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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

França Júnior

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.01.2024
19.04.1838 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
27.09.1890 Brasil / Minas Gerais / Poços de Caldas
Reprodução fotográfica Rômulo Fialdini

Morro da Viúva, 1888
França Júnior
Óleo sobre tela
67,50 cm x 97,00 cm

Joaquim José da França Júnior (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1838 - Poços de Caldas, Minas Gerais, 1890). Pintor, dramaturgo, advogado, jornalista, político. Em 1862, reside em São Paulo, e forma-se na Faculdade de Direito de São Paulo. De 1863 a 1867, é secretário da presidência do Estado da Bahia. Em 1873, participa da comissão que represent...

Texto

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Joaquim José da França Júnior (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1838 - Poços de Caldas, Minas Gerais, 1890). Pintor, dramaturgo, advogado, jornalista, político. Em 1862, reside em São Paulo, e forma-se na Faculdade de Direito de São Paulo. De 1863 a 1867, é secretário da presidência do Estado da Bahia. Em 1873, participa da comissão que representa o Brasil na Exposição Universal de Viena. No Rio de Janeiro, em 1880, faz curso de pintura com o aquarelista alemão Benno Treidler (1857 - 1931). Entre 1882 e 1884, freqüenta as aulas de paisagem na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), como amador, estuda com Georg Grimm (1846 - 1887) e participa das excursões do Grupo Grimm para realizar pinturas ao ar livre. Em 1887, exerce o cargo de juiz de órfãos e ausentes da 2ª Vara do Rio de Janeiro. Nesse ano, expõe na casa Glace Elegante, no Rio de Janeiro. Em 1888, viaja para a Europa e ao retornar, no ano seguinte, realiza exposição na Casa De Wilde, na Glace Elegante e no Atelier Moderno. Recebe orientação artística de Caron (1862 - 1892). Paralelamente às atividades como artista, destaca-se como escritor de peças teatrais e colabora com crônicas e crítica de arte nos jornais Correio Mercantil, O Paiz, Gazeta de Notícias e Vida Fluminense.

Análise

Pintar não é a atividade principal de Joaquim José da França Júnior. Ele assiste às aulas da  Aiba como aluno livre e participa da Exposição Geral de Belas Artes como amador. Nos estudos de teatro, sua atividade de paisagista sequer é mencionada.

O crítico Carlos Rubens considera que a pintura é para ele mera recreação1. Segundo o historiador Quirino Campofiorito, sua obra pictórica é sacrificada pela literatura2. Entretanto, para o crítico Gonzaga Duque (1863 - 1911), sua atividade de letrado só serve para destacá-lo positivamente no contexto do Grupo Grimm. O escritor considera que, em face da rudeza de expressão e muda resignação ao trabalho de Georg Grimm, França Júnior seria o verdadeiro artista, capaz de ver, sentir e expressar-se com a emoção e o nervosismo que o mero homem de talento não sente. Ele é, diz, o "typo brasileiro e bem educado, homem de sociedade e de talento perfeitamente culto."3

São essas características que desencadeiam críticas de seu colega pintor Antônio Parreiras (1860 - 1937). Segundo este, França Júnior é vaidoso e irônico como suas comédias; precisa de público para pintar, o que só faz em lugares limpos; e sempre pinta elegantemente vestido4. Isso contrasta com a simplicidade dos outros integrantes do grupo.

Para o historiador Carlos Roberto Maciel Levy, apesar de reduzida, a obra de França Júnior é uma importante manifestação da nova visão da pintura de paisagem5, surgida com o Grupo Grimm, que ressalta o naturalismo sem acentos cromáticos de origem romântica6.

Sua tela Morro da Viúva ilustra bem tal afirmação. É uma bela vista, nada dramática, com vegetação rasteira no primeiro plano, árvores e uma pedreira no plano médio e uma montanha no fundo, deixando ver um céu calmo. Apresenta um bom e elegante desenho, com cores claras e naturais aplicadas por uma pincelada pouco espessa, mas precisa.

A natureza brasileira é muitas vezes opressora para os pintores, por suas cores e texturas exuberantes. Nesse quadro, ela passa uma impressão leve e fresca e não carregada e irônica como de fato podiam ser as peças do artista.

Notas

1. Carlos Rubens in: CAVALCANTI, Carlos; AYALA, Walmir. Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Apresentação de Maria Alice Barroso. Brasília: MDC/INL, 1973-1980. v. 2, p. 206.

2. CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX: a proteção do Imperador e os pintores no Segundo Reinado 1850 - 1890, vol. 4. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983, p. 104.

3. GONZAGA-DUQUE. Arte brasileira. Rio de Janeiro: s. n., 1888, p 212-213.

4. Antônio Parreiras in: LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário Crítico da Pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988, p. 206.

5. LEVY, Carlos Roberto Maciel. O Grupo Grimm: paisagismo brasileiro no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1980, p. 49

6. ZANINI, Walter (Coord.). História Geral da Arte no Brasil. V - II. São Paulo: Instituto Moreira Salles: Fundação Djalma Guimarães, 1983, p. 422.

Obras 2

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Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Paisagem

Óleo sobre tela

Espetáculos 13

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Exposições 13

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Fontes de pesquisa 20

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • ACADEMIA Brasileira de Letras. Disponível em: [http://www. academia. org. br/imortais. htm]. Acesso em 19 jul. 2002.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
  • CAMPOFIORITO, Quirino. A Proteção do Imperador e os pintores do Segundo Reinado: 1850 - 1890. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. 80 p., il. color. (História da pintura brasileira no século XIX, 4).
  • CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • FRANÇA JÚNIOR. Folhetins. Rio de Janeiro: Jacintho Ribeiro dos Santos, 1915. 272p.
  • FRANÇA JÚNIOR. Política e costumes: folhetins esquecidos: 1867-1868. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1957. (Vera Cruz. Série Literatura brasileira, 6).
  • FRANÇA JÚNIOR. Teatro de França Júnior I. Rio de Janeiro: MEC/SNT, 1980. (Clássicos do Teatro Brasileiro, 5).
  • FRANÇA JÚNIOR. Teatro de França Júnior II. Rio de Janeiro: MEC/SNT, 1980. (Clássicos do teatro brasileiro, 5).
  • FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
  • GONZAGA-DUQUE, A arte brasileira. Rio de Janeiro: s.n., 1888.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LEVY, Carlos Roberto Maciel. O Grupo Grimm: paisagismo brasileiro no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1980.
  • LOUZADA, Maria Alice do Amaral. Artes Plásticas Brasil 2002. São Paulo: Júlio Louzada, 2002. v. 13.
  • RAMOS, Ricardo (org.). A Palavra é... cidade. São Paulo: Scipione, 1990.(A palavra é...).
  • REIS JÚNIOR, José Maria dos. História da pintura no Brasil. Prefácio Oswaldo Teixeira. São Paulo: Leia, 1944.
  • RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1941. (Brasiliana. Série 5ª: biblioteca pedagógica brasileira, 198).
  • SOUZA, Wladimir Alves de. Aspectos da arte brasileira. Rio de Janeiro: Funarte, 1981.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

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