Antígone
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Antígone, 1952
Fredi Kleemann
Acervo Idart/Centro Cultural São Paulo
Texto
Histórico
Principal montagem do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em 1952. Adolfo Celi (1922-1986), o diretor, reúne num mesmo espetáculo o original grego de Sófocles (ca.496 a.C-ca.405 a.C) e a leitura moderna de Jean Anouilh (1910-1987) do mesmo mito, numa realização à altura dos melhores espetáculos da companhia. A tradução de Sófocles é de Guilherme de Almeida (1890-1969), definida como uma "transcrição", em sua tentativa de criar em português a mesma beleza do original. A tradução do texto de Jean Anouilh é de Bandeira Duarte.
Antígone trata da luta pelo poder desencadeada na cidade de Tebas, onde dois irmãos - Polinice e Etéocles - morrem guerreando-se mutuamente. O tirano Creonte, tio dos jovens, proíbe que Polinice, o invasor seja enterrado. Antígone, irmã dos dois combatentes, desrespeita o decreto e dá sepultura ao irmão, invocando as leis divinas e os costumes, segundo ela, mais fortes do que aquelas estabelecidas posteriormente pelos homens.
A discussão política é o cerne dos dois textos, sendo que a versão de Jean Anouilh, escrita em 1943, alude diretamente à França sob a ocupação nazista. O espetáculo dura quatro horas e Celi usa o mesmo elenco, com a mesma distribuição de papéis nas duas versões, reforçando os contrastes entre elas.
A cenografia para a tragédia de Sófocles é de Bassano Vaccarini (1914-2002), os figurinos são assinados por ele e Rina Fogliotti. Os cenários e figurinos para a versão francesa são uma realização de Aldo Calvo (1906-1991). A maquiagem de Leontij Tymoszcenko, resulta de um minucioso trabalho de pesquisa de época. As máscaras da versão grega são do artista plástico Darcy Penteado (1926-1987).
A recepção crítica da montagem de Sófocles é bem mais positiva do que a da revisão moderna de Jean Anouilh. Cacilda Becker (1921-1969) (Antígone) e Paulo Autran (1922-2007) (Creonte) destacam-se à frente do numeroso elenco, ganhando o Prêmio Saci de melhor atriz e ator, juntamente com Celi, que leva o de melhor diretor. No comentário de Ruggero Jacobbi (1920-1981), as "nove semanas de um espetáculo praticamente interminável, com textos de Sófocles e do Anouilh menos fútil, seriam um recorde de civilização teatral em qualquer parte do mundo".1
O crítico Décio de Almeida Prado (1917-2000) aprova a montagem: "Antígone é um debate de idéias. Até aí nenhuma novidade. Adolfo Celi sempre gostou de peças de fundo filosofante [...]. A direção, desta vez, não se apóia mais em achados brilhantes e de caráter quase precioso, como o balanço de Seis Personagens, talvez porque não tenha sentido necessidade de demonstrar aos outros e a si mesmo a sua capacidade criadora. A encenação de Antígone, tão sensível, tão justa, tão inteligente, parece provar que Celi acaba de atingir um ponto ideal de maturidade, aquele em que o intérprete realiza o milagre de criar tudo de novo, sem acrescentar propriamente nada".2
Notas
1 JACOBBI, Ruggero. Antígone. Folha da Noite, Rio de Janeiro, 15 out. 1952.
2 PRADO, Décio de Almeida. As duas Antígones. Apresentação do Teatro brasileiro moderno. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 2001. p. 298.
Ficha Técnica
Jean Anouilh
Sófocles
Tradução
Bandeira Duarte / Antígone
Guilherme de Almeida / Antígone
Direção
Adolfo Celi
Cenografia
Aldo Calvo / Antígone
Bassano Vaccarini
Criação de máscaras
Darcy Penteado
Figurino
Aldo Calvo / Antígone
Bassano Vaccarini / Antígone
Darcy Penteado / Antígone
Rina Fogliotti / Antígone
Elenco
Ana Balechi / 1ª Escrava
Benedito Corsi / Coro de Tebanos; 3º Guarda
Cacilda Becker / Antígone
Carlos Vergueiro / Antígone
Elizabeth Henreid / Antígone
Fredi Kleemann / Antígone
Guiomar Olivastro / Antígone
Jaime Barcelos / Antígone
José Karat Filho / Antígone
Leonardo Villar / Antígone
Luiz Calderaro / Antígone
Luiz Linhares / Antígone
Marina Freire / Antígone
Mário Gregori / Antígone
Maurício Barroso / Antígone
Nydia Licia / Eurídice
Paulo Autran / Antígone (Prêmio Saci)
Rubens Costa / Antígone
Ruy Affonso / Antígone
Sergio Cardoso / Antígone
Ziembinski / Antígone
Produção
Franco Zampari
Obras 2
Fontes de pesquisa 3
- GUZIK, Alberto. TBC: crônica de um sonho. São Paulo: Perspectiva, 1986.
- GUZIK, Alberto; PEREIRA, Maria Lúcia (Org.). Teatro Brasileiro de Comédia. Dionysos, Rio de Janeiro, n. 25, set. 1980. Edição especial.
- PRADO, Décio de Almeida. O teatro brasileiro moderno. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 1996. (Debates, 211).
Como citar
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ANTÍGONE.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/evento395730/antigone. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7