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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Carlinhos Brown

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 30.10.2024
23.11.1962 Brasil / Bahia / Salvador
Antonio Carlos Santos de Freitas (Salvador, Bahia, 1962). Compositor, cantor, instrumentista, produtor cultural. Seu trabalho artístico solo se liga diretamente ao movimento musical afro-baiano, que surge nas periferias da cidade de Salvador no início dos anos 1980 e desemboca no estilo samba-reggae.

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Antonio Carlos Santos de Freitas (Salvador, Bahia, 1962). Compositor, cantor, instrumentista, produtor cultural. Seu trabalho artístico solo se liga diretamente ao movimento musical afro-baiano, que surge nas periferias da cidade de Salvador no início dos anos 1980 e desemboca no estilo samba-reggae.

Criado em Candeal Pequeno, na periferia da capital baiana, aproxima-se da percussão por intermédio do motorista aposentado Osvaldo Alves da Silva, o mestre Pintado do Bongô, de quem se torna discípulo. Com ele, aprende a tocar samba, pagode e também ritmos latinos, como rumba, salsa e bolero e herda o aprendizado oral, corporal e improvisado de tocar percussão. Faz som a partir de tudo que habita seu cotidiano, da colher na panela à pá no asfalto.

Seu nome artístico é inspirado no cantor estadunidense James Brown (1933-2006), expoente da soul music norte-americana. No início, integra a banda de rock Mar Revolto. Depois, acompanha Luiz Caldas (1963), Djavan (1949) e João Bosco (1946) em turnês. Em 1984, Luiz Caldas grava a primeira música de Brown a fazer sucesso nas rádios, "Visão de ciclope", escrita em parceria com Jefferson Robinson e com o próprio Caldas. Ainda nos anos 1980, Brown participa da banda de Caetano Veloso (1942), que grava sua composição "Meia lua inteira" no LP Estrangeiro (1989). Posteriormente, a música faz parte da trilha sonora da novela Tieta (1989-1990), da Rede Globo, tornando-se sucesso em todo o Brasil.

Nos anos 1990, Brown se projeta internacionalmente à frente do grupo Timbalada, que reúne cerca de cem jovens percussionistas, do bairro de Candeal Pequeno, tocadores de timbau (tambor de origem africana), e passa a ser figura constante em shows e turnês pela Europa. A estreia como vocalista acontece no disco Brasileiro, de 1992, de Sérgio Mendes (1941), no qual assina cinco músicas. O álbum ganha o prêmio de Melhor Álbum World Music no Grammy, em 1993. Ainda em 1992, participa, ao lado do Olodum, da coletânea Bahia black: ritual beating system, produzida pelo estadunidense Bill Laswell (1955). A carreira solo começa em 1996, com o lançamento do álbum Alfagamabetizado, cujo repertório conta com a música "A namorada", que o projeta como cantor.

Brown promove o resgate da cultura africana em suas letras, com muitas referências a orixás e ritos religiosos do candomblé. Cria um estilo de se vestir que lhe rende convites para participar de desfiles de moda e assinar uma coleção de joias. Sua estética visual inclui referências indígenas, africanas e urbanas. O jornalista Nelson Motta (1944) o define como um talento ao mesmo tempo regional e internacional, tradicional e inovador, clássico e popular.

Em 2002, forma o grupo Tribalistas, ao lado de Marisa Monte (1967) e Arnaldo Antunes (1960), em um trabalho apontado por Motta como herdeiro da tropicália, o movimento musical e estético criado na década de 1960 por Gilberto Gil (1942), Caetano Veloso e Tom Zé (1936), entre outros artistas, cujo legado de comportamento e atitude influencia gerações.

Performático, traz das experiências em turnês e gravações a tranquilidade de se apresentar como instrumentista à frente do palco, função muitas vezes deixada em segundo plano. Requisitado para os estúdios, Brown aproveita as oportunidades para mostrar suas composições. Bastante ligado à cultura do Carnaval na Bahia, é o grande fornecedor de músicas para os intérpretes dos trios elétricos. Suas composições são sucesso no Carnaval de Salvador, como, por exemplo: "Dandalunda" (2003), interpretada por Margareth Menezes (1962); "Rapunzel" (2006), interpretada por Daniela Mercury (1965) e "Cadê Dalila" (2009), interpretada por Ivete Sangalo (1972). Suas canções também ganham registro na interpretação de diversos outros artistas, como Maria Bethânia (1946), Gal Costa (1945-2022), Nando Reis (1963), Cássia Eller (1962-2001) e Herbert Vianna (1961). Suas parcerias musicais vão do jazzista estadunidense Herbie Hancock (1940) ao grupo de heavy metal Sepultura.

Sua trajetória tem também a marca do engajamento em questões sociais, o que lhe rende diversos prêmios internacionais. Cria projetos e grupos musicais: Timbalada, que revela importantes nomes da cena baiana, como Alexandre Guedes, Denny, Xexéu, Patrícia e Ninha; Lactomia, de crianças em situação de vulnerabilidade social que produzem seus próprios instrumentos de material reciclado; Bolacha Maria, formado apenas por mulheres percussionistas; a escola Pracatum, projeto social que oferece cursos profissionalizantes de música gratuitos a jovens entre 14 e 18 anos; o espaço cultural Museu do Ritmo e a casa de shows Candyall Guetho Square, que ajudam pessoas de camadas sociais menos privilegiadas, em Salvador. O então príncipe da Espanha, Filipe VI (1968), após visitar o Candeal, passa a apoiar seus projetos. A relação com a Espanha inspira Brown a gravar o álbum em espanhol Carlinhos Brown é Carlito Marrón, em 2003. Participa da primeira edição do Rock in Rio Madri, em 2008. No ano seguinte, depois de 20 anos de axé, reedita a banda de rock Mar Revolto e lança um álbum.

Marcado pela abertura para parcerias com diferentes artistas e o diálogo com ritmos diversos, o trabalho de Carlinhos Brown articula performance e ação social em torno da tradição afro-baiana. Embora tenha diversos discos solos gravados, ainda é mais conhecido como compositor.

Obras 33

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Exposições 2

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Fontes de pesquisa 6

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  • Entrevista concedida pelo cantor e compositor ao jornalista Leandro Souto Maior. Rio de Janeiro, 30 set. 2009.
  • FABIO, Licia. Carlinhos Brown. Revista Lícia, ano 1, nº 1 (out. 2009).
  • GUERREIRO, Goli. A trama dos tambores: a música afro-pop de Salvador. São Paulo: Editora 34, 2000.
  • LIMA, Ari. A estética da pobreza: música, política e estilo. Dissertação de mestrado em Comunicação e Cultura, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1997.
  • MERCANTE, Regina. Carlinhos Brown: musicalidade na veia. In: Revista Possível, ano 1 (2004).
  • VELOSO, Caetano. Verdade Tropical. Companhia das Letras, 1997.

Como citar

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