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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Rodolfo Amoedo

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 16.08.2024
12.12.1857 Brasil / Bahia / Salvador
31.05.1941 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução Fotográfica Autoria Desconhecida

Dorso de Mulher, 1881
Rodolfo Amoedo
Óleo sobre tela
92,00 cm x 65,00 cm

Rodolfo Amoedo (Salvador BA 1857 - Rio de Janeiro RJ 1941). Pintor. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1868. Estuda no Liceu de Artes e Ofícios, com Victor Meirelles (1832 - 1903) e Antônio de Souza Lobo (1840 - 1909), em 1873. No ano seguinte, matricula-se na Academia Imperial de Belas Artes - Aiba e tem aulas com Agostinho da Motta (1824 - 1878)...

Texto

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Rodolfo Amoedo (Salvador BA 1857 - Rio de Janeiro RJ 1941). Pintor. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1868. Estuda no Liceu de Artes e Ofícios, com Victor Meirelles (1832 - 1903) e Antônio de Souza Lobo (1840 - 1909), em 1873. No ano seguinte, matricula-se na Academia Imperial de Belas Artes - Aiba e tem aulas com Agostinho da Motta (1824 - 1878), Victor Meirelles, Zeferino da Costa (1840 - 1915) e Chaves Pinheiro (1822 - 1884). Viaja para Paris em 1879, como pensionista da Aiba, e estuda na Académie Julian e na Ecole National Supérieure des Beaux Arts [Escola Nacional Superior de Belas Artes] de Paris, com os mestres Alexandre Cabanel (1823 - 1889) e Pierre Puvis de Chavannes (1824 - 1898). Retorna ao Brasil em 1887 e realiza sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro, em 1888. Nesse ano é nomeado professor honorário de pintura histórica na Aiba e tem como alunos Baptista da Costa (1865 - 1926), Eliseu Visconti (1866 - 1944), Candido Portinari (1903 - 1962), Eugênio Latour (1874 - 1942) e Rodolfo Chambelland (1879-1967), entre outros. Torna-se vice-diretor em 1893, e professor catedrático honoris causa em 1931. Realiza trabalhos de decoração no Palácio Itamaraty, na Biblioteca Nacional, no Supremo Tribunal Federal e no Supremo Tribunal Militar, no Rio de Janeiro; no Museu do Ipiranga - atualmente Museu Paulista da Universidade de São Paulo - MP/USP, em São Paulo; e no Teatro José de Alencar, em Fortaleza. Após sua morte, parte de sua obra é doada ao Museu Nacional de Belas Artes - MNBA no Rio de Janeiro.

Análise

O pintor Rodolfo Amoedo é um dos responsáveis pela renovação no ensino e na estética acadêmica da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, no fim do século XIX. Apesar de ter uma visão essencialmente tradicionalista da pintura, o artista foi um dos introdutores de correntes artísticas que atualizaram a arte acadêmica, trazendo para o país um realismo burguês menos idealizado nos temas e no tratamento do que nas correntes neoclássicas e românticas predominantes no Brasil até então. No entanto, é visto como um artista ambíguo, que ao mesmo tempo renova e faz a defesa intransigente dos velhos padrões. O crítico e historiador Tadeu Chiarelli diz que "Amoedo surge indeciso entre o papel de herdeiro do academicismo local e aquele de introdutor do realismo burguês (...) curiosamente o artista consegue transformar o seu realismo inicial no único herdeiro possível e intransigente da arte tradicional no país, única sentinela eficaz contra os avanços das vanguardas vindas da Europa".1

O artista tem origem controversa. Alguns dizem que nasce em Salvador, outros contam que é natural do Rio de Janeiro. É certo que vive parte de sua infância na Bahia, possivelmente dos 6 aos 11 anos. Segundo o historiador Quirino Campofiorito, os pais de Amoedo são artistas de teatro.2 Ele vive sem luxo, em meio a dificuldades financeiras. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1868. É admitido no Colégio Pedro II e permanece lá por algum tempo. A falta de dinheiro impede que conclua o curso. Depois disso, o artista trabalha como assistente do pintor-letrista Albino Gonçalves. Só com 16 anos volta a estudar. Ingressa no Liceu de Artes e Ofícios e tem aulas com Costa Miranda (1818 - s.d.), Victor Meirelles (1832 - 1903) e Antônio de Souza Lobo (1840 - 1909), que se torna o seu protetor.

