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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Fernando Gabeira

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 18.02.2021
17.02.1941 Brasil / Minas Gerais / Juiz de Fora
Fernando Paulo Nagle Gabeira (Juiz de Fora, Minas Gerais, 1941). Romancista e jornalista. É criado nos subúrbios de Juiz de Fora. Expulso da escola por indisciplina, transfere-se para um colégio interno de Rio Novo, interior de Minas. Volta a Juiz de Fora e participa do movimento estudantil de secundaristas. No fim dos anos 1950, é contratado pe...

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Fernando Paulo Nagle Gabeira (Juiz de Fora, Minas Gerais, 1941). Romancista e jornalista. É criado nos subúrbios de Juiz de Fora. Expulso da escola por indisciplina, transfere-se para um colégio interno de Rio Novo, interior de Minas. Volta a Juiz de Fora e participa do movimento estudantil de secundaristas. No fim dos anos 1950, é contratado pelo Binômio, jornal de oposição de Minas e escreve para a Revista Alterosa, impresso também de esquerda.

Muda-se para o Rio de Janeiro e trabalha para o Diário da Noite. Sem estabilidade financeira, retorna a Juiz de Fora. Instala-se definitivamente no Rio, como redator do Jornal do Brasil. Com o golpe de 1964, junta-se ao movimento de oposição à ditadura militar. Ingressa na luta armada em 1968. Membro do Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), participa do sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick (1908-1983). É preso e torturado. Durante dez anos de exílio, vive na Argélia, Chile, França, Itália, entre outros países. Na Suécia, trabalha como repórter de rádio e cursa antropologia na Universidade de Estocolmo. Regressa ao Brasil em 1979, beneficiado pela Lei de Anistia. Trabalha para os jornais Zero Hora e Folha de S.Paulo e publica O que É Isso, Companheiro? (1979), Prêmio Jabuti na categoria biografia. Lança O Crepúsculo do Macho (1980), Entradas e Bandeiras (1981) e Hóspede da Utopia (1981). Em 1985, inicia carreira na política. Participa da fundação do Partido Verde e, no início dos anos 1990, é eleito deputado federal. Como homem público, dedica-se a pautas que envolvem o meio ambiente e a defesa das minorias. Seu último livro é Onde Está Tudo Aquilo Agora? – Minha Vida na Política (2012).

A obra de Fernando Gabeira inicia-se na década de 1970, época em que militarização do Estado é acompanhada pela repressão política e consolidação da indústria cultural. As respostas engendradas nesse contexto cobrem um amplo leque do processo literário brasileiro, da “poesia marginal” à consagração do conto, passando pelo romance-reportagem e pelo “romance-depoimento”. No final de 1970, surgem relatos de militantes que sobrevivem à ditadura. O esforço para compreender os Anos de Chumbo combina-se ao desejo de construir a memória das lutas da esquerda no país. Fernando Gabeira e O que É Isso, Companheiro? inscrevem-se nesse acerto de contas com o passado.

Testemunho da guerrilha no Brasil, o livro narra a experiência do autor como membro do MR-8. Em ritmo vertiginoso, descreve as fases da trajetória pessoal: as manifestações estudantis, o ingresso na organização, o sequestro do embaixador, a clandestinidade, a queda e a tortura. Tomando a si próprio como personagem, Gabeira coloca em pauta os limites ideológicos da luta armada, a brutalidade do Estado autoritário e a tortura. Para o crítico Davi Arrigucci Jr. (1943), autor de ensaio sobre o livro, o grande trunfo da obra está na articulação da matéria histórica à vivência pessoal, fazendo o texto transcender o relato subjetivo em favor do reconhecimento coletivo. Segundo o crítico, Gabeira reencena o papel do narrador tradicional – aquele que transmite à coletividade, como exemplo e aprendizado, a experiência vivida. Ao lado de O Crepúsculo do Macho e Entradas e Bandeiras, O que É Isso, Companheiro? compõe a primeira parte de uma trilogia em que focaliza a luta armada, a vida no exílio e o regresso ao Brasil nos anos 1980.

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Fontes de pesquisa 11

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  • ARRIGUCCI JR. Davi. Gabeira em dois tempos. In: ARRIGUCCI JR. Davi. Enigma e comentário: ensaios sobre literatura e experiência. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 119-140.
  • ARRIGUCCI JR., Davi. Jornal, realismo, alegoria: o romance brasileiro recente. In: ______. Achados e Perdidos: ensaios de crítica. São Paulo: Polis, 1979. p. 79-115.
  • BASTOS, Alcmeno. A história foi assim: o romance político brasileiro dos anos 70/80. Rio de Janeiro: Caetés, 2002.
  • CANDIDO, Antonio. A nova narrativa. In: ______. A Educação pela Noite. 5.ed. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2006.
  • CUNHA, Derneval Ribeiro Rodrigues da. Entre Gabeira e Guevara: Notas Sobre os Escritores da Luta Armada. São Paulo: s/ed, 2002.
  • GABEIRA, Fernando. O que é isso, companheiro? São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
  • GABEIRA, Fernando. Onde está tudo aquilo agora? – Minha vida na política. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
  • HOLANDA, Heloisa B. e PEREIRA, Carlos Alberto. Patrulhas Ideológicas. São Paulo: Brasiliense, 1980.
  • PELLEGRINI, Tânia. Gavetas vazias: ficção e política nos anos 1970. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos: Mercado de Letras, 1996.
  • SILVERMAN, Malcolm. Protesto e o novo romance brasileiro. Tradução de Carlos Araújo. 2.ed. revisada. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. p. 72-75
  • SÜSSEKIND, Flora. Tal Brasil, qual romance? Rio de Janeiro: Achimé, 1984.

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