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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Jac Leirner

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 14.07.2023
1961 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Pulmão (Múltiplo), 1987
Jac Leirner
Celofane e acrílico

Jacqueline Leirner (São Paulo, São Paulo, 1961). Artista multimídia. Em seu trabalho, coleta e organiza objetos comuns do cotidiano, frequentemente ligados ao consumo, rearranjando-os em novos objetos, que ganham um estatuto de obra artística, e passam a produzir, portanto, outros significados.

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Jacqueline Leirner (São Paulo, São Paulo, 1961). Artista multimídia. Em seu trabalho, coleta e organiza objetos comuns do cotidiano, frequentemente ligados ao consumo, rearranjando-os em novos objetos, que ganham um estatuto de obra artística, e passam a produzir, portanto, outros significados.

Jac Leirner forma-se em artes plásticas em 1984 pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), onde leciona entre 1987 e 1989. Um de seus primeiros trabalhos é a série Os Cem (1987), em que utiliza notas de 100 cruzeiros. Uma das obras dessa série consiste em uma escultura em que as notas são amarradas de modo a formar um círculo, priorizando, assim, traçados geométricos. Ao realizar tal operação, a artista tem a intenção de dar visibilidade a algo ordinário, como o dinheiro, que tem uma função prática de usabilidade no cotidiano mas passa despercebido aos nossos olhos. 

Jac Leirner realiza um longo trabalho de coleta e de organização de objetos banais, o que faz com que uma das características mais importantes de sua produção seja o que alguns chamam de “colecionismo”, mas que pode ser considerada uma prática de inventário. A habilidade de Leirner está não simplesmente na acumulação desses objetos, como faz um simples colecionador, mas nas relações que estabelece entre eles, seguindo critérios como cor, temas e afinidades formais.   

Exemplos dessa prática são as séries Corpus Delicti (1985), e Nomes (1989). A primeira reúne objetos extraídos de aviões e reorganizados de modo a formar novos objetos, como cinzeiros, que são ligados por uma corrente, de maneira a evocar uma joia. Já a segunda une sacolas de museus e de livrarias de arte, formando um tecido, com o qual se cobre salas ou paredes inteiras. A exposição desta instalação em 2018 rende a Leirner o prêmio Wolfgang Hahn, concedido anualmente pelo Museu Ludwig, em Colônia, na Alemanha, sendo a primeira artista sul-americana agraciada com a premiação. 

Também é da década de 1980 uma de suas obras mais importantes, a série Pulmão (1987). Para executá-la, Leirner conservou 1.200 maços de cigarros, após consumir seu conteúdo, e os desmontou, recombinando suas partes semelhantes, que são agrupadas em obras distintas: lacre, papel-cartão, etiqueta de preço, celofane e laminado. 

Com intervenções mínimas, como empilhamento e enfileiramento, a artista obtém como resultado novos objetos, nos quais já não é possível identificar sua matéria-prima: o maço de cigarro. Sobre essa série, o crítico Lorenzo Mammì afirma que ela marca uma etapa importante na produção de Leirner, na medida em que esta se mostra aberta a trabalhar com uma variedade maior de formas e cores dos materiais, indo na contramão da estética minimalista, uma das vanguardas artísticas que influenciam seu trabalho, o que remonta à característica transgressora de sua obra.

Outra série bastante conhecida de Jac Leirner é To and From (1991), na qual ela agrupa envelopes de correspondência entre museus, guardados e cedidos pelo Walker Art Center, em Minneapolis, nos Estados Unidos, onde atua como artista residente no mesmo ano. Nessa série, a artista intercepta a trajetória do objeto, tirando-o de sua circulação cotidiana e inserindo-o na esfera artística, refletindo, assim, sobre o estatuto artístico que a mudança espacial pode atribuir a um objeto qualquer, seja ele qual for. 

Desempenham também esse papel as séries Foi um Prazer (1997), na qual a artista expõe nas paredes cartões de visita de artistas, curadores e galeristas, e Adesivos (2000/2002), em que exibe adesivos de bandas de rock, museus, de livrarias, e revistas, organizados por temas, cores ou formas.

A obra de Jac Leirner dialoga com a de Marcel Duchamp, com as serializações da minimal art e com a arte conceitual, entre outras vertentes, porém, com um acentuado sentido poético e autobiográfico. 

Jac Leirner transforma objetos banais em obras de arte e concede-lhes novos significados. Com sua produção, a artista desempenha papel fundamental na arte contemporânea brasileira, inserindo-a no cenário internacional.