Graças ao apoio desse professor, Amoedo torna-se aluno da Academia Imperial de Belas Artes - Aiba, onde continua a estudar com Victor Meirelles, além de ter aulas com Zeferino da Costa (1840 - 1915), Agostinho da Motta (1824 - 1878) (que o influenciam muito) e Chaves Pinheiro (1822 - 1884). Em 1878 recebe o prêmio de viagem ao exterior da Aiba, por sua tela Sacrifício de Abel. Em 1879, parte para Paris e seguindo conselho de Almeida Júnior (1850 - 1899) matricula-se na Académie Julian. No ano seguinte ingressa na École National des Beaux-Arts, onde freqüenta as aulas de Alexandre Cabanel (1823 - 1889), Paul Baudry (1828 - 1886) e Pierre Puvis de Chavannes (1824 - 1898). Com eles, aprende a usar cores discretas e a pintar com base em um desenho meticuloso, objetivista. Ambas características estarão presentes em sua obra. Nesse período, Amoedo pinta temas tradicionais da academia, buscando retirar a sua carga idealista. Realiza pinturas indigenistas importantes como Marabá (1882) e Último Tamoio (1883). É um momento áureo de sua criatividade. Faz retratos, como em Amuada (1882); nu feminino, como em Dorso de Mulher (1881) e na polêmica Estudo de Mulher (1884); e cenas bíblicas, como A Partida de Jacó (1884) e Jesus em Kafarnaum (1885).

Em 1887, volta ao Rio de Janeiro, onde é nomeado professor de pintura da Aiba. A influência do ambiente acadêmico francês se faz notar tanto em suas concepções estéticas quanto pedagógicas. Seu trabalho se afasta do tom triunfante da pintura oficial da Academia, procurando um tratamento mais discreto, objetivo, que o distancie de temas mitificados. Suas discordâncias dos métodos de ensino da Aiba são expressas em 1888, quando junto com os irmãos Henrique Bernardelli (1858 - 1936) e Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931), Souza Lobo e Zeferino Costa, funda o Ateliê Livre, espaço paralelo de ensino e trabalho de arte, onde os artistas procuram chamar a atenção para a defasagem do ensino acadêmico. Propõem uma modernização curricular, tendo como modelo a Académie Julian.

Em 1889, com a proclamação da República, o grupo é reconhecido e conquista a diretoria da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, antiga Aiba. No novo regime político, Amoedo se torna vice-diretor da Escola, trabalhando com muita dedicação. Tanto na pintura quanto no ensino tem preocupação crescente com as questões técnicas, do métier deixando em segundo plano os temas. Amoedo preocupa-se com a correção do desenho e a suavidade da cor, obedecendo às normas tradicionais de composição. Como professor, ensina com a mesma rigidez. Indica onde as cores devem ser distribuídas na paleta e é rígido com questões da técnica pictórica. Boa parte dos artistas formados pela Enba passa por suas mãos, como Baptista da Costa (1865 - 1926), Eliseu Visconti (1866 - 1944), Candido Portinari (1903 - 1962), Eugênio Latour (1874 - 1942), João Timótheo da Costa (1879 - 1930), Rodolfo Chambelland (1879 - 1967)Carlos Chambelland (1884 - 1950) e Alfredo Galvão (1900 - s.d.).

