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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Maria Leontina

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 02.05.2024
22.07.1917 Brasil / São Paulo / São Paulo
06.07.1984 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Projeções, 1977
Maria Leontina
Têmpera sobre tela, c.i.d.
81,00 cm x 100,00 cm

Maria Leontina Mendes Franco da Costa (São Paulo, São Paulo, 1917 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1984). Pintora, gravadora, desenhista. Destaque como um dos principais nomes da arte moderna brasileira, Maria Leontina transita por diferentes estilos de pintura e prioriza experimentações com cores.

Texto

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Maria Leontina Mendes Franco da Costa (São Paulo, São Paulo, 1917 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1984). Pintora, gravadora, desenhista. Destaque como um dos principais nomes da arte moderna brasileira, Maria Leontina transita por diferentes estilos de pintura e prioriza experimentações com cores.

Nascida em uma tradicional família paulistana, se interessa por pintura depois de visitar uma exposição de Flávio de Carvalho (1899-1973). Inicia a formação artística nas aulas de desenho com Antônio Covello, em São Paulo, em 1938. A aproximação com o ambiente moderno paulistano e a dedicação à pintura se consolidam em 1940, quando frequenta o ateliê de pintura de Waldemar da Costa (1904-1982), cofundador da Família Artística Paulista (FAP). Durante esses anos de estudo, apresenta produção de tendência expressionista próxima à de Flávio de Carvalho e Iberê Camargo (1914-1994). Entre 1946 e 1948, participa do curso de museologia no Museu Histórico Nacional (MHN), no Rio de Janeiro.  Em 1947 participa da exposição 19 Pintores em São Paulo e recebe o segundo prêmio do júri, formado por Anita Malfatti (1889-1964), Di Cavalcanti (1897-1976) e Lasar Segall (1889-1957). Entre os jovens artistas expositores, encontram-se nomes importantes da arte brasileira, todos ligados, naquele momento, à iconografia expressionista. Como afirma a artista em depoimento ao crítico Frederico Moraes (1936): "Eu era expressionista, como quase todos os artistas naquela época".

O trabalho da pintora suscita a atenção intensa da crítica com a série de naturezas-mortas, iniciada em 1949, nas quais se percebe uma reflexão sobre o cubismo. Nessas obras o espaço pictórico autônomo, não preocupado com a representação da realidade, começa a se impor, e as figuras tornam-se cada vez mais sintéticas. 

Em 1951, é convidada pelo psiquiatra e crítico de arte Osório César (1895-1983) para orientar o setor de artes plásticas do Hospital Psiquiátrico do Juqueri. No mesmo ano, organiza uma mostra dos internos no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). Em 1952, com bolsa de estudo do governo francês, viaja para a Europa.

O desenvolvimento sem rupturas de sua pintura chega à abstração geométrica em meados dos anos 1950, com base na depuração dos elementos figurativos. A artista é afetada pela discussão  vigente no Brasil sobre a abstração e pela experiência no exterior, onde provavelmente entra em contato com o movimento construtivo e a pintura abstrata europeia. Relacionadas com as poéticas abstrato-geométricas, estão as séries como Jogos e enigmas, Da paisagem e do tempo, Narrativas e Os episódios. Muitas de suas pinturas evocam o espaço urbano e suas construções. Em obras como Os enigmas (1955), a cidade aparece como construção de formas geométricas que lembra a série Castelos e cidades realizada por Milton Dacosta (1915-1988) a partir de 1955.  A partir da segunda metade dos anos de 1950, a artista apresenta trabalhos com formas geométricas mais rigorosas. 

A fase "construtiva" de Maria Leontina, que dura até 1961, é considerada por diversos críticos como o momento de maior singularidade em seu percurso artístico. Permanecendo à margem das vertentes construtivas brasileiras, a pintora desenvolve uma peculiar "geometria sensível", na qual a rigidez da linha e o rigor matemático da composição são substituídos pela ordenação intuitiva e por formas geométricas imprecisas. Como afirma o crítico Frederico Moraes, nesses trabalhos ocorre "o justo equilíbrio entre expressão e construção, cálculo e emoção". Para o crítico Paulo Venâncio Filho (1953), certo aspecto mágico e espiritual – a que muitos chamam de teor metafísico no sentido de concepção da pintura como apresentação do invisível pelo visível – permeia as estruturas das obras de Maria Leontina, abrandando o senso ordenador mais radical. Não é à toa que o crítico Ferreira Gullar (1930-2016) remete a produção abstrata de Leontina aos trabalhos do pintor suíço-alemão Paul Klee (1879-1940) e do espanhol Joan Miró (1893-1980). Também em relação às cores, a artista, uma das maiores coloristas da arte brasileira, não se restringe aos dogmas construtivos das cores primárias e trabalha com igual destreza tanto tonalidades mais quentes, quanto tons mais sóbrios.

