profissional da companhia: Nick Bar...Álcool, Brinquedos, Ambições, de William Saroyan, com direção Adolfo Celi (1922-1986), sendo contratada em seguida, em 1950.

Entre suas marcantes criações no conjunto paulista estão: Entre Quatro Paredes, de Jean-Paul Sartre; Os Filhos de Eduardo, de Marc-Gilbert Sauvajon; A Ronda dos Malandros, de John Gay, com direção de Ruggero Jacobbi (1920-1981)O Anjo de Pedra, de Tennessee Williams, encenação de Luciano Salce (1922-1989)A Importância de Ser Prudente, de Oscar Wilde; todas produções de 1950.

Ainda neste ano, alcança seu primeiro grande destaque com Lembranças de Bertha, também de Tennessee Williams e direção de Ziembinski (1908-1978). Ainda com este diretor são marcantes as criações que faz em Rachel, de Lourival Gomes Machado; e O Grilo da Lareira, de Charles Dickens, em 1951. Novas projeções surgem em O Inventor do Cavalo, de Achille Campanile e, sobretudo, Ralé, de Máximo Gorki, encenação de Flaminio Bollini (1924-1978). Em 1952 está no elenco de Antígone, de Sófocles (1º ato) e de Jean Anouilh (2º ato), espetáculo grandioso de Adolfo Celi, entre outras produções subseqüentes do TBC.

Sai do conjunto em 1953 juntamente com seu marido Sergio Cardoso, para participarem da criação da Companhia Dramática Nacional (CDN), no Rio de Janeiro, nas montagens de A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo (1915-1997), direção de Bibi Ferreira (1922); A Canção Dentro do Pão, de Raimundo Magalhães Júnior, estréia de Sergio Cardoso como diretor. De volta a São Paulo, em 1954, participa de A Filha de Iório, de Gabriele D'Annunzio, mais uma parceria com Ruggero Jacobbi; e Sinhá Moça Chorou, de Ernani Fornari.

Em 1956, para inaugurar o Bela Vista, sede da Companhia Nydia Licia-Sergio Cardoso, encenam Hamlet, de William Shakespeare, em direção assinada por Sergio Cardoso. Na sequência, montam Quando as Paredes Falam, de Ferenc Molnar; Chá e Simpatia, de R. Anderson, nova oportunidade de grande destaque para a atriz, que arrebata todos os prêmios do ano. Igualmente notável é a remontagem de Vestido de Noiva, dirigida por Sergio Cardoso, em 1958. Entre outras produções dessa fase, estão: Henrique IV, de Luigi Pirandello, direção de Jacobbi, 1957; Amor Sem Despedida, de Daphne de Maurier, 1958; Oração para Uma Negra, de William Faulkner e Albert Camus, 1959.

Separada de Sergio, Nydia torna-se produtora independente, lutando para conservar aberto o Bela Vista, imprimindo um ritmo alucinante às produções, com destaque para alguns sucessos, como Geração em Revolta, de John Osborne, 1960; De Repente no Verão Passado, de Tennessee Williams, 1961; Esta Noite Improvisamos, de Luigi Pirandello, dirigida por Alberto D'Aversa (1920-1969), 1961; e Hedda Gabler, de Henrik Ibsen, encenação de Walmor Chagas (1930-2013), 1964.

Contrata o diretor Amir Haddad (1937) para realizar Camila, de Jerome Lawrence, 1965; no mesmo ano, produz Biedermann e os Incendiários, de Max Frisch; atua em Um Dia na Morte de Joe Egg, de Peter Nichols, 1968; e em João Guimarães: Veredas, de Renata Pallottini (1931), 1969.

Passa também a dirigir, como é o caso de: Quem Rouba um Pé Tem Sorte no Amor, de Dario Fo, 1962; Feitiço, de Oduvaldo Vianna (1892-1972), 1963; Terra de Ninguém, de Nydia Licia e Fernando Lona, 1966; e Esta Noite Falamos de Medo, da própria Nydia, 1967.

Em 1961, apresenta a temporada do New York Repertory Theater (membros do Actor's Studio): com Zoo Story; Uma Noite com Tennessee Williams; Miss July entre outras.

O Teatro Bela Vista sai de suas mãos no início dos anos 1970, retornando aos proprietários do terreno que, alguns anos depois, vendem para o Estado, que ali edifica o Teatro Sergio Cardoso.

A partir dos anos 1970, Nydia ingressa na Televisão Cultura, ocupando cargos de direção criação e gerenciamento de programas. Desenvolve ativa participação no cinema e prossegue produzindo para teatro, agora exclusivamente para o público infantil. Para isso aluga uma sala de 800 lugares onde apresenta espetáculos ininterruptamente até 1984. Torma-se professora da Escola de Comunicação da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), e professora do Teatro Escola Célia Helena, desde 1992. Em 2010, recebe o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, na categoria Destaque Cultural.

Na ocasião da estréia de Chá e Simpatia, em 1957, analisa o crítico Décio de Almeida Prado:

"A simplicidade e a naturalidade, como por ocasião da sua estréia, já há tantos anos, continuam a ser as suas duas grandes armas. Nydia não nasceu para os papéis fortemente dramáticos, para a exuberância e as explosões temperamentais. Mas, sem sair do seu registro, feito sobretudo de discrição, foi afinando as suas qualidades de doçura, de dignidade, de delicadeza, até vencer pela sensibilidade uma certa frieza interior, colhendo, numa peça como esta, que pedia exatamente aqueles requisitos, o seu maior triunfo, firmando-se como uma das primeiras atrizes do nosso teatro".1

Notas

1. PRADO, Décio de Almeida. Chá e Simpatia. In: ______. Teatro em Progresso:crítica teatral (1955-1964). São Paulo: Editora Perspectiva, 2002, p. 46-47. (Coleção Estudos, 185).

Obras 1

Abrir módulo

Espetáculos 84

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 11

Abrir módulo
  • ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Edélcio Mostaço]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos.
  • LICIA, Nydia. Ninguém se Livra dos Seus Fantasmas. São Paulo: Perspectiva, 2002.
  • MAGALDI, Sábato; VARGAS, Maria Thereza. Cem anos de teatro em São Paulo (1875-1974). São Paulo: Senac, 2000.
  • NUNES, Leandro. Artistas e amigos dão adeus a atriz. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 14 dez. 2015. Caderno 2, p. C8.
  • Oh, Que Delícia de Guerra!. São Paulo: Teatro Bela Vista, 1966. 1 programa do espetáculo.
  • PRADO, Décio de Almeida. Exercício findo: crítica teatral (1964-1968). São Paulo: Perspectiva, 1993. (Coleção debates; 199).
  • PRADO, Décio de Almeida. O teatro brasileiro moderno: 1930-1988. São Paulo: Perspectiva, 1988. (Debates, 211).
  • PRADO, Décio de Almeida. Peças, pessoas, personagens: o teatro brasileiro de Procópio Ferreira a Cacilda Becker. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
  • PRADO, Décio de Almeida. Teatro em progresso: crítica teatral (1955-1964). São Paulo: Editora Perspectiva, 2002. (Coleção Estudos; 185).
  • Programa do Espetáculo - Biedermann e os Incendiários - 1965.
  • Programa do Espetáculo - Quem Tem Medo de Virginia Woolf? - 1965.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: