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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Georg Grimm

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 11.09.2024
1846 Alemanha
24.12.1887 Itália / Sicília / Palermo
Reprodução fotográfica Rômulo Fialdini

Vista do Cavalão, 1884
Georg Grimm
Óleo sobre tela, c.i.e.
110,00 cm x 85,00 cm

Johann Georg Grimm (Kempten, Alemanha 1846 - Palermo, Itália 1887). Pintor, professor, decorador. Freqüenta a Academia de Belas Artes de Munique entre 1868 e 1870, onde provavelmente estuda com Karl von Piloty (1826-1886) e Franz Adam (1815-1886). Após uma viagem pela Itália, Grécia, Turquia, Palestina e norte da África, dirige-se em 1878 para o...

Texto

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Johann Georg Grimm (Kempten, Alemanha 1846 - Palermo, Itália 1887). Pintor, professor, decorador. Freqüenta a Academia de Belas Artes de Munique entre 1868 e 1870, onde provavelmente estuda com Karl von Piloty (1826-1886) e Franz Adam (1815-1886). Após uma viagem pela Itália, Grécia, Turquia, Palestina e norte da África, dirige-se em 1878 para o Brasil. Realiza freqüentes viagens para o interior do Rio de Janeiro e Minas Gerais, e produz estudos de paisagens e fazendas de café. De 1882 a 1884, torna-se professor interino da cadeira de paisagem, flores e animais da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba). Em meados de 1884, rompe com a Aiba devido às crescentes divergências com a diretoria e outros professores, provocadas pela sua descrença na metodologia de ensino da instituição. Reúne então um grupo de artistas, mais tarde conhecido como Grupo Grimm, integrado por Castagneto (1851-1900), Caron (1862-1892), Garcia y Vasquez (ca.1859-1912), Francisco Ribeiro (ca.1855-ca.1900), Antônio Parreiras (1860-1937), França Júnior (1838-1890) e Thomas Driendl (1849-1916), com quem exercita a prática da pintura ao ar livre. Entre 1885 e 1886, viaja por cidades do Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde realiza obras por encomenda. Em 1887, retorna à Europa.

Análise

Johann Georg Grimm, filho de carpinteiro, na juventude trabalha como pastor de cabras e exerce profissões ligadas ao artesanato, entre elas pintura de paredes de residências. Freqüenta a Akademie der Bildenden Künste [Academia de Artes Visuais], em Munique entre 1868 e 1870. Segundo o historiador Carlos Maciel Levy (1951), é possível que tenha sido aluno dos importantes mestres de Munique Karl von Piloty e Franz Adam. Em 1870, participa como militar da Guerra Franco-Prussiana, ocasião em que se torna amigo do combatente e pintor Thomas Driendl, que em 1881 também se transfere para o Rio de Janeiro. Após uma viagem pela Itália, Grécia, Turquia, Palestina e norte da África, em 1878, Grimm vem para o Brasil.

Ao chegar, trabalha com o decorador alemão Friedrich Anton Steckel pintando paredes de residências. Em 1882, a Sociedade Propagadora das Belas Artes organiza pela primeira vez uma exposição pública fora da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), realizada no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Grimm participa com mais de 100 trabalhos, - a maioria pintada fora do Brasil -, que representam cerca de um quarto de todas as obras expostas. Entretanto, essas pinturas foram perdidas e pouquíssimas são hoje conhecidas. Segundo Gonzaga Duque (1863-1911), crítico contemporâneo ao pintor: "Em duas, três ou cinco horas fazia-se, em frente de suas telas, uma viagem ao redor do mundo. A natureza dos países em que Jorge Grimm esteve nos aparecia irradiante de luz e de cor, diante dos nossos olhos vadios, acostumados às tintas pálidas, anêmicas, miseravelmente doentias da maior parte de nossos paisagistas". Viaja freqüentemente para o interior do Rio de Janeiro e Minas Gerais, e produz estudos de paisagens e fazendas de café com intuitos documentais. Sua pintura apresenta forte preocupação com a luminosidade e a observação da natureza. Embora as telas de Grimm representem enorme quantidade de detalhes, a ênfase na descrição não torna sua pintura fria e sem vida.

Com sucesso na exposição, recebe convite para lecionar na Aiba, como professor interino da cadeira de paisagem, flores e animais, cargo que ocupa de 1882 até 1884. Ao declarar que suas aulas seriam ao ar livre e que os alunos deveriam pintar paisagens diante da natureza, Grimm rompe com o ensino acadêmico. Pelas crescentes divergências com a diretoria e outros professores, principalmente por causa de sua descrença na metodologia da instituição, sai da Aiba. Muda-se para Niterói e a partir de então reúne um grupo de artistas, conhecido como Grupo Grimm, com quem pinta ao ar livre. Do grupo participam alguns alunos da Aiba, entre eles Castagneto, Caron, Garcia y Vasquez, Francisco Ribeiro, Antônio Parreiras, França Júnior, além do amigo e compatriota Thomas Driendl, que eventualmente o substitui.

O trabalho de Grimm como professor revoluciona o ensino da pintura de paisagem, mas suas telas, apesar de apresentarem uma profunda compreensão do tema, são relativamente convencionais - como vemos na maneira detalhada e fiel em Vista do Rio de Janeiro Tomada da Rua do Senador Cassiano em Santa Teresa (1883) - e não representam uma mudança tão profunda quanto a de suas aulas. Isso é perceptível mesmo evitando comparações com pintores europeus impressionistas do mesmo período que também realizam pintura ao ar livre.

Em 1882, com Thomas Driendl, faz a decoração do Liceu Literário Português, no Rio de Janeiro, destruído posteriormente por um incêndio. Em 1884, na Exposição Geral de Belas Artes, é premiado, com Driendl e Castagneto, com a 1ª medalha de ouro. Outros alunos de Grimm como Vasquez, Caron e França Júnior também recebem prêmios, o que representa uma grande vitória e consagração do Grupo Grimm. Três anos depois, já com problemas de saúde por causa da tuberculose, após visitar Parreiras, viaja para a Itália, passa por Tunis e Sicília e chega a Palermo, onde falece.

Obras 16

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Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Paisagem

Óleo sobre tela

Exposições 34

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Fontes de pesquisa 14

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
  • BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. O Brasil dos viajantes: A construção da paisagem. São Paulo: Metalivros; Salvador: Fundação Emílio Odebrecht, 1994. v.3.
  • BERGER, Paulo (org.). Pinturas e pintores do Rio antigo. Apresentação de Sérgio Sahione Fadel. Textos de Paulo Berger, Herculano Gomes Mathias e Donato Mello Júnior. Rio de Janeiro: Kosmos, 1990.
  • CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
  • Jorge Grimm. Revista Illustrada, Rio de Janeiro, Anno 13, nº 482, p.2, 28 jan. 1888. In: HEMEROTECA Digital Brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2021. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/332747b/3551. Acesso em: 31 out. 2021.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LEVY, Carlos Roberto Maciel. O Grupo Grimm: paisagismo brasileiro no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1980.
  • MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte do século XIX. Curadoria Luciano Migliaccio, Pedro Martins Caldas Xexéo; tradução Roberta Barni, Christopher Ainsbury, John Norman. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000.
  • PEIXOTO, Maria Elizabete Santos. Pintores alemães no Brasil durante o século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1989.
  • SOUZA, Wladimir Alves de. Aspectos da arte brasileira. Rio de Janeiro: Funarte, 1981.

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