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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Ernesto Neto

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 05.07.2024
1964 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Foto de Mark Niedermann

GaiaMotherTree, 2017
Ernesto Neto
Crochet de voile de algodão, tapete de malha de algodão com desenho de nozinho, almofadas, bancos de osb, cestas de palha, areia, especiarias, plantas medicinais em vasos de cerâmica, bambu, sementes variadas, pedras.
1.960,00 cm x 3.320,00 cm

Ernesto Saboia de Albuquerque Neto (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1964). Artista plástico da cena brasileira de arte contemporânea. Sua obra se situa entre a escultura e a instalação, destacando-se pelo uso de materiais diversos, pelo caráter lúdico e pelo agenciamento do corpo e do espaço.

Texto

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Ernesto Saboia de Albuquerque Neto (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1964). Artista plástico da cena brasileira de arte contemporânea. Sua obra se situa entre a escultura e a instalação, destacando-se pelo uso de materiais diversos, pelo caráter lúdico e pelo agenciamento do corpo e do espaço.

Inicia a educação em artes na década de 1980 na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage), onde estuda escultura com Jaime Sampaio e João Carlos Goldberg (1947). Realiza ainda cursos de intervenção urbana e escultura com Cleber Machado (1937-2020) e Roberto Moriconi (1932-1993), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio).

Seus trabalhos no início da carreira são marcados pela influência dos artistas José Resende (1945) e Tunga (1952-2016), com a exploração da articulação formal e simbólica entre matérias diversas. Na obra A-B-A (chapa-corda-chapa), de 1987, por exemplo, ele explora a tensão estabelecida entre chapas retangulares de ferro, unidas por uma corda de náilon, optando por procedimentos construtivos simples, que envolvem a articulação desses materiais também com o ambiente circundante.

Ao longo do tempo, abandona gradualmente os elementos construtivos rígidos e passa a buscar materiais mais flexíveis e cotidianos. Na instalação Copulônia (1989), insere pequenas esferas de chumbo em meias de poliamida, que pendem do teto ou se apresentam dispostas no chão. Dessa forma, a obra explora o peso do metal, a plasticidade proporcionada pelas pequenas esferas e a aparente fragilidade do tecido.

Já na segunda metade da década de 1990, passa a realizar esculturas nas quais emprega tubos de malha fina e translúcida, preenchidos com especiarias de variadas cores e aromas: açafrão, urucum, cominho, pimenta-do-reino moída ou cravo em pó. Em algumas obras, os amontoados de temperos são colocados no chão enquanto as extremidades dos tubos de tecido são amarradas no teto, gerando a verticalidade das esculturas e também uma interação com o espaço expositivo. As esculturas fazem alusão ao corpo humano, no tecido que se assemelha à epiderme e nas formas sinuosas que se estabelecem no espaço. Os títulos dos trabalhos reiteram a intenção do artista de situar o corpo humano na centralidade de sua obra: O céu é a anatomia do meu corpo ou Acontece na fricção dos corpos (ambas de 1998).

No fim da década de 1990, passa a usar o mesmo tecido transparente e flexível para criar estruturas penetráveis pelo público. As chamadas Naves são instalações de larga escala, espécies de tendas suspensas que relativizam as noções de dentro e fora da galeria. Segundo a opinião do crítico de arte Moacir dos Anjos (1963), nas naves pode ser percebida a inspiração em trabalhos de Hélio Oiticica (1937-1980) e Lygia Clark (1920-1988).

Ernesto Neto realiza ainda um outro grupo de trabalhos nos quais revela a vontade de capturar o corpo humano no interior das esculturas, como em Humanoides (2001), nas quais o espectador "veste" a escultura, fruindo a sensação de conforto e aconchego. Em trabalhos apresentados entre 2002 e 2003, o artista utiliza basicamente luz e tecidos. Cria superfícies com laicra, sobre as quais o espectador pode caminhar, ficando imerso em campos de cor. O tecido deixa de ser o recipiente para os pigmentos e torna-se simultaneamente matéria e cor.

Ernesto Neto cria espaços de intercâmbio que solicitam do espectador a superação da mera contemplação visual e o engajamento, no ato da fruição, da pluralidade de seus sentidos. A obra experimentada a partir do corpo prevalece no eixo de sua proposta. Presentes em grande parte de sua produção, essas formas que se tocam no espaço, convidando também o público a estabelecer contato com elas, promovem uma experiência de sensualidade e união física que borra a fronteira entre um e outro e estabelece continuidade entre corpos distintos.

