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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Filmes e Vídeos de Artistas na coleção Itaú Cultural

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 26.02.2024
21.11.2012 - 06.01.2013 Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte – Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes. Grande Teatro
Foto de reprodução Itaú Cultural

Filmes e Vídeos de Artistas na coleção Itaú Cultural, 2016

Exposição realizada a partir do acervo de obras audiovisuais da Coleção Itaú Cultural. Promove a aquisição de trabalhos brasileiros de imagem em movimento, o restauro de obras pioneiras e a conservação diante da obsolescência dos suportes. Constituída como mostra itinerante e, posteriormente, deslocada para o âmbito virtual, propicia a formação ...

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Exposição realizada a partir do acervo de obras audiovisuais da Coleção Itaú Cultural. Promove a aquisição de trabalhos brasileiros de imagem em movimento, o restauro de obras pioneiras e a conservação diante da obsolescência dos suportes. Constituída como mostra itinerante e, posteriormente, deslocada para o âmbito virtual, propicia a formação de público e afirma a importância do audiovisual no campo das artes visuais.

O seminário “Filme, vídeo e arte: compartilhando experiências” – realizado em maio de 2011 em São Paulo – inaugura a formação do acervo audiovisual da Coleção Itaú Cultural. O evento fomenta debates com representantes de instituições culturais e galerias a partir dos pilares da constituição do acervo, sua conservação e da difusão das obras para o público.

Estabelecem-se dois eixos de aquisição. O primeiro corresponde aos trabalhos pioneiros realizados nos anos 1970 e 1980 em película e em vídeo. Tais obras demandam atenção quanto ao seu estado físico por terem sido armazenadas por longo período, sendo reconhecidas apenas a partir da década de 1990 com a ampla veiculação de trabalhos de imagem em movimento em exposições de arte contemporânea. Entre os artistas desse período estão Anna Bella Geiger (1933), Nelson Leirner (1932-2020) e Regina Silveira (1939).

O segundo eixo elege obras a partir da década de 1990, criadas no contexto da propagação dos meios digitais e já inseridas em um cenário que valoriza o audiovisual enquanto nicho importante da arte contemporânea1. Essa vertente apresenta como desafio o gerenciamento e a manutenção das imagens não mais fixadas em suporte físico. Estão presentes nesse segmento artistas como Brígida Baltar (1959-2022), Cao Guimarães (1965) e Paulo Nazareth (1977).

Ambas os eixos têm em comum a priorização de obras experimentais. Os artistas pioneiros buscam empregar uma nova tecnologia para explorar suas possibilidades inventivas, ainda que não haja mercado que absorva esse tipo de trabalho no momento da produção. Já os criadores contemporâneos lidam com as linguagens vindas do cinema, da videoarte e dos registros de performances para subverter as obviedades, instaurar dúvidas e propor experiências.

O processo de difusão das obras tem início por meio de parcerias com outras instituições culturais para que o acervo seja conhecido por um público amplo. A curadoria do pesquisador Roberto Moreira dos Santos Cruz (1962) incorpora continuamente mudanças no recorte do acervo do Itaú Cultural devido às peculiaridades do espaço expositivo de cada uma das nove cidades visitadas pela itinerância e, principalmente, à constante aquisição de trabalhos artísticos de imagem em movimento. O percurso da mostra começa no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 2012, apresentando 11 obras.
Em 2016, a exposição chega à sede do Itaú Cultural, em São Paulo. O reconhecimento da relevância dos filmes e vídeos de artistas é evidente na ampliação do acervo – que nesse momento apresenta 19 obras – e na realização do Seminário Internacional Filmes e Vídeos de Artistas, revisitando e aprofundando debates do seminário de 2011.

Os eixos das obras dos pioneiros e dos artistas contemporâneos são mantidos como recorte curatorial até que o volume dos trabalhos na coleção permite migrar para a estruturação de outros temas, o que ocorre na exibição realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), em 2019. São três blocos temáticos: “Os pioneiros da videoarte brasileira”; “O corpo como metáfora” e “Poética da visualidade”. 

