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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Luiz Carlos Barreto

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.01.2024
1928 Brasil / Ceará / Sobral
Luiz Carlos Barreto Borges (Sobral, Ceará, 1928). Produtor de cinema, diretor de cinema. Um dos produtores mais importantes do cinema nacional. Fotojornalista, entra na cinematografia como roteirista e diretor de fotografia, mas constroi carreira sólida na produção executiva, ofício que para ele deve ser exercido com ousadia, a fim de fazer film...

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Luiz Carlos Barreto Borges (Sobral, Ceará, 1928). Produtor de cinema, diretor de cinema. Um dos produtores mais importantes do cinema nacional. Fotojornalista, entra na cinematografia como roteirista e diretor de fotografia, mas constroi carreira sólida na produção executiva, ofício que para ele deve ser exercido com ousadia, a fim de fazer filmes de qualidade sobre temas relevantes e que sejam vistos nas salas de cinema do Brasil e do mundo.

Interessado por política, filia-se ao Partido Comunista, em Fortaleza, e escreve no jornal da agremiação. Por sua atuação, é perseguido e, a pedido da família, muda-se para o Rio de Janeiro, onde começa a trabalhar como repórter fotográfico na revista O Cruzeiro. Cobre momentos marcantes da vida nacional, como o golpe civil-militar de 1964 e a subsequente visita do presidente francês Charles de Gaulle (1890-1970) ao país. Entrevista personalidades como Juscelino Kubitschek (1902-1976), Fidel Castro (1926-2016 e Marilyn Monroe (1926-1962).

É por meio de uma reportagem sobre o cineasta então iniciante Glauber Rocha (1939-1981) que Barreto descobre sua vocação cinematográfica. No set de filmagem de Barravento (1961), os dois têm uma longa conversa e Glauber o convida para escrever o roteiro de O Assalto ao Trem Pagador (1962), de Roberto Farias (1932-2018), que marca a estreia de Barreto no cinema, como corroteirista e coprodutor. Começa então um intenso envolvimento com o cinema novo como produtor, distribuidor, participando da criação da Difilm (1965)1, e como diretor de fotografia. 

Na fotografia, obtém resultados expressivos com poucos recursos, como em Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos (1928-2018). Segundo Barreto, nessa produção, o objetivo é valorizar a luz, tratando-a como um personagem que incomoda o homem porque destrói tanto a paisagem como a plantação, mostrando assim um Nordeste diferente do veiculado até então. A intensidade de luz é medida a partir do personagem, do objeto em primeiro plano. Se o fundo ficar extremamente claro, ou escuro demais, isso não é um problema. Para ele, esse jeito de filmar rompe com a fotografia da escola holywoodiana.

Em 1963, com sua esposa, a produtora Lucy Barreto (1934), funda a LC Barreto Produções Cinematográficas. No ano seguinte, eclode o golpe civil-militar, mas a LC segue produzindo e defendendo seus títulos diante dos censores durante o regime (1964-1984), como é o caso de Terra em Transe (1967), de Glauber, no qual Barreto assina a fotografia e também a produção. Sátira política, a obra é interditada, exigindo que Barreto e Glauber falem com o chefe da censura. Após alegarem que a trama fala de um país imaginário, conseguem a liberação.

Os interesses particulares de Barreto se misturam com os trabalhos de sua empresa e os filmes em que atua ao lado de Lucy na produção. Um exemplo é o futebol, em documentários como Garrincha, Alegria do Povo (1965), de Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988), e Isto É Pelé (1974), codireção de Barreto com Eduardo Escorel (1945). O mesmo acontece com a política, presente em sua vida desde a juventude, apresentada em títulos como Memórias do Cárcere (1984), de Nelson Pereira dos Santos (1928-2018), inspirado no livro de memórias de Graciliano Ramos (1892-1953) sobre o período em que é preso por ser considerado subversivo.

A adaptação literária para o universo do cinema se repete na produção de Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), do romance homônimo do escritor Jorge Amado (1912-2001), dirigido por Bruno Barreto (1955). O filme reúne mais de 10 milhões de espectadores e se mantém durante 34 anos como a maior bilheteria do país. Ganha prêmios no Festival de Gramado e concorre no Bafta, importante premiação britânica. Considerada uma superprodução para a época, é exibida em mais de 80 países e ajuda a abrir caminho para o cinema brasileiro no mercado internacional.

A partir dos anos 1980, Lucy passa a participar ativamente das produções da LC, desde o roteiro até a finalização. Enquanto Barreto lida com o lado mais criativo dos trabalhos, cabe a Lucy estudos sobre público, estratégias de mercado e organização, incluindo a criação de uma cartilha sobre o funcionamento de uma produção e a atuação específica de cada técnico. A parceria profissional rende bons frutos, entre eles Bye Bye Brasil (1980), de Cacá Diegues (1940), nomeado ao Palma de Ouro em Cannes, e dois longas que disputam o Oscar de melhor filme em língua estrangeira, O Quatrilho (1995) e O Que É Isso, Companheiro? (1997), dirigidos, respectivamente, por Fábio Barreto (1957-2019) e Bruno Barreto.

Defensor do cinema nacional, Luiz Carlos Barreto trabalha para que os filmes tenham qualidade técnica e artística para conquistar o mercado e o público, mentalidade que o torna um dos maiores ícones do cinema brasileiro.

Nota
1. Empresa criada para tentar colocar nas salas de cinema os filmes em geral pouco comerciais do movimento.

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