Amoedo ocupa o cargo de vice-diretor da Enba em 1893 e em 1896. Em 1906, se desentende com o diretor, Rodolfo Bernardelli, e parte para a Europa, afastando-se da Escola até 1918, ano em que re-assume a cadeira de professor ocupando-a até a sua aposentadoria, em 1934. Em 1909, pinta o teto da Sala de Sessão do Supremo Tribunal Federal; um ano depois, faz painéis para a seção de livros raros da Biblioteca Nacional e, em 1916, decora o Theatro Municipal. O artista falece no dia 31 de maio de 1941, com 83 anos de idade. Neste momento, é reconhecido como um dos grandes nomes da arte acadêmica brasileira. Um ano após o seu falecimento, a viúva do artista doa parte do seu acervo para o Museu Nacional de Belas Artes - MNBA. Nos limites do realismo acadêmico poucos artistas se mostraram tão sensíveis à captação da subjetividade burguesa, sobretudo em retratos e cenas de gênero.

Notas

1. CHIARELLI, Tadeu. Rodolfo Amoedo. In: ____________. Arte internacional brasileira. São Paulo: Lemos, 1999. p. 154.

2. CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. p. 188.

Obras 39

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Reprodução Fotográfica Marcel Gautherot

Amuada

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Auto-Retrato

Pastel

Exposições 72

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Fontes de pesquisa 39

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • 30 Mestres da pintura no Brasil: 30 anos Credicard. Curadoria Luiz Marques. São Paulo: Masp, 2001. CAT-G SPmasp 2001/tr
  • ACQUARONE, Francisco. Mestres da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Francisco Alves, s.d.
  • ACQUARONE, Francisco. Mestres da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Francisco Alves, s.d. LR 759.981 A186m
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1982. 709.81 A163a
  • ASPECTOS da paisagem brasileira: 1816-1916. Rio de Janeiro: Funarte, 1977. 30 p. 759.981 M986a
  • BARATA, Frederico. Eliseu Visconti e seu tempo. Rio de Janeiro: Zelio Valverde, 1944.
  • BARATA, Frederico. Eliseu Visconti e seu tempo. Rio de Janeiro: Zelio Valverde, 1944. LR 759.98105 V824b
  • BRAGA, Theodoro. Artistas pintores no Brasil. São Paulo: São Paulo Editora, 1942.
  • BRAGA, Theodoro. Artistas pintores no Brasil. São Paulo: São Paulo Editora, 1942. R703.0981 B813a
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  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5). R703.0981 C376d v.1 pt. 1
  • DUQUE, Gonzaga. Contemporâneos: pintores e esculptores. Rio de Janeiro: Tipografia Benedicto de Souza, 1929.
  • DUQUE, Gonzaga. Contemporâneos: pintores e esculptores. Rio de Janeiro: Tipografia Benedicto de Souza, 1929. LR 709.8104 D946c
  • FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
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  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM. CDR 759.981 L533q
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  • MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte do século XIX. Curadoria Luciano Migliaccio, Pedro Martins Caldas Xexéo; tradução Roberta Barni, Christopher Ainsbury, John Norman. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000.
  • MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte do século XIX. Curadoria Luciano Migliaccio, Pedro Martins Caldas Xexéo; tradução Roberta Barni, Christopher Ainsbury, John Norman. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000. 709.034 M9161a
  • PEDROSA, Mário. Acadêmicos e modernos: textos escolhidos III. Organização Otília Beatriz Fiori Arantes. São Paulo : Edusp, 1998. 701 P372a
  • PEDROSA, Mário. Amoedo, lição de um centenário. In: ______. Acadêmicos e modernos: textos escolhidos III. Organização Otília Arantes. São Paulo: Edusp, 1998.
  • RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1941. (Brasiliana. Série 5ª: biblioteca pedagógica brasileira, 198).
  • RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1941. (Brasiliana. Série 5ª: biblioteca pedagógica brasileira, 198). 709.81 R895p Ed. ilust.
  • SOUZA, Wladimir Alves de. Aspectos da arte brasileira. Rio de Janeiro: Funarte, 1981.
  • SOUZA, Wladimir Alves de. Aspectos da arte brasileira. Rio de Janeiro: Funarte, 1981. 709.81 S729a

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