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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Anita Malfatti

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 18.10.2024
02.12.1889 Brasil / São Paulo / São Paulo
06.11.1964 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotografica Leonardo Crescenti

O Farol de Monhegan, 1915
Anita Malfatti
Óleo sobre tela, c.i.d.
46,50 cm x 61,00 cm
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ

Anita Catarina Malfatti (São Paulo, São Paulo, 1889 – idem, 1964). Pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora. Uma das mais relevantes artistas brasileiras, Anita tem papel determinante na introdução da estética modernista no país.

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Anita Catarina Malfatti (São Paulo, São Paulo, 1889 – idem, 1964). Pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora. Uma das mais relevantes artistas brasileiras, Anita tem papel determinante na introdução da estética modernista no país.

Inicia seu aprendizado artístico com a mãe, a pintora Bety Malfatti (1866-1952). Em 1909, pinta algumas obras, entre elas a Primeira Tela de Anita Malfatti.

No ano seguinte, viaja à Europa para aperfeiçoar sua formação, e se instala na Alemanha, país que vive uma efervescência do expressionismo. Anita ingressa na Academia Imperial de Belas Artes de Berlim, onde tem aulas de desenho, perspectiva e história da arte. A linha de seus estudos, no entanto, ainda é bastante tradicional.

Ao longo de sua estada na cidade, entra em contato a agitação modernista, e se interessa pelas novas linguagens, ampliadas nas aulas particulares que tem com o professor e pintor alemão Fritz Burger-Mühlfeld (1867-1927). Ligado ao pós-impressionismo alemão, ele lhe oferece possibilidades artísticas que extrapolam as abordagens tradicionais. Anita permanece na Alemanha até 1914, período em que se dedica também ao estudo da gravura

O aprendizado das novas poéticas transparece na produção do período. O contorno clássico prevalece, mas as cores são usadas de modo expressivo e demonstram uma movimentação maior e mais contrastada que a do desenho. Embora não haja conflito com as formas, é perceptível que os elementos operam em dinâmicas distintas. Ao retornar a São Paulo, expõe esses quadros em sua primeira mostra individual, em 1914, no Mappin Stores. 

De 1915 a 1916, reside em Nova York e tem aulas com professores como os pintores americanos George Brant Bridgman (1864-1943), e Homer Boss (1882-1956) na Independent School of Art. A convivência com este professor e o clima vanguardista da escola levam adiante o desenvolvimento da liberdade moderna cultivada na Alemanha. Na mesma época, realiza seus trabalhos mais conhecidos, como O Farol (1915), Torso/Ritmo (1915/1916) e O Homem Amarelo (1915/1916), nos quais, o desenho perde o compromisso com a verossimilhança clássica e ganha sentido mais interpretativo. Por vezes, o contorno grosso e sinuoso apresenta as figuras como uma massa pesada e volumosa. Em outros trabalhos, com o traço mais fechado, a cor é aplainada e compõe retratos e paisagens livres, pela articulação de superfícies em tons contrastantes.

De volta ao Brasil, em 1917, associa a liberdade de compor com formas à crítica nacionalista. Pinturas como Tropical (1917) e Caboclinha (1907) fazem parte desse esforço. Todas essas pinturas são reunidas em sua segunda individual: Exposição de Arte Moderna, em dezembro de 1917. A mostra implica respostas diversas e repercussões decisivas para seu trabalho. Se, por um lado, a exposição rende uma aproximação com os artistas e intelectuais que mais tarde realizam em São Paulo a Semana de Arte Moderna, por outro, Anita vira alvo de uma reação violenta às linguagens vanguardistas. 

As posições contrárias às vanguardas de origem europeia consideram a exposição um desperdício do talento da artista, porque representa a entrega a estrangeirismos deslumbrados e mistificadores. O crítico de maior destaque é o escritor Monteiro Lobato (1882-1948), autor do artigo A Propósito da Exposição Malfatti (1917). O escritor Oswald de Andrade (1890-1954) publica no Jornal do Comércio, em 1918, artigo em defesa da pintora.

Tal reação, para alguns, abala a confiança da artista, causando impacto em sua carreira; para outros, Anita já vem oscilando esquemas formais mais realistas e soluções mais próximas do modernismo internacional. Após 1917, a pintora se aproxima da linguagem tradicional e faz aulas com o acadêmico Pedro Alexandrino (1856-1942), e, com o pintor alemão Georg Elpons (1865-1939).

