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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Oscar Pereira da Silva

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.01.2024
27.08.1867 Brasil / Rio de Janeiro / São Fidélis
17.01.1939 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Violeiro Caipira, 1918
Oscar Pereira da Silva
Óleo sobre tela, c.i.d.
103,00 cm x 92,00 cm

Oscar Pereira da Silva (São Fidélis, Rio de Janeiro, 1867 - São Paulo, São Paulo, 1939). Pintor, decorador, desenhista, professor. Entre 1882 e 1887, estuda na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), e é aluno de Zeferino da Costa, Victor Meirelles, Chaves Pinheiro e José Maria de Medeiros. Em 1887, torna-se ajudante de Zeferino da Costa na dec...

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Biografia

Oscar Pereira da Silva (São Fidélis, Rio de Janeiro, 1867 - São Paulo, São Paulo, 1939). Pintor, decorador, desenhista, professor. Entre 1882 e 1887, estuda na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), e é aluno de Zeferino da Costa, Victor Meirelles, Chaves Pinheiro e José Maria de Medeiros. Em 1887, torna-se ajudante de Zeferino da Costa na decoração da Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro. Conquista o último prêmio de viagem ao exterior concedido pelo imperador dom Pedro II, transferindo-se para Paris em 1889. Estuda com os pintores Léon Bonnat e Jean-Léon Gérôme. No período em que permanece na França, produz diversos estudos e telas. Retorna ao Brasil em 1896. No Rio de Janeiro, realiza uma exposição individual no salão da Escola Nacional de Belas Artes (Enba), onde são apresentados 33 trabalhos feitos na Europa. No mesmo ano, transfere-se para São Paulo. Leciona no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (Laosp) e no Ginásio do Estado, e ministra também aulas particulares em seu ateliê. Em 1897, funda o Núcleo Artístico, que, mais tarde, se transforma na Escola de Belas Artes, onde dá aulas. Entre 1903 e 1911, trabalha na decoração do Theatro Municipal de São Paulo, elaborando três murais: O Teatro na Grécia Antiga, A Dança e A Música. Entre 1907 e 1917, realiza pinturas para Igreja de Santa Cecília. Como pensionista do Governo do Estado de São Paulo, viaja a Paris em 1925.

Análise

Autor de pintura histórica, retratos, temas religiosos, cenas de gênero, naturezas-mortas e paisagens, Oscar Pereira da Silva é também grande copista. Na cidade de São Paulo estão seus principais trabalhos, entre os quais se destacam Escrava Romana, ca.1882, Infância de Giotto, 1895, e Fundação da Cidade de São Paulo, 1909, pertencentes à Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp; Desembarque de Cabral em Porto Seguro, 1922, e O Príncipe Regente D. Pedro, Jorge Avilez ao lado da Fragata União, do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (MP/USP). A experiência na Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, como auxiliar de Zeferino da Costa, gera frutos em São Paulo, onde realiza a decoração da Igreja de Santa Cecília. Na cúpula, estão retratados os evangelistas; nas capelas, a Imaculada Conceição e os Esponsais de São José. Completando o conjunto, figuram em friso ao redor da nave diversos retratos de clérigos. No início do século XX, em São Paulo, diversas capelas coloniais são substituídas por edifícios neogóticos ou neocoloniais, abrindo-se uma frente de trabalho para artistas decoradores, como Oscar Pereira da Silva e Benedito Calixto. Além da Igreja de Santa Cecília, ambos atuam nas igrejas de Santa Ifigênia, da Consolação e do Rosário. Pereira da Silva realiza também trabalhos decorativos para a Igreja de Nossa Senhora da Conceição.

Em Paris, realiza seu aprimoramento artístico nos ateliês de pintores conservadores, não se interessando pelo realismo e muito menos pelo impressionismo. Em grande parte pela formação acadêmica que recebe, não se deixa influenciar pela pintura moderna, preferindo continuar numa linha tradicional, que trabalha com grande qualidade técnica.

