Antônio de Souza Lobo
![Retrato do Visconde do Rio Branco, 1875 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/000199001013.jpg)
Retrato do Visconde do Rio Branco, 1875
Antônio de Souza Lobo, Carlos Luiz do Nascimento
115,00 cm x 89,00 cm
Acervo do Museu Imperial/IPHAN/MinC (Petrópolis, RJ)
Texto
Biografia
Antônio Araújo de Souza Lobo1 (Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, 1840 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1909). Pintor, professor, restaurador, fotógrafo e cenógrafo. Em 1854, ingressa na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba). Recebe menção honrosa nas Exposições Gerais de 1865 e 1866. Na mostra de 1868 – já fora da Aiba –, apresenta, junto com Antônio José Barbosa de Oliveira, fotografias no concurso de 1866, mostrando os trabalhos e a montagem.
É auxiliar de Carlos Luís do Nascimento (1812-1876), restaurador da Pinacoteca Pública. Em 1867, abre um ateliê de paisagens, retratos e restaurações com o irmão Carlos Alberico de Sousa Lobo, mantido até 1890. A partir de 1868, leciona no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, onde tem como aluno o pintor José Maria de Medeiros (1849-1925), e no Colégio Pedro II. Ganha uma segunda medalha de ouro na Exposição Geral de 1870 e duas primeiras nas ocorridas em 1876 e 1879 (a nomenclatura “segunda” e “primeira” refere-se à colocação do artista na premiação). Até 1874, é cenógrafo do Teatro Provisório, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, publica o texto Belas Artes: Considerações sobre a Reforma da Academia, preocupado com os rumos do ensino no país.
A partir de 1876, ministra aulas no Asilo de Menores Desvalidos, no Rio de Janeiro, onde é professor do pintor Baptista da Costa (1865-1926). Ainda nos anos 1870, funda, com o escultor Almeida Reis (1838-1889) e o arquiteto Rodrigues Monteiro, a associação Acrópolis, que defende a modernização do ensino da arte. No fim da vida, dedica-se à fotografia e à litografia.
Análise
Antônio Araújo de Souza Lobo exerce atividades variadas: é professor, cenógrafo, restaurador e fotógrafo. Em algumas delas, sua atuação é pioneira. Por exemplo, quando registra e mostra em fotografia a montagem da Exposição Geral de 1866. Quando critica os métodos acadêmicos de ensino, preconiza a pintura ao ar livre e o modelo vivo, pouco depois adotados pelo pintor Georg Grimm (1846-1887) fora da academia.
Essas atividades são pouco documentadas e, como pintor, Souza Lobo não deixa marcas importantes. O crítico Gonzaga Duque (1863-1911) diz que ele tem amor pela arte e que, por isso, capricha, conseguindo por vezes fazer bem, sem, contudo, alcançar grande progresso2. Boa parte dos comentadores que o mencionam ressalta que ele se destaca nos retratos, mas não se mostra pintor de grande qualidade3.
Seu quadro mais famoso pertence à coleção do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), presente na exposição Retrospectiva da Pintura no Brasil, de 1948. Trata-se de um retrato de dom Pedro II (1825-1891) adulto. O imperador posa com olhar fixo no horizonte. Detalhes como o brilho dos tecidos e as dobras nas meias são bem cuidados e a cor é quente e viva.
Notas
1 Há divergências quanto às datas dos eventos da vida de Souza Lobo. Este verbete baseia-se nas informações dos livros de Alfredo Galvão e Carlos Roberto Maciel Levy, presentes nas fontes de pesquisa.
2 DUQUE, Gonzaga. A arte brasileira. Rio de Janeiro: H. Lombaerts & Cia, 1888. p. 93.
3 ZANINI, Walter. História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. V. 1, p. 408; CAMPOFIORITO, Quirino. A proteção do imperador e os pintores do Segundo Reinado: 1850 – 1890. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983, p. 22.
Obras 1
Exposições 13
Fontes de pesquisa 17
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- ACQUARONE, Francisco. História das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Americana, 1980.
- ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
- BRAGA, Theodoro. Artistas pintores no Brasil. São Paulo: São Paulo Editora, 1942.
- CAMPOFIORITO, Quirino. A Proteção do Imperador e os pintores do Segundo Reinado: 1850 - 1890. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. 80 p., il. color. (História da pintura brasileira no século XIX, 4).
- CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- DUQUE, Gonzaga. A Arte brasileira: pintura e esculptura. Rio de Janeiro: H. Lombaerts & C., 1888. 254 p.
- FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
- GALVÃO, Alfredo. Subsídios para a história da Academia Imperial e da Escola Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Universidade do Brasil, 1954.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- LEVY, Carlos Roberto Maciel. 150 anos de pintura de marinha na história da arte brasileira. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1982.
- LEVY, Carlos Roberto Maciel. Exposições gerais da Academia Imperial e da Escola Nacional de Belas Artes: período monárquico, catálogo de artistas e obras entre 1840 e 1884. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1990. v.1.
- MORAIS, Frederico. Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: da Missão Artística Francesa à Geração 90: 1816-1994. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.
- REIS JÚNIOR, José Maria dos. História da pintura no Brasil. Prefácio Oswaldo Teixeira. São Paulo: Leia, 1944.
- VIANA, Ernesto da Cunha de Araújo. As artes plásticas no Brasil. Revista do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, tomo LXXVIII, p. 505, 1915. Disponível em: < http://www.ihgb.org.br/rihgb.php?s=20 >. Acesso em: 2 abr. 2011.
- ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
-
ANTÔNIO de Souza Lobo.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa22009/antonio-de-souza-lobo. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7