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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Antônio Parreiras

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 30.01.2024
20.01.1860 Brasil / Rio de Janeiro / Niterói
17.10.1937 Brasil / Rio de Janeiro / Niterói
Reprodução fotográfica José Francheschi

A Tarde, 1887
Antônio Parreiras
Óleo sobre tela, c.i.d.
200,00 cm x 130,00 cm

Antônio Diogo da Silva Parreiras (Niterói, Rio de Janeiro, 1860 - Niterói, Rio de Janeiro, 1937). Pintor, desenhista e ilustrador. Inicia estudos artísticos como aluno livre na Academia Imperial de Belas Artes - Aiba, no Rio de Janeiro, em 1883, onde permanece até meados de 1884. Neste período freqüenta as aulas de paisagem, flores e animais, di...

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Biografia

Antônio Diogo da Silva Parreiras (Niterói, Rio de Janeiro, 1860 - Niterói, Rio de Janeiro, 1937). Pintor, desenhista e ilustrador. Inicia estudos artísticos como aluno livre na Academia Imperial de Belas Artes - Aiba, no Rio de Janeiro, em 1883, onde permanece até meados de 1884. Neste período freqüenta as aulas de paisagem, flores e animais, disciplina ministrada por Georg Grimm (1846 - 1887). Por discordar do ensino oferecido, desliga-se da Aiba e segue seu antigo professor, passando a integrar o Grupo Grimm ao lado de Castagneto (1851 - 1900), Caron (1862 - 1892), Garcia y Vasquez (ca.1859 - 1912), entre outros, dedicando-se à pintura ao ar livre. Em 1888, viaja para a Itália e durante dois anos freqüenta a Accademia di Belle Arti di Venezia [Academia de Belas Artes de Veneza], tornando-se discípulo de Filippo Carcano (1840 - 1910). De volta ao Brasil, em 1890, dá aulas de paisagem na Aiba, mas após dois meses de seu ingresso, desliga-se da instituição por discordar da reforma curricular promovida em novembro daquele ano. No ano seguinte, funda a Escola do Ar Livre, em Niterói, Rio de Janeiro. De 1906 a 1919 viaja freqüentemente a Paris, onde mantém ateliê. Recebe, em 1911, o título de delegado da Sociéte Nationale des Beaux Arts, raramente concedido a estrangeiros. Em 1926, lança seu livro autobiográfico História de um Pintor Contada por Ele Mesmo, com o qual ingressa na Academia Fluminense de Letras. Funda o Salão Fluminense de Belas Artes, em Niterói, em 1929. Em 1941, sua casa-ateliê, na mesma cidade, é transformada no Museu Antônio Parreiras, com o objetivo de preservar e divulgar sua obra.

Análise

O pintor e desenhista Antônio Parreiras ingressa na Academia Imperial de Belas Artes - Aiba em 1883, primeiro como aluno livre e depois como aluno regular. No período em que freqüenta a escola, dedica-se sobretudo às aulas de pintura de paisagem, flores e animais, com o pintor alemão Georg Grimm (1846 - 1887). O professor estimula os alunos a pintar fora dos ateliês da academia. Em 1884, Grimm se desliga da instituição, e seus alunos mais próximos, entre eles Parreiras, Caron (1862 - 1892), Castagneto (1851 - 1900), Garcia y Vasquez (ca.1859 - 1912) e Francisco Ribeiro (ca.1855 - ca.1900), o acompanham. Grimm dá aulas de pintura ao ar livre ao grupo - que seria conhecido como Grupo Grimm - na região de Boa Viagem, em Niterói, Rio de Janeiro. O coletivo representa uma renovação na pintura de paisagem brasileira. Trata o tema com autonomia, foge dos modelos acadêmicos e procura a especificidade do panorama natural brasileiro, com base na observação direta da natureza.

Em 1885, Parreiras realiza suas primeiras exposições, nas quais mostra as paisagens que fez durante as expedições do Grupo Grimm. Com a desarticulação do coletivo, o artista prossegue o aprendizado como autodidata. No ano seguinte, excursiona com o pintor Pinto Bandeira (1863 - 1896) pela serra de Petrópolis, Rio de Janeiro. Lá, realiza paisagens em que o céu é pintado de maneira encrespada, a atmosfera é carregada e a vegetação, selvagem. A partir daí, sua pincelada torna-se mais espessa e seus temas, mais dramáticos. Parreiras pinta cenas em que a natureza aparece com força incontrolável. Essas pinturas obtêm sucesso crescente. Em 1886 o imperador Dom Pedro II (1825 - 1891) adquire o quadro Foz do Rio Icarahy (1885), e no ano seguinte a Aiba compra as telas A Tarde e O Rio de Janeiro Depois da Tempestade.