Obras 5

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Colônia

Chumbo de caça (esferas de chumbo banhadas de grafite) sobre meia de seda (malha de poliamida)
Foto de Mark Niedermann

GaiaMotherTree

Crochet de voile de algodão, tapete de malha de algodão com desenho de nozinho, almofadas, bancos de osb, cestas de palha, areia, especiarias, plantas medicinais em vasos de cerâmica, bambu, sementes variadas, pedras.
Registro fotográfico João L. Musa/Itaú Cultural

O Corpo da Janela

Lycra, tule e styrofoam

Exposições 698

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Mídias (2)

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Ernesto Neto - Enciclopédia Itaú Cultural
O carioca Ernesto Neto queria ser astronauta. Encontra na arte a melhor forma de se expressar no espaço social na década de 1980. “Eu não pensava em ser artista, queria fazer escultura e pronto”, conta. Interessa-se pela concretude da escultura como possibilidade de intervenção social, em obras de micro e macroformatos feitas de materiais diversos, como ferro, pedras, tecidos, cordas e líquidos. São relações binômias que brincam com a flexibilidade, o volume e o movimento na intenção de provocar a interatividade e o aspecto sensorial no público de suas exposições. “O mundo é feito do choque entre a fantasia e a realidade. A fantasia é o seu desejo, estão implícitas a utopia e a vontade, você quer aquilo, mas a realidade te segura. Vejo escultura em tudo. Nas relações sociais, no fluxo da cidade. Em tudo”, explica.

Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Ernesto Neto: Nós Pescando o Tempo - Investigações (2000)
Trecho do vídeo produzido pela cineasta Karen Harley que revela um encontro do diretor com o artista Ernesto Neto, sua concepção de arte e seu processo de trabalho. Faz parte da série de documentários produzida pelo Itaú Cultural em 2000, como parte da exposição Investigações: O Trabalho do Artista.

Fontes de pesquisa 16

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  • ARTE e artistas plásticos no Brasil 2000. São Paulo: Meta, 2000.
  • BARROS, Regina Teixeira de. Ernesto Neto. Galeria: revista de arte, São Paulo, n. 31, p. 47, 1992.
  • ENTRE o desenho e a escultura. Tradução Alberto Dwek, Noemi Jaffe Cartum. São Paulo: MAM, 1995. 32p. il. color.
  • ERNESTO NETO. Ernesto Neto. Tradução Sarah Bailey. Recife: MAMAM, 2003. 40 p., il. color.
  • ERNESTO NETO. Ernesto Neto. Tradução Stephen Berg. São Paulo: Galeria Camargo Vilaça, 1994. [8] p., il. p&b. color.
  • ERNESTO NETO. Ernesto Neto: o corpo, nu tempo. Santiago de Compostela, Centro Galego de Arte Contemporánea, 2002. 350p. ilus. color.
  • ESCULTURA carioca. Apresentação Lauro Cavalcanti; tradução Paulo Andrade Lemos. Rio de Janeiro: Paço Imperial, 1994. s.p.
  • ESCULTURA plural. Curadoria Ligia Canongia; fotografia Vicente de Mello. Salvador: MAM, 1996. 24 p. Disponível em: http://icaadocs.mfah.org/icaadocs/ELARCHIVO/RegistroCompleto/tabid/99/doc/1110989/language/es-MX/Default.aspx.
  • MACUNAÍMA 89. Apresentação Iole de Freitas, Luíza Interlenghi, Lorenzo Mammì. Rio de Janeiro: Funarte. Instituto Nacional de Artes Plásticas, 1989. [108] p., il. p&b.
  • MATERIAL, immaterial. Sydney: Art Gallery of New South Wales, 1994. 63 p. il.
  • MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte contemporânea. Curadoria geral Nelson Aguilar; curadoria Nelson Aguilar, Franklin Espath Pedroso; tradução Arnaldo Marques, Ivone Castilho Benedetti, Izabel Murat Burbridge, Katica Szabó, John Norman. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo : Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000.
  • NETO, Ernesto. [Currículo virtual]. Disponível em: https://fdag.com.br/app/uploads/2016/11/cv-ernesto-neto.pdf. Acesso em: 2016.
  • POÉTICAS da cor. Versão em inglês Stephen Berg; apresentação Ligia Canongia. Rio de Janeiro: Centro Cultural Light, 1998. 125 p., il. color.
  • SALÃO NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS, 11. , 1989, Rio de Janeiro, RJ. 11º Salão Nacional de Artes Plásticas. Rio de Janeiro: Funarte, 1989.
  • SÉCULO 20: arte do Brasil. Curadoria Nelson Aguilar, Franklin Espath Pedroso. Lisboa: Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, 2000.
  • TRANSPARÊNCIAS. Apresentação Helena Severo; versão em inglês Nicola Lopez. Rio de Janeiro: MAM, 1996. 68 lâms., il. p.b.

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