Cultiva o assunto bíblico e histórico, temas que já não interessam à maioria dos pintores de sua época. São exemplos dessa tendência Salomé, 1913, Lídia, Escrava Romana, telas de figuras femininas que revelam o apego às tradições acadêmicas e que parecem anacrônicas para seu tempo. Suas obras revelam desenho minucioso e perfeito, à semelhança do mestre Zeferino da Costa. Alguns trabalhos, principalmente as cenas de gênero, de que são exemplos Criação da Vovó, 1890, Consertador de Porcelanas, 1894, Cozinha na Roça e Canto Íntimo parecem menos severamente pautados pela estética tradicional, revelando alguma ousadia mais na temática do que no tratamento pictórico.

Suas laboriosas composições são características da expansão da pintura que predomina no meio artístico brasileiro no início da República, o que explica tanto sua alta produtividade e aceitação no período quanto as críticas de que foi alvo posteriormente. Pereira da Silva insere-se com sucesso num contexto em que o ensino artístico e as encomendas oficiais são as principais fontes de atividades para os artistas. Exerce, então, a atividade de professor e é bastante solicitado a realizar obras para instituições ligadas ao governo.

Realiza também algumas paisagens, mas a principal tarefa por ele assumida consiste em recriar, em grandes composições, episódios da história nacional ou paulista. O melhor exemplo é certamente o Desembarque de Cabral em Porto Seguro. A tela ganha tal notoriedade, servindo de iconografia para livros escolares e outras publicações, que até hoje figura como a mais popular representação da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil. É interessante considerar que a obra é realizada para as comemorações do centenário da Independência do Brasil, em 1922, no mesmo ano que a Semana de Arte Moderna agita o ambiente cultural paulista. Outra importante tela histórica é Sessão das Cortes de Lisboa em 9 de maio de 1822, episódio em que diversos deputados brasileiros, liderados por Antonio Carlos de Andrade e Silva, defenderam na corte portuguesa que um único soberano deveria governar os reinos de Portugal e do Brasil. Assim como O Desembarque, a tela é encomendada pelo historiador e diretor do Museu Paulista, Afonso d'Escragnolle Taunay, para ocupar os espaços do recém-criado museu. A eleição de determinados momentos históricos faz parte do projeto de construção e elaboração da identidade e memória nacionais.

Pode-se criticar Oscar Pereira da Silva pela repetição das fórmulas e a impermeabilidade às novas tendências pictóricas em voga internacionalmente. No fim da vida, passa a produzir uma quantidade maior de marinhas, paisagens, naturezas-mortas e aquarelas. Autor de uma produção numerosa, porém desigual, quase sempre pautada na estética tradicional, considerado por alguns críticos como um pintor fraco e demasiadamente elogiado,1 pauta sua obra, como afirma o crítico Quirino Campofiorito, "na convicção de que era inadmissível a um artista deformar, para, deste modo, melhor expressar".2

Notas

1 BARATA, Mário. Pintura e escultura: posições do academismo e tentativas do simbolismo. In: ZANINI, Walter (org). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles, Fundação Djalma Guimarães, 1983. p. 443.

2 CAMPOFIORITO, Quirino. A Proteção do Imperador e os pintores do Segundo Reinado: 1850 - 1890. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. (História da pintura brasileira no século XIX, 4). p. 50.

 

Obras 36

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Reprodução fotográfica autoria desconhecida