Esse reconhecimento permite que o artista viaje à Europa em 1888. Desembarca no porto de Gênova e depois de estabelecer-se por um curto período em Roma, fixa residência na cidade de Veneza, matriculando-se como aluno livre da Accademia di Belle Arti di Venezia onde estuda por dois anos, tendo aulas com o professor Filippo Carrano (1840 - 1910). Por meio deste contato Parreiras se entusiasma com a possibilidade de pintar a natureza em mutação, figurando processos efêmeros, como as transformações produzidas pela neblina e pela mudança das condições atmosféricas na paisagem. Suas telas tornam-se mais cheias de figuras e com a pasta de tinta ainda mais espessa. O artista se aproxima de técnicas impressionistas da pintura italiana. É na temporada européia que ele começa a interessar-se pela figura humana e toma contato com a poesia clássica.

Em seu retorno ao Brasil, em 1890, Parreiras é nomeado professor interino da cadeira de paisagem da Aiba, permanecendo no cargo por apenas dois meses. Nesse mesmo ano, a reforma curricular proposta por Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) e Rodolfo Amoedo (1857 - 1941) extingue a disciplina de paisagem e altera o nome da instituição para Escola Nacional de Belas Artes - Enba. No ano seguinte, Parreiras passa a lecionar na Escola do Ar Livre, por ele fundada, em Niterói, com orientação contrária à do ensino oficial. Mantém contato direto com a paisagem e se dedica a capturar a especificidade da paisagem brasileira. Por volta de 1894, suas pinturas se tornam mais claras, demonstrando interesse pela luminosidade tipicamente nacional. Na pintura Sertanejas (1896), aproxima-se da natureza virgem e distante da presença do homem. Nesse trabalho o pintor pretende figurar o vigor de uma flora intocada e tipicamente brasileira, descoberta em seus estudos em expedição nas matas de Teresópolis, Rio de Janeiro.

Entre o fim do século XIX e o início do século XX, Parreiras torna-se um artista consagrado. Ele amplia o leque de temas e deixa de dedicar-se exclusivamente às paisagens. A partir de 1899, recebe encomendas de execução de painéis em alguns palácios e prédios públicos. Incentivado por Victor Meirelles (1832 - 1903), executa pinturas de cenas históricas para o poder público. Entre elas se destacam Proclamação da República, Morte de Estácio de Sá e Prisão de Tiradentes, trabalhos que aumentam sua notoriedade no Brasil. O sucesso lhe proporciona uma vida mais confortável. A partir de 1906, Parreiras vive entre Paris e Niterói. Mantém ateliê na França, onde trabalha e expõe com regularidade. Em 1909, mostra seu trabalho com nu feminino Fantasia, no Salon de la Societé National des Beaux Arts. A repercussão é muito positiva, e esse gênero de pintura se torna um dos principais filões de sua produção. Parreiras é eleito, pelos leitores da Revista Fon Fon, o maior pintor brasileiro vivo em 1925. O artista falece em 1937, em Niterói.

Obras 39

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Reprodução fotográfica José Francheschi

A Tarde

Óleo sobre tela

Exposições 143

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Fontes de pesquisa 18

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LEVY, Carlos Roberto Maciel. Antônio Parreiras: pintor de paisagem, gênero e história (1860-1937). Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1981.
  • LOUZADA, Maria Alice do Amaral. Artes plásticas Brasil 1996: seu mercado, seus leilões. São Paulo: Júlio Louzada, 1996. v. 8.
  • LOUZADA, Maria Alice do Amaral. Artes plásticas Brasil 1997: seu mercado, seus leilões. São Paulo: Júlio Louzada, 1997. v. 9.
  • MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte do século XIX. Curadoria Luciano Migliaccio, Pedro Martins Caldas Xexéo; tradução Roberta Barni, Christopher Ainsbury, John Norman. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000.
  • MUSEU ANTÔNIO PARREIRAS (NITERÓI, RJ). Memória histórica do Museu Antônio Parreiras. Niterói: Museu Antonio Parreiras, [1956?]. (Cadernos de divulgaçao cultural do Museu Antônio Parreiras, 2).
  • MUSEU ANTÔNIO PARREIRAS (Niterói, RJ). Quadros históricos de Antônio Parreiras. Niterói, RJ: Museu Antonio Parreiras, [s.d.]. (Cadernos de divulgaçao cultural do Museu Antônio Parreiras, 1).
  • PARREIRAS, Antônio. História de um pintor contada por ele mesmo: Brasil - França: 1881-1936. Niterói: Diário Oficial, 1943.
  • PERFIL da Coleção Itaú. Curadoria Stella Teixeira de Barros. São Paulo: Itaú Cultural, 1998.
  • PESSANHA, Renato. Envio de materiais do artista Antônio Parreiras [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por enciclopedia@itaucultural.org.br em 25 abr 2023.
  • REIS JÚNIOR, José Maria dos. História da pintura no Brasil. Prefácio Oswaldo Teixeira. São Paulo: Leia, 1944.
  • SALGUEIRO, Valéria. Antônio Parreiras: notas e críticas, discursos e contos: coletânea de textos de um pintor paisagista. Niterói: EdUFF, 2000. 326 p., il. p&b.

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