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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Glauco Rodrigues

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 12.06.2023
05.03.1929 Brasil / Rio Grande do Sul / Bagé
19.03.2004 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução Fotográfica Ricardo Irineu/Itaú Cultural

Paisagem, 1951
Glauco Rodrigues
Xilogravura
24,20 cm x 33,00 cm
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo

Glauco Otávio Castilhos Rodrigues (Bagé, Rio Grande do Sul, 1929 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004). Pintor, desenhista, gravador, ilustrador, cenógrafo. Com afiado senso de humor, retrata elementos característicos da cultura nacional para questionar estereótipos e explorar a complexidade da história brasileira. 

Texto

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Glauco Otávio Castilhos Rodrigues (Bagé, Rio Grande do Sul, 1929 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004). Pintor, desenhista, gravador, ilustrador, cenógrafo. Com afiado senso de humor, retrata elementos característicos da cultura nacional para questionar estereótipos e explorar a complexidade da história brasileira. 

Começa a pintar, como autodidata, em 1945. Em 1949, tem aulas com o pintor José Moraes (1921-2003), que instala um ateliê coletivo nas proximidades de Bagé, Rio Grande do Sul. Nesse ano, recebe bolsa de estudos da prefeitura bageense e frequenta por três meses a Escola Nacional de Belas Artes (Enba), no Rio de Janeiro.

Em 1951, funda o Clube de Gravura de Bagé, com Glênio Bianchetti (1928-2014) e Danúbio Gonçalves (1925-2019). Fixa-se em Porto Alegre e participa do Clube de Gravura de Porto Alegre, fundado por Carlos Scliar (1920-2001) e Vasco Prado (1914-1998). No período em que frequenta essas associações de gravadores, seus trabalhos são voltados para a representação do homem do campo e para tipos e costumes regionais.

Em 1958, muda-se para o Rio de Janeiro e integra a primeira equipe da revista Senhor como ilustrador. A partir do fim da década de 1950, sua produção se aproxima da abstração, como em Paisagem de Porto Alegre (1957). A tendência se agrava nas aquarelas declaradamente abstratas, realizadas no período em que Rodrigues mora em Roma, entre 1962 e 1965.  

Ao retornar para o Brasil, participa de importantes exposições, como a Opinião 66 no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. No decorrer da década de 1960, volta à figuração e produz obras sob o impacto da arte pop, tratando com humor temas nacionais como a imagem de indígenas, o carnaval, o futebol, a natureza tropical e a história do Brasil. Essa abordagem está presente em Mito (1964/1965) e Pão de Açúcar (1968) e inspira séries como Terra Brasilis (1970) e Carta de Pero Vaz de Caminha (1971).

Além do registro do processo de carnavalização como crítica da cultura visual brasileira, alguns comentadores destacam o caráter hiper-realista do estilo do artista, como no quadro A Juventude (1970). A paisagem brasileira também é um elemento recorrente de suas obras, notada, por exemplo em Icatu-Água Boa (1975).

A postura crítica e bem-humorada também está presente na produção da década de 1980, como em No País do Carnaval (1982) ou Sete Vícios Capitais (1985). Segundo o crítico Roberto Pontual (1939-1994), a obra de Glauco Rodrigues mostra um caráter de "tropicalismo crítico", questionando o contexto social e político brasileiro por meio de personagens identificáveis do passado histórico e empregando uma leve ironia. 

Partindo de fontes fotográficas, postais ou reproduções e considerando a fotografia como fixadora de fatos, Rodrigues reúne na superfície da tela signos de uma realidade que se apresenta como inegavelmente brasileira. Soma-se ainda a constante utilização do verde e do amarelo e da própria bandeira do Brasil. Na opinião de Pontual, o humor e a festa são táticas pelas quais o artista questiona uma série de clichês associados à imagem do país. A metalinguagem ganha forma também pela citação de quadros consagrados, como a figura de O Derrubador Brasileiro (1879), de Almeida Júnior (1850-1899), presente em Abrasileirar-se (1986) e Paz na Tarde (1989), ou a tela Primeira Missa no Brasil (1860) de Victor Meirelles (1832-1903), retomada em obra de mesmo nome, datada de 1980. Na tela A Ira (1985) estão presentes as figuras do afresco Expulsão do Paraíso, do pintor renascentista Masaccio (1401-1428).

