Petite Galerie
Texto
Histórico
A Petite Galerie, inaugurada em 1953 pelo pintor Mario Agostinelli - de origem italiana nascido no Peru -, é batizada como "pequena galeria", em francês, em função de seu espaço muito reduzido. Localizada na avenida Atlântica, no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, a galeria tem como objetivo primeiro exibir os trabalhos de seu fundador. Os propósitos se ampliam quando ela é adquirida, em 1954, pelo italiano Franco Terranova. Estudante de literatura e poeta, ele vem para o Brasil em 1947, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), da qual participa como aviador. Radicado inicialmente no Paraná, quando começa a organizar exposições de arte, Terranova fixa residência no Rio de Janeiro em 1953. A vocação humanista e cosmopolita do marchand revela-se no perfil que a Petite Galerie adquire na segunda metade da década de 1950 e, sobretudo nos anos 1960, quando passa a funcionar na praça General Osório, 53, no bairro de Ipanema: torna-se ponto de encontro de intelectuais e artistas, além de um importante espaço para divulgação da arte contemporânea. Entre 1960 e 1970, são realizadas individuais de Emeric Marcier, Milton Dacosta, Maria Leontina, José Pancetti, Frans Krajcberg, Alfredo Volpi e outros. Consolidada no mercado de arte e na vida cultural da cidade na década de 1960, a galeria trabalha com artistas de renome como Di Cavalcanti, Guignard, Glauco Rodrigues e Rubem Valentim. "A Petite Galerie não tinha uma linha apenas", diz o marchand. "Eu tinha simpatia pelos neoconcretos, mas expus arte popular, como carrancas do rio São Francisco e ex-votos". Uma das pessoas mais atuantes no mercado de arte no Brasil até os anos 1980, Terranova é responsável pela descoberta de talentos, como Jac Leirner e Ernesto Neto.
Após o apogeu nos anos 1960, conhece período de instabilidade econômica, que coincide com a saída de José Carvalho, dono das lojas Ducal, em 1971, da sociedade e com a transferência da galeria para a rua Barão da Torre, 224. A fase descrita como "de altos e baixos" tem a ver, entre outros, com o progressivo deslocamento do mercado de arte para São Paulo. A galeria está presente na capital paulista desde 1961, com a abertura de uma filial na avenida Paulista, 1731. Em 1972, Terranova investe em outra filial paulista, na rua Haddock Lobo; e dois anos depois ele se divide entre a Petite Galerie e a Galeria Global, das organizações Globo, na qual assume a programação artística. As dificuldades financeiras da Petite Galerie se aprofundam, e resultam um grande leilão do acervo, de três dias, em 1983. Após o leilão, Terranova cria o Cabaré Voltaire, central de eventos, que permanece dois anos em atividade. O fechamento definitivo da galeria ocorre em 7 de julho de 1988, com um evento batizado por Terranova de O Eterno e o Efêmero, documentado em vídeo, em que as paredes do espaço são totalmente cobertas por pinturas. Nessa ocasião, Terranova é homenageado com grande mostra no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Exposições 173
Fontes de pesquisa 4
- ARCO das rosas: o marchand como curador. Apresentação José Roberto Aguilar; texto Celso Fioravante; trad. Camila Henman Belchior. São Paulo: Casa das Rosas, 2001.
- HOLANDA, Heloisa Buarque de. Quase catálogo 2. Artes Plásticas no Rio de Janeiro 1975 - 1985. Disponível em: [http://acd.ufrj.br/pacc/literaria/quasecatalogo.html]. Acesso: jul. 2006.
- LOURENÇO, Maria Cecília França. Museus acolhem moderno. São Paulo: Edusp, 1999. 293 p., il. p&b. (Acadêmica, 26).
- MORAIS, Frederico. Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: da Missão Artística Francesa à Geração 90: 1816-1994. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.
Como citar
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PETITE Galerie.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/instituicao217671/petite-galerie. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7