A Noite

Óleo sobre tela

Exposições 89

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Fontes de pesquisa 34

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  • 100 obras Itaú. São Paulo: Itaugaleria, 1985.
  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • A FIGURA humana na coleção Itaú. São Paulo, SP: Itaú Cultural, 2000.
  • A PINACOTECA do Estado. Texto Carlos Alberto Cerqueira Lemos, Paulo Mendes da Rocha, Maria Cecília França Lourenço. São Paulo: Banco Safra, 1994. 319 p., il. color.
  • ACQUARONE, Francisco; VIEIRA, Adão de Queiroz. Primores da pintura no Brasil. 2.ed. [Rio de Janeiro]: [s.n.], 1942. v. 1.
  • ARAÚJO, Emanoel (coord.). Reflexões iconográficas: memória. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1994.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • ASPECTOS da paisagem brasileira: 1816-1916. Rio de Janeiro: Funarte, 1977. 30 p.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
  • AZEVEDO, Valéria Silva Vicente de (org.). Iconografia paulistana em coleções particulares. São Paulo: Sociarte, 1999.
  • CAMPOFIORITO, Quirino. A Proteção do Imperador e os pintores do Segundo Reinado: 1850 - 1890. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. 80 p., il. color. (História da pintura brasileira no século XIX, 4).
  • CAVALCANTI, Ana M.T. Belmiro de Almeida, Oscar Pereira da silva e o polêmico concurso para Prêmio de Viagem em 1887. In: XXVI Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte. São Paulo, 2006. Disponível em: http://ana.canti.googlepages.com/congressos.
  • DEZENOVEVINTE: uma virada no século. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1986.
  • DUTZMANN, Maria Olimpia Mendes (coord.). Acervo artístico-cultural do Palácio do Governo do Estado de São Paulo. Curadoria Radhá Abramo; texto Marta Rossetti Batista, Ruth Sprung Tarasantchi, Wolfgang Pfeiffer, Cleide Santos Costa Biancardi, Serafina Borges do Amaral, Stella Teixeira de Barros. São Paulo, 1989. 152p. il. color, p.b.
  • FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
  • KLINTOWITZ, Jacob. Coleção Aldo Franco. Versão em inglês Carolyn Brisset. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 2000. (Coleções).
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • MARINHAS em grandes coleções paulistas. Curadoria John Lionel Toledano. São Paulo: Sociarte, 1998.
  • MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte do século XIX. Curadoria Luciano Migliaccio, Pedro Martins Caldas Xexéo; tradução Roberta Barni, Christopher Ainsbury, John Norman. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000.
  • MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Negro de corpo e alma. Curadoria Emanoel Araújo, Maria Lúcia Montes, Carlos Eugênio Marcondes de Moura; tradução Christopher Ainsbury, Denise Kato, Doris Hefti, Douglas V. Smith, Eduardo Hardman, Eugênia Deheinzelin, Grant Ellis, H. Sabrina Gledhill, John Norman, Katica Szabó, Lilian Escorel, Regina Alfarano, Ricardo Gomes Quintana, Robert Slenes, Carlos Galvão, Suzanne Oboler, Elitza Bachvarova, Thomas William Nerney. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo : Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000.
  • MOSTRA itinerante do acervo do Margs.Porto Alegre: Margs, [2000].
  • O DESEJO na Academia: 1847-1916. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1991. 136 p., il. p.b. color.
  • O MUSEU de Arte do Rio Grande do Sul. Edição Fábio Luiz Borgatti Coutinho. São Paulo: Banco Safra, 2001.
  • O RETRATO na coleção da Pinacoteca. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1976.
  • PINACOTECA do Estado de São Paulo: 1970. Curadoria Carlos von Schmidt, Donato Ferrari, Paulo Mendes de Almeida, Delmiro Gonçalves. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1970. 12 p. Exposição realizada no período de dez. 1970 a fev. 1971.
  • REIS JÚNIOR, José Maria dos. História da pintura no Brasil. Prefácio Oswaldo Teixeira. São Paulo: Leia, 1944.
  • RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1941. (Brasiliana. Série 5ª: biblioteca pedagógica brasileira, 198).
  • SILVA, Oscar Pereira da. Oscar Pereira da Silva: aquarelas. São Paulo: Renato Magalhães Gouvêa Escritório de Arte, 1991. , il. color.
  • SOCIARTE (org.). Quatro grandes pintores em São Paulo. Texto José Cornelsen. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, s.d, il. color.
  • TARASANTCHI, Ruth Sprung. Oscar Pereira da Silva. São Paulo : Empresa das Artes, 2006.
  • TARASANTCHI, Ruth Sprung. Pintores Paisagistas: São Paulo 1890 a 1920. São Paulo: Edusp: Imprensa Oficial do Estado, 2002.
  • VALE, Vanda Arantes do. Pintura brasileira do século XIX: Museu Mariano Procópio. 1995. [186] p. Dissertação (Mestrado - História e Crítica da Arte) - Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Rio de Janeiro, 1995.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

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