Em 1961, com a série Formas, inaugura nova fase em sua trajetória, na qual as formas passam pelo processo de arredondamento, posteriormente transformadas em manchas. A partir de então, e até o fim da vida, Maria Leontina realiza diversas séries em que ora predomina a abstração, geométrica ou não, ora a figuração sintética de cunho simbólico. Destaca-se a longa série de Estandartes, iniciada em 1963 e considerada "um tema plástico infinito em suas possibilidades de variações de forma, linha e cor", segundo depoimento da artista. Os elementos são reduzidos cada vez mais ao essencial e a atmosfera metafísica e lírica presente desde seus primeiros trabalhos, assim como a qualidade silenciosa de suas pinturas, persistem.

Ao longo da década de 1960, realiza painel de azulejos para o Edifício Copan e vitrais para a Igreja Episcopal Brasileira da Santíssima Trindade, ambos em São Paulo. Inicialmente, sua obra é pautada pelo figurativismo de cunho expressionista, mas paulatinamente passa ao abstrato, sem seguir o rigor da geometria pura. Em 1960, em Nova York, recebe o prêmio nacional da Fundação Guggenheim e, em 1975, o prêmio pintura da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA).

Dona de uma obra marcada pelas abstrações geométricas, Maria Leontina é celebrada pela crítica e considerada como um dos maiores nomes da arte moderna do nosso país.

Obras 37

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Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Auto-Retrato

Óleo sobre madeira
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Composição

Guache sobre papel
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Composição I

Óleo sobre tela

Exposições 274

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Fontes de pesquisa 24

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • 19 Pintores. São Paulo: MAM, 1978. 40p. il. color.
  • AMARAL, Aracy (org.). Arte construtiva no Brasil - Constructive art in Brazil. Tradução Izabel Murat Burbridge. São Paulo: Companhia Gráfica Melhoramentos: DBA Artes Gráficas, 1998. (Coleção Adolpho Leirner).
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Rio de Janeiro: Spala, 1992. 2v.
  • BRASIL Europa: encontros no século XX. Curadoria Marc Pottier, Jean Boghici. Brasília: Caixa Cultural, 2000.
  • CHIARELLI, Tadeu. Arte internacional brasileira. São Paulo: Lemos, 1999.
  • COCCHIARALE, Fernando; GEIGER, Anna Bella. Abstracionismo geométrico e informal: a vanguarda brasileira nos anos cinquenta. Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional de Artes Plásticas, 1987.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • DO SILÊNCIO: vers Leonilson. São Paulo: Galeria Marilia Razuk, 2017. Disponível em: www.galeriamariliarazuk.com.br/exposicoes/do-silencio-vers-leonilson. Acesso em: 29 set. 2021. Exposição realizada de 11 ago. 2017 a 29 out. 2017.
  • ENCONTROS: Maria Leontina. Apresentação de Frederico Morais, Lélia Coelho Frota e Maria. Rio de Janeiro: Espaço Petite Galerie, 1985.
  • EXPOSIÇÃO de Artistas Brasileiros. Rio de Janeiro: MAM, 1952.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LEONTINA, Maria. Maria Leontina. Apresentação Eduardo Alfredo Levy Jr. São Paulo: MAM, 1994. 43 p., il. color., foto.
  • LEONTINA, Maria. Maria Leontina. São Paulo: Galeria Arte Global, 1975. , il. color.
  • LEONTINA, Maria. Maria Leontina. São Paulo: Grifo Galeria de Arte, 1977. il. color.
  • LEONTINA, Maria. Maria Leontina. São Paulo: Petite Galerie, 1961. , 1 foto p&b.
  • LEONTINA, Maria. Maria Leontina: desenho em risco. Curadoria Sérgio Pizoli; texto Sérgio Pizoli. São Paulo: Caixa Cultural, 2009. [124] p., il. L586 2009
  • MILTON DACOSTA/ MARIA LEONTINA: um diálogo. Rio de Janeiro: Centro Cultural do Banco do Brasil, 1999.
  • PINTURA abstrata efeito Bienal: 1954-1963: sala especial. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1989.
  • PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
  • PROJETO Arte Brasileira: abstração geométrica 2. Rio de Janeiro: Funarte. Instituto Nacional de Artes Plásticas, 1988.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

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