Encorajada pelos membros do Grupo dos Cinco1, por volta de 1921, Anita se interessa novamente pelas linguagens de vanguarda. A artista expõe 20 trabalhos de cunho modernista na Semana de Arte Moderna de São Paulo (1922)

Em 1923, recebe bolsa do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e viaja a Paris, onde permanece por cinco anos e tem aulas com o pintor francês Maurice Denis (1870-1943). Em sua estada, distancia-se de posições polêmicas da vanguarda, passa a pintar cenas de interiores, como Interior de Mônaco (1925) e La Rentrée (1927), e se aproxima do fauvismo e da simplicidade da pintura primitiva. A artista não nega o modernismo, mas evita o que ele tem de ruptura. 

Volta ao Brasil em 1928, interessa-se por temas regionalistas e recorre às formas tradicionais, como a pintura renascentista e a arte naïf. Leciona desenho e pintura em escolas como Mackenzie, Escola Normal Americana e em seu ateliê. 

Na década de 1930, integra a Sociedade Pró-Arte Moderna (Spam) e, em razão do interesse por uma pintura mais fluente e descompromissada, participa do Salão Revolucionário (1931) e aproxima-se do grupo de pintores da Família Artística Paulista (FAP). Anita se identifica com a busca de uma pintura espontânea, desvinculada de modelos consagrados e do desejo de inovação. A partir da década seguinte amplia sua produção de cenas da vida popular. Nos anos 1950, o popular não é apenas tema, mas também passa a ser incorporado nas formas, influenciado pela arte não culta. 

Embora seja uma das responsáveis pela introdução do modernismo no país, o legado artístico de Anita Malfatti passa por variadas linguagens. O vasto trabalho da artista é movido pelo desejo tanto de experimentação quanto de simplicidade e espontaneidade.

Nota:

1. Grupo fundado em 1922 pelas pintoras Tarsila do Amaral (1886/1973) e Anita Malfatti, e pelos escritores Mário de Andrade (1893-1945), Oswald de Andrade (1890-1954) e Menotti del Picchia (1892-1988).

Obras 57

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Reprodução fotográfica Leonardo Crescenti

A Boba

Óleo sobre tela
Reprodução fotografica Romulo Fialdini

A Estudante

Óleo sobre tela
Reprodução fotografica Leonardo Crescenti

A Floresta

Óleo sobre tela sobre cartão
Reprodução fotografica Paulo Scheuenstuhl

A Japonesa

Óleo sobre tela

Exposições 375

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Fontes de pesquisa 23

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989. R703.0981 P818d
  • ALMEIDA, Paulo Mendes de. De Anita ao museu. São Paulo: Perspectiva : Diâmetros Empreendimentos, 1976. (Debates, 133).
  • AMARAL, Aracy. Artes plásticas na Semana de 22: subsídios para uma história da renovação das artes no Brasil. 4. ed. São Paulo, SP: Perspectiva, 1979. 335 p. (Debates, 27).
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997. R750.81 A973d 2.ed.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Rio de Janeiro: Spala, 1992. 2v. R759.981 A973d v.2
  • BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, São Paulo, 1980. v. 1.
  • BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti no tempo e no espaço. São Paulo: IBM Brasil, 1985.
  • BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti no tempo e no espaço. São Paulo: IBM Brasil, 1985. 759.98106 M248b
  • BATISTA, Marta Rossetti; LOPEZ, Telé Ancona; LIMA, Yvone Soares de (orgs.). Brasil: 1º tempo modernista 1917/25: documentação. São Paulo: IEB: USP, 1972.
  • BRASIL Europa: encontros no século XX. Curadoria Marc Pottier, Jean Boghici. Brasília: Caixa Cultural, 2000.
  • CHIARELLI, Tadeu. Arte internacional brasileira. São Paulo: Lemos, 1999.
  • GRAVURA: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000.
  • HERKENHOFF, Paulo. Arte brasileira na coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem. Versão em inglês Carolyn Brisset, Graham Howells. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Estúdio, 2002.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988. R759.981 L533d
  • LOUZADA, Júlio. Artes plásticas Brasil 1985: seu mercado, seus leilões. São Paulo: J. Louzada, 1984. v. 1. R702.9 L895a v.1
  • LOUZADA, Maria Alice do Amaral. Artes plásticas Brasil 1997: seu mercado, seus leilões. São Paulo: Júlio Louzada, 1997. v. 9. R702.9 L895a v.9
  • MALFATTI, Anita. Anita Malfatti e o seu tempo. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1996. CAT-G M248 1996
  • MALFATTI, Anita. Anita Malfatti e o seu tempo. Tradução H. C. Freire. Rio de Janeiro, 1996.
  • MALFATTI, Anita. Anita Malfatti. São Paulo: Paulo Figueiredo Galeria de Arte, s.d.
  • PERFIL da Coleção Itaú. Curadoria Stella Teixeira de Barros. São Paulo: Itaú Cultural, 1998. IC 708 P438
  • PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

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