Na década de 1980, Rodrigues recebe o Prêmio Golfinho de Ouro Artes Plásticas do governo do estado do Rio de Janeiro e publica o livro Glauco Rodrigues, que reúne toda a sua obra.  Em 1999, recebe o Prêmio Ministério da Cultura Candido Portinari – Artes Plásticas.

Glauco Rodrigues dá forma a aspectos muito característicos da cultura brasileira com ironia e tom provocativo. Estabelecendo diálogos entre presente e passado, o artista justapõe diferentes representações do país e reflete sobre a história nacional.

Obras 25

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Reprodução Fotográfica Paulo Góes

Abaporu

Acrílica sobre tela colada em madepan
Reprodução Fotográfica Paulo Góes

Canibales Brasilis

Acrílica sobre tela colada em madepan

Espetáculos 6

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Exposições 254

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Fontes de pesquisa 26

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • 37° Panorama da Arte Brasileira - Sob as cinzas, brasa. São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2022. Disponível em: https://mam.org.br/exposicao/37o-panorama-da-arte-brasileira-sob-as-cinzas-brasa. Exposição realizada no período de 23 jul. 2022 a 15 jan. 2023. Acesso em: 12 jun. 2023.
  • AMARAL, Aracy. Arte para quê?: a preocupação social na Arte brasileira 1930-1970: subsídio para uma história social da Arte no Brasil. São Paulo: Nobel, 1984.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • AULER, Hugo. Um dos caminhos de uma arte brasileira? Correio Brasiliense, Brasília, n. 7, set. 1977.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
  • DACOLEÇÃO: os caminhos da arte brasileira. São Paulo: Júlio Bogoricin, 1986.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • DUARTE, Paulo Sérgio. Anos 60: transformações da arte no Brasil. Rio de Janeiro: Lech, 1998.
  • Exposição "Atos de revolta: outros imaginários sobre independência": 17 set. 2022 a 26 fev. 2023. ArtSoul, 2023. Disponível em: https://artsoul.com.br/revista/eventos/exposicao-atos-de-revolta-outros-imaginarios-sobre-independencia. Acesso em: 06 jan. 2023.
  • FOLHA ONLINE. Morre no Rio o artista plástico Glauco Rodrigues. Folha de S. Paulo, São Paulo, 19 mar. 2004. Ilustrada. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u42572.shtml. Acesso em: 19 mar. 2004.
  • GRAVURA moderna brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes. Curadoria Rubem Grilo. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1999.
  • GRAVURA: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LOPEZ, Maria Beatriz. Glauco Rodrigues sempre perto da temática gaúcha. Zero Hora, Porto Alegre, n. 13, set. 1977.
  • LOUZADA, Maria Alice do Amaral. Artes plásticas Brasil 1997: seu mercado, seus leilões. São Paulo: Júlio Louzada, 1997. v. 9.
  • OBJETO na arte: Brasil anos 60. Coordenação Daisy Valle Machado Peccinini de Alvarado. São Paulo: FAAP, 1978.
  • PAIXÃO do olhar: instalação, pintura, fotografia e vídeo. Rio de Janeiro: MAM, 1993.
  • PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
  • RODRIGUES, Glauco. Apoteose Tropical: desfile-exposição com pinturas de Glauco Rodrigues. Rio de Janeiro, RJ: Fundação Casa-França Brasil, 1991.
  • RODRIGUES, Glauco. Glauco Rodrigues. São Paulo, SP: Galeria de Arte São Paulo, 1986.
  • RODRIGUES, Glauco. Glauco Rodrigues. Tradução Annette Jenniffer Baughan, Alair Gomes. Rio de Janeiro, RJ: Salamandra, 1989.
  • RODRIGUES, Glauco. Glauco Rodrigues: accuratissima Brasilae Tabula. São Paulo, SP: Galeria de Arte Ipanema, 1974.
  • RODRIGUES, Glauco. Glauco Rodrigues: pinturas e aquarelas. São Paulo, SP: Galeria de Arte São Paulo, 1990.
  • RODRIGUES, Glauco. Un opera nomme Bresil. Paris: Galerie Etienne Dinet, 1990.
  • UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA, BAGÉ, RS. Catálogo Pinacoteca. Bagé, RS: [s.n.], s.d.

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