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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Pintura de Paisagem

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 13.04.2020
Reprodução fotográfica Raul Lima

Trecho de Sena, 1897
Baptista da Costa
Óleo sobre tela, c.i.d.
65,00 cm x 80,00 cm

Gênero pictórico, cujas origens remontam aos planos secundários de retábulos e miniaturas medievais, de paisagens se afirma como especialização artística no século XVII. Jogam papel destacado na definição do gênero artistas flamengos como Salomon van Ruysdael (ca.1600-1670), Meindert Hobbema (1638-1709) e Joachim Patinir (ou Patinier, f. 1524) e...

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Gênero pictórico, cujas origens remontam aos planos secundários de retábulos e miniaturas medievais, de paisagens se afirma como especialização artística no século XVII. Jogam papel destacado na definição do gênero artistas flamengos como Salomon van Ruysdael (ca.1600-1670), Meindert Hobbema (1638-1709) e Joachim Patinir (ou Patinier, f. 1524) e alemães, como Albrecht Altdorfer (ca.1480-1538) por exemplo. Os registros de viagem de Albrecht Dürer (1471-1528) figuram entre as primeiras paisagens realizadas. As paisagens em estilo pitoresco produzidas pelos holandeses - repletas de detalhes e figuras diminutas - convivem com as paisagens ideais concebidas por Annibale Carracci (1560-1609). Estas chamam a atenção pela grandiosidade das composições, no interior das quais localizam-se figuras extraídas de temas religiosos e mitológicos (A Fuga para o Egito, ca.1604). A vertente paisagística inaugurada por Carracci encontra seguidores em Claude Lorrain (1600-1682) e Nicolas Poussin (1594-1665). Canaletto (Giovanni Antonio Canal, 1697-1768) é o mais importante pintor de paisagens do século XVIII. Nos anos de 1720, o pintor se notabiliza pelas tomadas dramáticas de Veneza, em que se destacam efeitos expressivos e contrastes claro-escuros. A partir de meados do século XVIII, a observação da luz natural e a atenção aos elementos atmosféricos dão origem à vistas luminosas e vibrantes, de grande precisão topográfica (O Canal Grande), que se tornarão marca registrada do pintor. Na Inglaterra, a pintura de paisagens se associa às obras pioneiras de Richard Wilson (1713/4-1782) e Thomas Gainsborough (1727-1788).

Se a paisagem ocupa lugar secundário na hierarquia acadêmica até o século XVIII, no século XIX ela se alça ao primeiro plano. Uma das inovações na representação da natureza a partir de então diz respeito à pintura ao ar livre, que se populariza com a invenção da bisnaga descartável para tintas. O contato cada vez mais intenso com a paisagem observada de perto - e o simultâneo desinteresse pelas paisagens alegóricas e míticas - provoca uma renovação no gênero paisagístico. Os nomes de John Constable (1776-1837) e Joseph Mallord William Turner (1775-1851) são as primeiras referências  para a compreensão do desenvolvimento do gênero. Influenciado pelos paisagistas holandeses do século XVII, Constable afasta-se das convenções pictóricas do paisagismo ao representar na tela as mudanças de luz ao ar livre e o movimento das nuvens no céu, em telas como A Represa e o Moinho de Flatford (1811). Sua pintura capta as variações da natureza, recusando a idéia de um espaço universal e imutável. As referências de Turner são outras - a paisagem clássica de C. Lorrain e as perspectivas de Canaletto - mas em suas telas observa-se interesse idêntico pelo espaço atmosférico e pelo fenômeno da luz. Só que nos quadros de Turner a luz explode numa espécie de turbilhão, inundando a tela (Mar em Tempestade, 1840). O grupo de paisagistas franceses reunidos na Escola de Barbizon, sob a liderança de Théodore Rousseau (1812-1867), por sua vez, explora ao limite os aspectos mutáveis do mundo natural. Jean-Baptiste Camille Corot (1796-1875), embora freqüentemente associado ao grupo, se afasta dele sobretudo por uma idealização romântica menor e mais realista. A chave realista encontra em Gustave Courbet (1819-1877) outro grande intérprete.