No eixo da poética da visualidade, o artista multimídia Paulo Bruscky (1949) faz fotocópias do seu rosto e volta a animá-las em Xeroperformance (1980). O corpo é parado e colocado novamente em fluxo em uma performance mediada por máquinas. Já em El pintor tira el cine a la basura (2008), o cineasta e artista visual Cao Guimarães registra o preparo de uma sala para a exibição de uma obra audiovisual sua, porém, ao terminar, o pintor descola o suporte da parede, levando junto o filme e prontamente jogando-os no lixo, confundindo imagem material e imaterial.

Em 2021, a exposição Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural se torna virtual, o que potencializa a difusão do acervo. Ela traz 22 obras em quatro vertentes. Retornam “O corpo como metáfora” e “Poética da visualidade” e surgem os eixos temáticos “Cultura e política: identidades” e “Memória e subjetividade”, aos quais pertencem Ordinário e Amoahiki.

Em Ordinário (2013), a artista e perita criminal Berna Reale (1965) caminha pela periferia de Belém, Pará, com um carro de mão coberto por ossos de desconhecidos. A figura séria de Reale em vestes negras estabelece um contraponto às reações dos moradores. Os artistas Gisela Motta (1976) e Leandro Lima (1976) constituem uma imagem simbiótica em sobreposição entre a floresta amazônica e os ianomâmi em Amoahiki (2008). A projeção sobre tecidos que balançam com o vento imprime certa tridimensionalidade ao trabalho e lhe confere maior imbricação entre as imagens sobrepostas.

Dar a conhecer as obras audiovisuais de artistas no Brasil, apresentando trabalhos produzidos nas últimas seis décadas, é ir além de ser testemunha da história, passando também a construí-la. As ações de aquisição, restauro, conservação e difusão da Coleção Itaú Cultural se constituem como um novo marco na consolidação do audiovisual como meio fundamental na arte contemporânea.

Notas

1. O audiovisual inicia seu ingresso no território das artes visuais a partir das vanguardas históricas européias, no começo do século XX, e intensifica sua presença por meio do cinema de artista e da videoarte durante as neovanguardas, nos anos 1960 e 1970. O advento das mídias digitais, na década de 1990, consolida esse processo ao propiciar maior difusão dos equipamentos por sua portabilidade – câmeras e projetores cada vez menores – e facilidade de acesso – a disseminação dos computadores e sua capacidade de processamento das imagens. Esse contexto tecnológico alarga tanto a desmaterialização da imagem na arte, encabeçada pela arte conceitual e pelo vídeo, quanto a possibilidade de sua exploração no espaço. O grande volume de obras audiovisuais em importantes exposições internacionais a partir da 48ª Bienal de Veneza (1999), da 11ª Documenta de Kassel (2002) e da 29ª Bienal de São Paulo (2010) ratifica a imagem em movimento como suporte relevante na arte contemporânea.

Ficha Técnica

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Produção
Roberto Cruz

Curadoria
Roberto Cruz

Artista participante
Anna Bella Geiger
Brígida Baltar / Filmes e Vídeos de Artistas na coleção Itaú Cultural (2012 : Belo Horizonte, MG)
Cao Guimarães / Filmes e Vídeos de Artistas na coleção Itaú Cultural (2012 : Belo Horizonte, MG)
Eder Santos / Filmes e Vídeos de Artistas na coleção Itaú Cultural (2012 : Belo Horizonte, MG)
Letícia Parente / Filmes e Vídeos de Artistas na coleção Itaú Cultural (2012 : Belo Horizonte, MG)
Luiz Roque
Nelson Leirner
Regina Silveira / Filmes e Vídeos de Artistas na coleção Itaú Cultural (2012 : Belo Horizonte, MG)
Rivane Neuenschwander / Filmes e Vídeos de Artistas na coleção Itaú Cultural (2012 : Belo Horizonte, MG)
Sara Ramo / Filmes e Vídeos de Artistas na coleção Itaú Cultural (2012 : Belo Horizonte, MG)
Sergio Neuenschwander / Filmes e Vídeos de Artistas na coleção Itaú Cultural (2012 : Belo Horizonte, MG)
Thiago Rocha Pitta

Exposições 9

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