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Enciclopédia Itaú Cultural
Cinema

Eduardo Escorel

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 30.01.2024
1945 Brasil / São Paulo / São Paulo
Eduardo Escorel (São Paulo, São Paulo, 1945). Diretor, editor, produtor, roteirista, professor, crítico de cinema. Como diretor, realiza quatro filmes de ficção, e a partir de 1990 concentra-se no cinema documentário, ao qual dedica também sua atividade como professor. Seus documentários apresentam inquietações sociopolíticas aliadas à reflexão ...

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Eduardo Escorel (São Paulo, São Paulo, 1945). Diretor, editor, produtor, roteirista, professor, crítico de cinema. Como diretor, realiza quatro filmes de ficção, e a partir de 1990 concentra-se no cinema documentário, ao qual dedica também sua atividade como professor. Seus documentários apresentam inquietações sociopolíticas aliadas à reflexão sobre a imagem, seus usos e interpretações. Editor de títulos marcantes da filmografia brasileira, desenvolve reflexão sobre a atividade cinematográfica em artigos publicados em jornais e revistas. 

Integrante da segunda geração de cineastas do cinema novo, estuda cinema no curso do cineasta sueco Arne Sucksdorff (1917-2001), e realiza o documentário de cinema direto Bethânia Bem de Perto (1966), seu primeiro filme como diretor, em parceria com o cineasta Júlio Bressane (1946).

O primeiro trabalho profissional, como assistente de direção e editor em O Padre e a Moça (1965), de Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988), inaugura uma carreira de editor que inclui obras como Terra em Transe (1966), com direção de Glauber Rocha (1939-1981), Eles Não Usam Black-tie (1981), de Leon Hirszman (1937-1987) e Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho (1933-2014). Enquanto O Padre e a Moça é um filme de linguagem e edição clássicas, Terra em Transe propõe uma linguagem inovadora, que transgride os princípios formais de edição, e na qual o roteiro do filme não é rigorosamente seguido pelo editor.

Em Lição de Amor (1975), primeiro longa-metragem de ficção, adapta o livro Amar, Verbo Intransitivo (1927), do escritor Mário de Andrade (1893-1945), e recebe o prêmio de melhor diretor do 4º Festival de Gramado. 

No documentário Primeira Página (1982), feito com base em notícia de jornal sobre um desabamento em Petrópolis, podemos notar pela primeira vez as investigações sobre a realidade sociopolítica do Brasil, e também sobre os diversos usos que podem ser dados às imagens, ambas questões centrais nos filmes de Escorel. Por meio dos depoimentos das personagens, que vão do garoto que aparece na fotografia do jornal, aparentemente salvando um bebê do desabamento, ao fotógrafo, o espectador é confrontado com a cruel desigualdade social brasileira e com as diversas interpretações possíveis para uma imagem, refletindo o quanto pode ser iludido por aquilo que os olhos veem.

O documentário seguinte, Chico Antonio – O Herói com Caráter (1983), é um exercício de cinema etnográfico. Obra marcada pela experiência da edição de O Cabra Marcado para Morrer, registra o encontro com Chico Antonio (1904-1993), cantador de coco citado por Mário de Andrade no livro O Turista Aprendiz (1976). É também o filme que coroa a relação de Escorel com a obra de Mário, iniciada na edição de Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade, e retomada na direção de Lição de Amor. 

Participa das iniciativas de organização de sua categoria profissional ao longo das décadas de 1970 e 1980, assumindo a presidência da Associação Brasileira de Cineastas (Abraci), em 1985, e a Direção de Operações da Embrafilme no ano seguinte.

Com 1930, Tempo de Revolução (1990), dá início a uma série de documentários sobre a Revolução de 30 e seus desdobramentos: 32 – A Guerra Civil (1993), 35 – O Assalto ao Poder (2002) e 1937-1945: Imagens do Estado Novo (2018). Embora todos sejam feitos com base em material de arquivo, imagens raras e por vezes inéditas, garimpadas em acervos públicos e privados no Brasil e em outros países, os filmes guardam distinções. Os três primeiros, feitos como série documental para a TV, incluem entrevistas com historiadores e participantes dos eventos, buscando destrinchar os episódios que levam Getúlio Vargas (1882-1954) ao poder e a se tornar um ditador. Já em Imagens do Estado Novo, a tentativa é de realizar um filme não apenas sobre o regime político, mas também sobre suas imagens e músicas, interrogando o sentido das próprias cenas usadas e provocando o espectador a não se deixar levar pela aparência do que está vendo e ouvindo. Aqui também são nítidas as inquietações do diretor em torno da realidade sociopolítica do país e do quanto pode ser questionável tomar imagens, mesmo que documentais, como provas irrefutáveis dos fatos.

Atua como coordenador e professor da Pós-Graduação em Cinema Documentário na Fundação Getulio Vargas desde 2005, ano em que publica Adivinhadores de Água, pela Cosac & Naify. O livro, que reúne alguns de seus artigos sobre o cinema brasileiro, reafirma a importância de um cinema nacional contra a corrente da imagem globalizada e de condicionamentos comerciais. Relembrando os amigos que se tornam mestres, resgata o processo criativo de Glauber Rocha; revela o impacto do golpe militar e da perda do pai na trajetória de Joaquim Pedro; e reflete sobre o delicado equilíbrio entre documentário e ficção na obra de Leon Hirszman.

Em parceria com a cineasta Lívia Serpa (1982), edita Santiago (2007), dirigido por João Moreira Salles (1962). Desde 2009, é autor da coluna Questões Cinematográficas, publicada semanalmente no site da revista Piauí, na qual escreve crítica de cinema e textos sobre as questões de política cultural ligadas à atividade cinematográfica. Assina com Laís Lifschitz (1992) a edição do filme No Intenso Agora (2016), também de Moreira Salles, consolidando a parceria iniciada em Santiago.

Cineasta, no sentido pleno do termo, cuja trajetória está ligada à construção da história do cinema brasileiro, o trabalho de Eduardo Escorel se caracteriza por uma incansável pesquisa de seus temas e pela inquietação acerca da realidade brasileira.

Obras 2

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Fontes de pesquisa 6

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  • ANTONIO, Lincoln. Chico Antonio n'A Barca Mário de Andrade e outros diálogos com a tradição musical popular. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, n. 59, p. 419-436, dez. 2014. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/89054. Acesso em: 19 jan. 2021.
  • ESCOREL, Eduardo. Adivinhadores de água. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
  • ESCOREL, Eduardo. Eduardo Escorel (depoimento 2012). Rio de Janeiro, CPDOC, 2013.
  • ESCOREL, Eduardo. Eduardo Escorel (depoimento 2013). Rio de Janeiro, CPDOC, 2013.
  • ESCOREL, Eduardo. Matar ou morrer. Depoimento de Eduardo Escorel. Rio de Janeiro, Casa de Rui Barbosa, 15 ago. 2005.
  • PASCHOA, Airton. Lição de amor - Comentário sobre o filme de Eduardo Escorel baseado no livro de Mário de Andrade. A Terra É Redonda, 27 jul. 2020. Disponível em: https://aterraeredonda.com.br/licao-de-amor/. Acesso em: 30 ago. 2020.

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