Obras 27

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Reprodução fotográfica Iara Venanzi/Itaú Cultural

Adesivo 0 (to Marcelo)

Papel, adesivo, acrílica, madeira e alumínio
Reprodução fotográfica Erma Estwick

Adesivo 18 (amarelo)

Adesivos, nível de construção e acrílico
Reprodução fotográfica Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Adesivo 45

Acrílico e adesivo sobre nível

Exposições 237

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Mídias (1)

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Jac Leirner - Enciclopédia Itaú Cultural
Sacolas plásticas vazadas, estufadas e costuradas, moedas e notas de dinheiro, cartões de visita, parafernálias de avião, chapas de raio X etc., para a artista multimídia paulistana Jac Leirner, todo e qualquer objeto pode ser transformado em arte: “Não tento representar nada, meu trabalho não é figurativo”, explica. Em sua obra, Leirner usa materiais comuns, utilizados pelas pessoas em seu cotidiano, e explora ao máximo os potenciais plásticos de cada objeto, deslocando o significado do que é consumido para um status artístico de minimal art a partir de novas propostas de conexões e agrupamentos. De formação em arte moderna, seu trabalho tem referência na arte conceitual, que privilegia a ideia e não a obra executada: “O que sobra é o vazio, que é o próprio trabalho”, define a artista.

Produção: Documenta Vídeo Brasil Captação, edição e legendagem: Sacisamba Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada) Locução: Júlio de Paula (terceirizado)

