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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Bruno Barreto

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.01.2024
1955 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Bruno Barreto (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1955). Diretor e produtor. Reconhecido como cineasta que transita bem no mercado nacional e estrangeiro. Filho dos produtores, Lucy (1933) e Luiz Carlos Barreto (1928), fundadores da Produtora LC Barreto, há mais de 40 anos em atividade no país e uma das mais estáveis no cinema brasileiro. Durante a...

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Bruno Barreto (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1955). Diretor e produtor. Reconhecido como cineasta que transita bem no mercado nacional e estrangeiro. Filho dos produtores, Lucy (1933) e Luiz Carlos Barreto (1928), fundadores da Produtora LC Barreto, há mais de 40 anos em atividade no país e uma das mais estáveis no cinema brasileiro. Durante a infância, convive com figuras importantes do cinema novo, como o cineasta Glauber Rocha (1939-1981). Com 11 anos, realiza o primeiro curta-metragem, Três Amigos Não se Separam (1966), com uma câmera antiga dada pela avó, a produtora de cinema Lucíola Villela (1915-2016). Nos anos seguintes, dirige outros curtas Médico e o Monstro (1968), A Bolsa e a Vida (1971) e Emboscada (1971). Aos 17 anos, estreia em longa-metragem com Tati, a Garota (1973), inspirado no conto homônimo do escritor Aníbal Machado (1894-1964). O filme obtém sucesso de público e coloca Bruno Barreto como um dos mais jovens cineastas do país. Em 1974, adapta o romance A Estrela Sobe, do escritor Marques Rebelo (1907-1973). Dois anos depois, dirige a terceira adaptação literária, Dona Flor e seus Dois Maridos (1976), de Jorge Amado (1912-2001). O filme bate recorde de bilheteria brasileira, com mais de 10 milhões de espectadores, marca superada apenas em 2011, com o Tropa de Elite 2 (2010), de José Padilha (1967). Bruno conquista reconhecimento internacional, além de ganhar o prêmio de melhor diretor no Festival de Gramado de 1977.O filme consolida a carreira cinematográfica de Sônia Braga (1950), atriz da telenovela Gabriela, produzida pela TV Globo, em 1975. 

Em 1978, o diretor lança Amor Bandido, seu primeiro longa com argumento original, roteirizado por Leopoldo Serran (1942-2008). Em 1980, adapta a peça do dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980), O Beijo no Asfalto. Em 1983, adapta outra obra de Jorge Amado, Gabriela, produção internacional participação do ator italiano Marcello Mastroianni (1924-1996). 

Seus filmes seguintes são Além da Paixão (1984) e Romance da Empregada (1988), ambos com roteiros originais. No início da década de 1990, muda-se para os Estados Unidos e realiza as produções estrangeiras Assassinato sob Duas Bandeiras (1990), O Coração da Justiça (1992) e Atos de Amor (1996).

Volta ao Rio de Janeiro em 1996 para dirigir O Que é Isso, Companheiro? (1997), baseado no livro de Fernando Gabeira (1941). Em 1998, grava Entre o Dever e a Amizade (1998), quarta produção estadunidense. Em 2000, realiza Bossa Nova. Em 2003, lança seu maior projeto em Hollywood, Voando Alto, produzido pelo estúdio Miramax. Dirige O Casamento de Romeu e Julieta (2004) – uma releitura da obra clássica do dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616) –  e Caixa 2 (2007). Realiza Última Parada 174 (2008), com roteiro de Bráulio Mantovani (1963), baseado na história real do sequestro de um ônibus, ocorrido na cidade do Rio de Janeiro, no ano 2000. 

Um dos diretores brasileiros com maior inserção no cinema internacional, Bruno Barreto realiza filmes que buscam aproximar-se do grande público e adota o estilo narrativo clássico para competir no mercado mundial, sobretudo o estadunidense. Apesar de crescer em ambiente marcado pela cultura cinematográfica do cinema novo, a estética do diretor não se vincula a nenhum movimento e ele experimenta diferentes gêneros, como a comédia, o drama e o erotismo. 

Bruno propõe aproximar obras literárias e cinema, projeto lançado pela Embrafilme na década de 1970, como umas das mais eficazes soluções para os conflitos culturais durante a ditadura militar no Brasil. Conquista fama ao levar para tela três obras da literatura sucessivamente. 

Entre elas, Dona Flor e Seus Dois Maridos, um dos maiores sucessos de público no Brasil. Adaptação do livro de Jorge Amado, é uma comédia irreverente e sensual que retrata os valores e o comportamento dos brasileiros. Ambientado na cidade de Salvador nos anos de 1940, conta a história de Flor (Sônia Braga), esposa bonita e fiel, de classe média, casada com Vadinho [José Wilker (1946-2014)], um malandro típico – mulherengo, jogador e bom de cama – que falece no meio da trama. Um ano depois, a viúva casa-se com o farmacêutico metódico Teodoro Madureira [Mauro Mendonça (1931)]. Após alguns anos de um casamento monótono, Vadinho reaparece para Flor. Ela começa a viver com os dois maridos, um vivo, que dá segurança a ela e o outro, morto (sempre nu), com quem tem uma relação amorosa intensa. 

