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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Pós-impressionismo

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 23.02.2017
Reprodução fotográfica Gerson Zanini

Praça da Sé, 1940
Manoel Martins
Óleo sobre madeira, c.s.e.
50,00 cm x 40,00 cm

Longe de indicar um grupo coeso e articulado, o termo se dirige ao trabalho de pintores que, entre 1880 e 1890, exploram as possibilidades abertas pelo impressionismo, em direções muito variadas. A noção é cunhada pelo crítico britânico Roger Eliot Fry (1866-1934) quando da exposição Manet e os pós-impressionistas, realizada nas Grafton Gallerie...

Texto

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Definição

Longe de indicar um grupo coeso e articulado, o termo se dirige ao trabalho de pintores que, entre 1880 e 1890, exploram as possibilidades abertas pelo impressionismo, em direções muito variadas. A noção é cunhada pelo crítico britânico Roger Eliot Fry (1866-1934) quando da exposição Manet e os pós-impressionistas, realizada nas Grafton Galleries, em Londres, 1910, que incluía pinturas de Paul Cézanne (1839-1906), Vincent van Gogh (1853-1890) e Paul Gauguin (1848-1903), considerados as figuras centrais da nova atitude crítica em relação ao programa impressionista.

O movimento impressionista nunca fora homogêneo; tampouco foram homogêneas as reações a ele. Se isso é verdade, as três exposições pós-impressionistas organizadas por Fry (1910, 1912 e 1913) sugerem convergências estilísticas entre Cézanne, Van Gogh e Gauguin ou, pelo menos, uma tentativa comum dos pintores de alargar o programa impressionista, o que já havia sido tentado por Georges Seurat (1859-1891) e pelos chamados neo-impressionistas. O naturalismo e a preocupação com os efeitos momentâneos de luz, caros aos impressionistas, estão na base de boa parte das restrições feitas ao movimento. Em Seurat e Paul Signac (1863-1935) o rompimento com as linhas mestras do impressionismo verifica-se pelo acento colocado na pesquisa científica da cor, que dá origem ao chamado pontilhismo. Aí, os trabalhos se orientam a partir de um método preciso: trata-se de dividir os tons em seus componentes fundamentais. As inúmeras manchas de cores puras que cobrem a tela são recompostas pelo olhar do observador e, com isso, recupera-se a unidade do tom, longe do uso não sistemático de cores. Um Domingo de verão na Grande Jatte de Seurat, exposta na última mostra impressionista de 1886, anuncia o neo-impressionismo, explicitando divergências no interior do movimento que reuniu Claude Monet (1840-1926), Pierre Auguste Renoir (1841-1919), Edgar Degas (1834-1917) e tantos outros.

Cézanne, ausente da exposição de 1886, está à frente de uma outra via crítica que tem sua ênfase colocada no estudo da estrutura pictórica. É verdade que Cézanne nunca se inclinou às representações realistas e às impressões fugazes exploradas pelos impressionistas.  Sua opção recaiu sempre sobre a análise estrutural da natureza, por meio de uma pintura que apela preferencialmente à mente e à consciência, e não à visão. O conhecimento da realidade em Cézanne não é contemplação, mas pesquisa metódica, em que as sensações visuais são filtradas pela consciência. Já em 1873, em A casa do enforcado em Auvers, exibida na primeira mostra impressionista, o caráter original de sua pintura começa a se revelar: a composição densa, os volumes recortados, a luz que produz um efeito material na tela, sem brilhos nem transparências.

Gauguin descobre a novidade das obras de Cézanne e delas tira proveito particular. Explora, como ele, um estilo anti-naturalista, mas o faz pelo uso de áreas de cores puras e planas, já nas obras que realiza em Pont-Aven (por exemplo, A visão após o sermão- Jacó e o anjo, 1888). A ida do pintor para o Taiti em 1891, abre suas pesquisas à cultura plástica dos primitivos, o que se revela no uso de cores vibrantes e na simplificação do desenho (Ta ma tete; mulheres taitianas sentadas num banco, 1892 e Te tamari no atua; Natividade, 1896).

A convivência e colaboração estabelecida entre Gauguin e Van Gogh - sobretudo a partir de 1888, quando o pintor holandês se instala em Arles - não impede a localização de flagrantes diferenças existentes entre os seus trabalhos. As linhas e cores de Gauguin parecem suaves diante do vigor expressivo dos coloridos de Van Gogh. As pinceladas em redemoinho e a explosão de cores em telas como Trigal com ciprestes (1889) e Estrada com ciprestes e estrelas (1890) - isso para não falar nos célebres Girassóis e Noite estrelada, dessa mesma época - auxiliam a localizar o timbre expressionista da produção de Van Gogh. As três principais figuras associadas ao pós-impressionismo estão na base de distintos movimentos artísticos posteriores. A obra de Cézanne encontra-se na raiz do cubismo de Picasso e Braque. Gauguin, por sua vez, influencia os nabis e o movimento simbolista. Finalmente, Van Gogh marca as orientações expressionistas futuras.

Nos Estados Unidos, as várias correntes do pós-impressionismo são imediatamente incorporadas por artistas como Maurice Brazil Prendergast (1859-1924) e Stuart Davis (1894-1964). Entre nós, parece difícil falar em influências diretas, seja do impressionismo - em alguma medida, localizável em telas de Castagneto (1851-1900) e Eliseu Visconti (1866-1944) - ou do pós-impressionismo, embora a menção dos críticos aos pós-impressionistas apareça de forma localizada, por exemplo, no acento construtivo da pincelada de Milton Dacosta (1915-1988) (associada por alguns a Cézanne), ou nas cores de Anita Malfatti (1889-1964), aproximadas em certas leituras dos tons de Van Gogh e Gauguin. Como todo rótulo, pós-impressionismo auxilia a organizar e classificar as novas tendências da pintura francesa oriundas da renovação estilística empreendida pelo movimento impressionista. Tem a desvantagem, por outro lado, de sugerir convergências e princípios partilhados.

Obras 3

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Reprodução fotográfica Gerson Zanini

Praça da Sé

Óleo sobre madeira

Fontes de pesquisa 4

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  • ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução Denise Bottmann, Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
  • ARTE moderna brasileira: uma seleção da coleção Roberto Marinho. Tradução Stephen Berg. São Paulo: MASP, 1994.
  • CHILVERS, Ian (org.). Dicionário Oxford de arte. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
  • THOMSON, Belinda. Pós-Impressionismo. Tradução Cristina Fino. São Paulo: Cosac & Naify, 1999. 80 p., il. color. (Movimentos da arte moderna).

Como citar

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