Fontes de pesquisa 38

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  • 15 ARTISTAS brasileiros. Curadoria Tadeu Chiarelli; tradução Izabel Murat Burbridge. São Paulo: MAM, 1996.
  • A ARTE brasileira no mundo: uma trajetória: 24 artistas brasileiros. São Paulo: Dan Galeria, 1993. 24p. il. color.
  • ALÉM do arco íris. Curadoria e texto Per Hovdenakk. São Paulo: FAAP, 1998.
  • AMÉRIQUES Latines: art contemporain. Tradução Maryvonne Lapouge Petorelli, John Tyler Tuttle; texto Sheila Leirner. Paris: Hôtel des Arts, 1992. 50 p., il.
  • ARTE e artistas plásticos no Brasil 2000. São Paulo: Meta, 2000.
  • ARTE suporte computador. Organização Solange Lisboa e Antonio Ruete. São Paulo: Casa das Rosas, 1997.
  • BIENAL BRASIL SÉCULO XX, 1994, São Paulo, SP. Bienal Brasil Século XX: catálogo. Curadoria Nelson Aguilar, José Roberto Teixeira Leite, Annateresa Fabris, Tadeu Chiarelli, Maria Alice Milliet, Walter Zanini, Cacilda Teixeira da Costa, Agnaldo Farias. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1994. Disponível em: https://issuu.com/bienal/docs/name049464.
  • BIENAL DE LA HABANA, 7., 2000, Habana. Séptima Bienal de Habana. Curadoria Nelson Herrera Ysla, Hilda María Rodríguez, José Manuel Noceda Fernandéz, Ibis Hernández Abascal, Margarita Sánchez Prieto, Magda I. González-Mora, Lourdes Castillo González. Habana: Centro de Arte Contemporâneo Wifredo LAM, 2000.
  • BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 20., 1989, São Paulo. 20ª Bienal Internacional de São Paulo. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1989. Exposição realizada no período de 14 out. a 10 dez. 1989. Disponível em: https://issuu.com/bienal/docs/20___bienal_de_s__o_paulo_-_vol._i_.
  • BRANCO Dominante. São Paulo: Galeria de Arte São Paulo, 1992. il p.b.
  • BRASIL. Plural y singular. Curadoria Laura Buccellato, Clelia Taricco. Buenos Aires: MAMba, 2000.
  • BRASIL: la nueva generación. Tradução Maria Elvira Iriarte. Caracas: Fundación Museo de Bellas Artes, 1991. il. color.
  • CALEGARI, Danilo. Construir, habitar, demorar: as descontinuidades da obra de Jac Leirner. Revista Ciclos, v. 3, n. 7, 2016. Disponível em: http://revistas.udesc.br/index.php/ciclos/article/view/9466/6531. Acesso em: 22 mar. 2020.
  • CHIARELLI, Tadeu. Arte internacional brasileira. São Paulo: Lemos, 1999.
  • CHIARELLI, Tadeu. Jac Leirner. Galeria: Revista de Arte, São Paulo, n. 16, p. 101-103, 1989.
  • DEFINING the nineties: consensus-making in New York, Miami, and Los Angeles. Curadoria Bonnie Clearwater; texto Michael Duncan, Bonnie Clearwater, Allan Schwartzman. Miami: Museum of Contemporary Art, 1996. 128 p., il. color.
  • EXPOSIÇÃO BRASIL-JAPÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA, 9., 1990, São Paulo. 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea. Curadoria Wesley Duke Lee, Arcangelo Ianelli, Dudu Santos. São Paulo: Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas, 1990. 86 p., il. p&b.
  • Exposição Brasil-Japão de arte contemporânea 1990. CAT-G Spfbjap 1990/n;
  • GONÇALVES, Marcos Augusto. Jac Leirner aborda uso de drogas em exposição e critica ativismo nas artes. Folha de S. Paulo, 22 jul. 2018. Ilustríssima. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2018/07/jac-leirner-aborda-uso-de-drogas-em-exposicao-e-critica-ativismo-nas-artes.shtml. Acesso em: 22 mar. 2020
  • HERKENHOFF, Paulo (org.); PEDROSA, Adriano (org.). Marcas do corpo, dobras da alma. São Paulo: Takano, 2000.
  • JAC Leirner é a primeira sul-americana a receber prêmio de arte. Folha de S. Paulo, 11 abr. 2019. Ilustrada. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/04/jac-leirner-e-primeira-sul-americana-a-receber-premio-de-arte.shtml. Acesso em: 22 mar. 2020.
  • LATIN american sale. New York: Christie's, 2000. 241 p., il. color.
  • LEIRNER, Jac. Jac Leirner. Texto Paulo Herkenhoff; versão em inglês Stephen Berg. São Paulo: Galeria Camargo Vilaça, 1993. [12] p., il color.
  • LEIRNER, Jac. Jac Leirner. Tradução Nelson Ascher; texto Guy Brett. São Paulo: Galeria Millan, 1989. [36] p., il. p&b color.
  • LEIRNER, Jac. Jac Leirner: ad infinitum. Curadoria e coordenação Ligia Canongia; texto Ligia Canongia, Lisette Lagnado, Lorenzo Mammì, Bruce W. Ferguson, Guy Brett, Ariel Jiménez, Feffrey Deitch, Michael Corris. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 2002. 223 p., il. p&b color.
  • LEIRNER, Jac. [Currículo]. Enviado pela artista em 26 de out. 2005.
  • LIMA, Pedro Ernesto Freitas. Exposição e ocultação: um olhar sobre a obra de Jac Leirner. In: COLÓQUIO DO COMITÊ BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA ARTE, 36., 2016. Anais… Campinas: Unicamp, 2016. Disponível em: http://www.cbha.art.br/coloquios/2016/anais/pdfs/3_pedro%20ernesto.pdf. Acesso em: 22 mar. 2020.
  • MATTOS, Armando (coord. ). Anos 80: o palco da diversidade. Curadoria Armando Mattos, Marcus de Lontra Costa. Rio de Janeiro: MAM, 1995.
  • MONACHESI, Juliana. Jac Leirner reinventa-se com “Little Lights”. Folha de S. Paulo, 11 nov. 2006. Acontece. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/acontece/ac1111200601.htm. Acesso em: 22 mar. 2020.
  • MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte contemporânea. Curadoria geral Nelson Aguilar; curadoria Nelson Aguilar, Franklin Espath Pedroso; tradução Arnaldo Marques, Ivone Castilho Benedetti, Izabel Murat Burbridge, Katica Szabó, John Norman. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo : Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000.
  • NEVES, José Alberto Pinho (org.). América. Curadoria José Alberto Pinho Neves; tradução Maria Clara Castellões de Oliveira, Maria Dalila Cruz, Maria Lúcia Viana, Graciela Huegas Granato, Sandra Aparecida Faria de Almeida; texto Márcio Doctors. Juiz de Fora: Rona, 1994. [50] p., il. p&b. color.
  • NO limite da forma / Além da forma. Curadoria Mischa Kuball. São Paulo: Casa das Rosas, s.d. folha dobrada, il.
  • POR que Duchamp? Leituras duchampianas por artistas e críticos brasileiros. Texto Vitória Daniela Bousso, Tadeu Chiarelli, Maria Alice Milliet, Agnaldo Farias, Maria Izabel Branco Ribeiro, Paulo Herkenhoff, Celso Favaretto, Stella Teixeira de Barros, Lisette Lagnado, Angélica de Moraes; tradução Izabel Murat Burbridge. São Paulo: Itaú Cultural : Paço das Artes, 1999. 194 p., il. p&b. color.
  • STUDIO UNESP, SESC E SENAI DE TECNOLOGIAS DE IMAGENS (4. : 1996 : São Paulo, SP). 4º Stúdio UNESP, SESC e SENAI de Tecnologias de Imagens. Coordenação Luiz Guimarães Monforte. São Paulo: Unesp, 1996.
  • SÉCULO 20: arte do Brasil. Curadoria Nelson Aguilar, Franklin Espath Pedroso. Lisboa: Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, 2000.
  • TEORIA dos valores. Curadoria e texto Márcio Doctors; texto Paulo Herkenhoff; versão em inglês Peter Lenny. São Paulo: MAM, 1998. 56 p., il. color.
  • TRIDIMENSIONALIDADE: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 1999.
  • XLVII Bienal de Veneza: Jac Leirner, Waltercio Caldas. Curadoria e texto Paulo Herkenhoff; tradução John Norman; texto Lorenzo Mammì, Sônia Salzstein. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1997. 52 p., il. color.

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