Rigoroso na forma de filmar e detalhista na construção de cenografia e fotografia, Bruno invade o mundo das convicções burguesas com a excentricidade dos personagens, sobretudo de Vadinho. Ressalta-se também a canção-tema, “O Que Será?”, do músico Chico Buarque, que adquire o mesmo valor cinematográfico para a composição dessa crítica de costumes.Unido a esses elementos, o diretor procura ajustar à realidade brasileira o estilo hollywoodiano, por meio de produção – realizada com seu pai, o produtor Luiz Carlos Barreto –  capaz de dar ao filme gabarito e reconhecimento internacional.

Após a repercussão do filme, Bruno grava roteiros originais e outras adaptações para o cinema. Entre essas, Gabriela, outra obra de Jorge Amado. O filme não conquista o mesmo sucesso do longa anterior. Produzido por empresas estadunidenses, não se preocupa com a ambientação da cidade de Ilhéus de 1925 e prefere enfocar a beleza e a sensualidade de Gabriela, interpretada novamente por Sônia Braga, e sua relação com Nacib (Marcello Mastroianni).

Com o fim do regime militar, a volta da liberdade de expressão indica novos caminhos para Bruno e o cinema brasileiro. Essa perspectiva, porém, é interrompida em 1990, com a extinção da Embrafilme, da Concine e de outros organismos de apoio ao cinema nacional pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello (1949). O diretor muda-se para os Estados Unidos e realiza diversas produções estrangeiras. Em 1996, com o surgimento de um período de novas produções cinematográficas devido a um novo apoio governamental para o mercado – mais conhecido como a retomada do cinema brasileiro –, Bruno regressa ao Brasil para filmar O Que É Isso Companheiro?.

Baseado na obra homônima do político Fernando Gabeira, conta a história do sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, em 1969, por jovens de classe média, pertencentes ao Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8). O filme causa intenso debate por mesclar ficção e realidade e por abrandar, no entender de parte da esquerda brasileira, as atrocidades praticadas pelos militares. Segundo o diretor, esse trabalho não é um documentário, mas uma interpretação ficcional da realidade. Com o longa, o diretor ganha destaque internacional com a indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 1997.

Apesar de morar nos Estados Unidos, Bruno filma no Brasil e usa o país como pano de fundo para diversas obras, como na comédia romântica O Casamento de Romeu e Julieta. O filme mostra as encrencas em que se metem o corintiano viciado pelo time, Romeu [Marco Ricca (1962)], e a palmeirense Julieta [Luana Piovani (1976)]. A partir de um elemento tipicamente brasileiro,o futebol, Bruno inspira-se nos personagens Capuletto e Montecchio da peça de Shakespeare, para contar a história das duas famílias dos jovens apaixonados que não podem sequer pensar num casamento "misto", isto é, entre palmeirenses e corintianos. 

Em Última Parada 174, narra a trajetória de vida de Sandro Nascimento (1978-2000), conhecido pelo sequestro de um ônibus no Rio de Janeiro, em 2000. A ideia do filme parte de inquietações geradas pelo documentário Ônibus 174 (2002), do diretor José Padilha. No filme de Bruno, o sequestro serve de ponto de partida para contar a história de Sandro e desenvolver o mote da perda da inocência. O diretor apropria-se da estética de Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007), utilizando-se de câmeras que acompanham os personagens, diálogos enxutos e planos ousados, sobretudo na primeira parte da trama. Última Parada 174 é selecionado para representar o Brasil na disputa pela indicação de melhor filme estrangeiro no Oscar de 2008.

Com esse filme, Bruno Barreto reafirma a aceitação de suas obras no mercado brasileiro e internacional, com apropriação do jeito hollywoodiano de fazer cinema, alinhado à realidade brasileira. Esse estilo eficiente de fazer filmes garante suporte financeiro e técnico para gerir diversas produções e possibilita a produção de gêneros diversos.

Obras 2

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Espetáculos 1

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Fontes de pesquisa 7

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  • D’AVILA, Roberto. Os Cineastas: conversas com Roberto D’Avila. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2002.
  • FILME B, Portal sobre o Mercado de Cinema no Brasil. Disponível em: http://www.filmeb.com.br/quemequem/html/QEQ_profissional.php?get_cd_profissional=PE54. Acesso em: 28 nov. 2011.
  • NAGIB, Lúcia. O cinema da retomada: depoimentos de 90 cineastas dos anos 90. São Paulo: Editora 34, 2002.
  • RAMOS, Fernão Pessoa; MIRANDA, Luiz Felipe (Orgs). Enciclopédia do cinema brasileiro. São Paulo: Senac, 2000. R791.430981 E56
  • RAMOS, Fernão Pessoa; MIRANDA, Luiz Felipe (Orgs.). Enciclopédia do cinema brasileiro. 2.ed. São Paulo: Senac, 2004.
  • SOARES, Mariza de Carvalho; FERREIRA, Jorge. Dona Flor e Seus Dois Maridos: viagem a um mundo que muda. In: SOARES, Mariza de Carvalho; FERREIRA, Jorge (Orgs.). A história vai ao cinema. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 19-28
  • XAVIER, Ismail. Do texto ao filme: a trama, a cena e a construção do olhar no cinema. In: _____. Literatura, cinema e televisão. São Paulo: Senac: Instituto Itaú Cultural, 2003.

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