A pintura de paisagens no século XIX tem no impressionismo expressão destacada. A observação da natureza a partir de impressões pessoais e sensações visuais imediatas, a suspensão dos contornos e dos claro-escuros em prol de pinceladas fragmentadas e justapostas e o aproveitamento da luminosidade e uso de cores complementares, favorecidos pela pintura ao ar livre, são os traços principais da renovação estilística empreendida por Claude Monet (1840-1926), Pierre-Auguste Renoir (1841-1919), Camille Pissarro (1830-1903), entre muitos outros. As paisagens executadas pelos chamados neo-Impressionistas - Georges Seurat (1859-1891) e Paul Signac (1863-1935) - colocam sua ênfase na pesquisa científica da cor, decomposta e recomposta na série de pontos e manchas que cobrem a superfície da tela (Um Domingo de Verão na Grande Jatte, de Seurat, 1886). Paul Cézanne (1839-1906) explora possibilidades abertas pelo impressionismo, embora nunca tenha se inclinado às representações realistas e às impressões fugazes. Sua opção recai sobre a análise estrutural da natureza, por meio de uma pintura ancorada na pesquisa metódica, em que as sensações visuais são filtradas pela consciência. Em A Casa do Enforcado em Auvers (1873), o caráter original de sua pintura se revela: a composição densa, os volumes recortados, a luz que produz um efeito material na tela, sem brilhos nem transparências. As paisagens de Vincent van Gogh (1853-1890), por seu turno, caracterizam-se pelas pinceladas em redemoinho e explosão de cores (Trigal com Ciprestes, 1889 e Estrada com Ciprestes e Estrelas, 1890). As paisagens conhecem novas soluções em Henri Matisse (1869-1954) e André Derain (1880-1954), por exemplo, aquelas realizadas em Collioure, 1905.

Um marco inicial da pintura de paisagens no Brasil pode ser encontrado nos pintores estrangeiros que chegaram ao país com Maurício de Nassau, como Albert Eckhout (ca.1610-ca.1666) e sobretudo Frans Post (1612-1680). A pintura de paisagens encontra forte enraizamento na arte realizada a partir da Missão Artística Francesa, tendo sido explorada por Nicolas Antoine Taunay (1755-1830), Jean-Baptiste Debret (1768-1848), Almeida Júnior (1850-1899), entre outros. Nesse contexto, a pintura ao ar livre e o registro realístico da flora e da fauna nacionais encontram expressão nas obras do pintor alemão Georg Grimm (1846-1887) e, posteriormente, no grupo de artistas ligados a ele, como Antônio Parreiras (1860-1937) e Castagneto (1851-1900). Alguns artistas brasileiros são diretamente associados à pintura de paisagens, como Eliseu Visconti (1866-1944), Benedito Calixto (1853-1927), Francisco Rebolo (1902-1980) e José Pancetti (1902-1958). As paisagens de Minas realizadas por Guignard (1896 - 1962) - com igrejas e festas de São João - assim como aquelas realizadas por Tarsila do Amaral (1886 - 1973) - sejam os desenhos de cidades mineiras, as paisagens do Rio de Janeiro, das regiões interioranas do país ou as telas de São Paulo - ocupam lugar destacado na tradição paisagística nacional.

Obras 13

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Reprodução fotográfica autoria desconhecida

A Derrubada

Óleo sobre tela
Reprodução fotografica Romulo Fialdini

As Lavadeiras

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Paisagem

Óleo sobre tela

Fontes de pesquisa 8

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  • ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução Denise Bottmann, Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
  • BATISTA, Marta Rossetti e LIMA, Yone Soares de. Coleção Mário de Andrade: artes plásticas. 2. ed. São Paulo: USP/IEB, 1998.
  • CHILVERS, Ian (org.). Dicionário Oxford de arte. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
  • DICIONÁRIO da Pintura Moderna. Tradução Jacy Monteiro. São Paulo: Hemus, 1981. 380 p., il. p.b.
  • LEVEY, Michael. Pintura e escultura na França, 1700-1789. São Paulo: Cosac & Naify, 318 p, il.p&b. color.[Pelican History of Art].
  • MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte moderna. Curadoria Nelson Aguilar, Franklin Espath Pedroso, Maria Alice Milliet; tradução Izabel Murat Burbridge, John Norman. São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais/ Fundação Bienal de São Paulo, 2000.
  • NAVES, Rodrigo. O Brasil no ar: Guignard. In: ______. A Forma difícil: ensaios sobre arte brasileira. São Paulo: Ática, 1996. 285 p., il. color.
  • PONS, Maurice & BARRET, André. Patinir ou l'harmonie du monde. Paris: Robert Laffont, 1980, 125 p, il. color.

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