Frans Krajcberg
![Conjunto de Esculturas, ca. 1988 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/002182009019.jpg)
Conjunto de Esculturas, 1988
Frans Krajcberg
Pigmento natural sobre raízes, cipós e caules de palmeira
Texto
Frans Krajcberg (Kozienice, Polônia, 1921 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017). Escultor, pintor, gravador e fotógrafo. Autor de obras que têm como característica a exploração de elementos da natureza, destaca-se pelo ativismo ecológico, que associa arte e defesa do meio ambiente.
Nascido na Polônia, Krajcberg forma-se em engenharia e artes pela Universidade de Leningrado. Mais tarde, ao mudar-se para a Alemanha, ingressa na Academia de Belas Artes de Stuttgart, onde é aluno do pintor alemão Willi Baumeister (1889-1955).
Sua carreira artística se inicia no Brasil, onde chega em 1948, procurando reconstruir a vida depois de perder toda a família em um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Reside um curto período no Paraná (isolando-se na floresta para pintar) e, em 1951, participa da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, com duas pinturas. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1956, onde divide ateliê com o escultor Franz Weissmann (1911-2005). Naturaliza-se brasileiro no ano seguinte. Suas pinturas desse período tendem à abstração, predominando tons ocre e cinza. Trabalha motivos da floresta paranaense, com emaranhados de linhas vigorosas.
O artista retorna a Paris em 1958, onde permanece até 1964. Alterna a estada em Paris com viagens a Ibiza, Espanha, onde produz trabalhos em papel japonês modelado sobre pedras e pintados a óleo ou guache. Essas "impressões" são realizadas com base no contato com a natureza e aproximam-se, nas formas, de paisagens vulcânicas ou lunares. Também em Ibiza, a partir de 1959, produz as primeiras "terras craqueladas", relevos quase sempre monocromáticos, com pigmentos extraídos de terras e minerais locais. Como nota o crítico Frederico Morais, a natureza torna-se a matéria-prima essencial do artista.
De volta ao Brasil, em 1964, instala um ateliê em Cata Branca, Minas Gerais. A partir desse momento ocorre em sua obra a explosão no uso da cor e do espaço. Começa a criar as "sombras recortadas", nas quais associa cipós e raízes a madeiras recortadas. Nos primeiros trabalhos, opõe a geometria dos recortes à sinuosidade das formas naturais. Destacam-se as projeções de sombras em suas obras.
Em 1972, passa a residir em Nova Viçosa, litoral sul da Bahia. Amplia o trabalho com escultura, iniciado em Minas Gerais. Intervém em troncos e raízes, entendendo-os como desenhos no espaço. Essas esculturas fixam-se no solo ou buscam libertar-se, direcionando-se para o alto. A partir de 1978, atua como ecologista, luta que assume caráter de denúncia em seus trabalhos: "Com minha obra, exprimo a consciência revoltada do planeta"1. Krajcberg viaja constantemente para Amazônia e Mato Grosso, e registra, por meio da fotografia, desmatamentos e queimadas em imagens dramáticas. Dessas viagens, retorna com troncos e raízes calcinados, que utiliza em esculturas.
Na década de 1980, inicia nova série de "gravuras", que consiste na modelagem em gesso de folhas de embaúba e outras árvores centenárias, impressas em papel japonês. Também nesse período, realiza a série Africana, utilizando raízes, cipós e caules de palmeiras associados a pigmentos minerais. Krajcberg sempre fotografa suas esculturas, muitas vezes tendo o mar como fundo.
O Instituto Frans Krajcberg, em Curitiba, é inaugurado em 2003, recebendo a doação de mais de uma centena de obras do artista. Krajcberg, ao longo da carreira, mantém-se fiel a uma concepção de arte relacionada à pesquisa e utilização de elementos da natureza. A paisagem brasileira, em especial a floresta amazônica, e a defesa do meio ambiente marcam toda sua obra.
Nota
1. Citado em FRANS Krajcberg revolta. texto Frederico Morais; fotografia André Morain, Paulo Scheüenstuhl; projeto editorial Márcia Barroso do Amaral; versão em inglês Carolyn Besset, Derrick Phillips; apresentação Pierre Restany. Rio de Janeiro, RJ: GB Arte, 2000. p. 165.
Obras 33
A Flor do Mangue
Abstração (Tronco)
Após Queimada
Auto-Retrato
Composição
Exposições 358
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27/9/1951 - 12/10/1951
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20/10/1951 - 23/12/1951
Mídias (2)
Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 18
- ARTE moderna brasileira: uma seleção da coleção Roberto Marinho. Tradução Stephen Berg. São Paulo: MASP, 1994. p. 134.
- AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
- BONI, Zé de. Verde lente: fotógrafos brasileiros e a natureza. São Paulo: Empresa das Artes, 1994.
- ESMERALDO / Krajcberg. Fortaleza: Arte Galeria, 1986.
- FRANS Krajcberg natura. texto Pierre Restany et al. Rio de Janeiro, RJ: GB Arte, 2000.
- FRANS Krajcberg revolta. texto Frederico Morais; fotografia André Morain, Paulo Scheüenstuhl; projeto editorial Márcia Barroso do Amaral; versão em inglês Carolyn Besset, Derrick Phillips; apresentação Pierre Restany. Rio de Janeiro, RJ: GB Arte, 2000.
- GRAVURA moderna brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes. Curadoria Rubem Grilo. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1999.
- KRAJCBERG, Frans. Frans Krajcberg. Paris: Grande Halle de la Villette, 1996.
- KRAJCBERG, Frans. Frans Krajcberg: imagens do fogo. Rio de Janeiro: MAM, 1992.
- KRAJCBERG, Frans. Krajcberg. São Paulo: Skultura Galeria de Arte, 1981.
- KRAJCBERG, Frans. Krajcberg. Texto Jayme Maurício. Rio de Janeiro, Galeria Jean Boghici, 1981.
- LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Seis décadas de arte moderna na Coleção Roberto Marinho. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1985.
- MODERNIDADE: arte brasilieira do século XX. Prefácio Celso Furtado; apresentação Pierre Dossa; texto crítico Aracy Amaral, Roberto Pontual. Paris: Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, 1988. 352 p.
- PERFIL da Coleção Itaú. Curadoria Stella Teixeira de Barros. São Paulo: Itaú Cultural, 1998.
- PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
- ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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FRANS Krajcberg.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa10730/frans-krajcberg. Acesso em: 02 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7