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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Cao Guimarães

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 08.08.2024
09.01.1965 Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte
Arquivo do artista

Gambiarras 12, 2005
Cao Guimarães
Fotografia
60,00 cm x 45,00 cm

Claudio Gontijo Guimarães (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1965). Artista visual, diretor de cinema. Destaca-se pela posição de observador atento às realidades, como artista que registra sutilezas poéticas e articula questões como o desvio, a memória, o tempo e o afastamento. 

Texto

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Claudio Gontijo Guimarães (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1965). Artista visual, diretor de cinema. Destaca-se pela posição de observador atento às realidades, como artista que registra sutilezas poéticas e articula questões como o desvio, a memória, o tempo e o afastamento. 

Ingressa na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1983 e, logo depois, transfere-se para o curso de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, onde estuda até 1986. 

Inicia o trabalho artístico com a fotografia e realiza experimentações estéticas em vídeo no fim dos anos 1980. Autodidata, internaliza as questões técnicas dos equipamentos antigos que utiliza em seus trabalhos, como câmeras Super-8 e 16mm. Incorpora também questões conceituais, ao se educar com repertório audiovisual de vanguarda, exposições de arte e literatura.

Aos 32 anos, frequenta aulas de cinema experimental em Londres, onde reside com a  artista plástica mineira Rivane Neuenschwander (1967), aluna da Royal College of Art. Com ela, realiza uma série de vídeos, como Sopro (2000) e Word World (2001). Outra colaboração frequente é com o coletivo sonoro O Grivo, de Nelson Soares (1967) e Marcos Moreira (1967), responsável pelas trilhas de áudio dos filmes de Cao, como Acidente (2006), codirigido pelo artista mineiro Pablo Lobato (1976), e O homem das multidões (2013), em parceria com o cineasta recifense Marcelo Gomes (1963)

Além dos longas-metragens realizados com grupo, sua produção individual segue priorizando este formato, nos anos 2000, com O fim do sem fim (2001), Rua de mão dupla (2002) além da “trilogia da solidão”, que além de O homem das multidões é composta por A alma do osso (2004) e Andarilho (2006).

O premiado filme Andarilho apresenta, em suas particularidades, três homens que vagueiam em rodovias do nordeste de Minas Gerais (BR-521, BR 135 e BR-122). Com poucas falas e movimentos de câmera pontuais, o calor do asfalto oferece qualidade incorpórea às imagens, que se dissolvem em longos planos. Há pouca ação: a câmera ora se aproxima, ora se distancia dos andarilhos, e a trilha sonora amplia o estado contemplativo sobre personagens que vivem à margem da estrada e da sociedade. O filme recebe os prêmios de melhor diretor no Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro (2007) e de melhor filme no IX Festival Internacional de Cinema de Las Palmas de Gran Canária (2008), na Espanha.

O olhar de Cao tem interesse em revelar o que não é percebido ou valorizado, como na série fotográfica Gambiarras, produzida desde 2001. Como o nome sugere, esses trabalhos evidenciam soluções alternativas e inusitadas, tomadas no cotidiano com materiais que se encontram à mão. É o caso, por exemplo, de compensar a falta das hastes de uma armação de óculos com um fio elétrico rígido e colorido, em Gambiarras, n. 13 (2005); ou do uso de uma tábua de cozinha para manter uma janela basculante aberta, em Gambiarras, n. 1 (2005). Dessa maneira, Cao registra os atos criativos que resgatam as pequenas crises cotidianas e que passam a existir como obras de arte. Com isso, o artista oferece outro sentido e novo lugar de permanência ao que é desprezado.      

O vídeo Sin peso (2007), comissionado para uma exposição coletiva no museu mexicano Carrillo Gil, exibe uma sucessão de imagens quase estáticas de lonas coloridas em uma feira de rua na cidade do México. As vozes dos comerciantes se sobrepõem aos sons de apitos, buzinas de automóveis, assobios e ruídos indistintos. Quando a perspectiva mais ampla do lugar é mostrada, a feira parece estar distante do observador e, ao mesmo tempo, protegida, em sua efemeridade, entre altos edifícios históricos. A trilha sonora desenvolvida pelo coletivo O Grivo aumenta a cacofonia da situação: a retórica da venda é emudecida pelo distanciamento que a língua estrangeira oferece. Predominam planos de cor na geometria formada pelas sobreposições das tendas, e o movimento que elas produzem permite que, eventualmente, perceba-se o céu azul com nuvens brancas. O título faz menção à moeda mexicana desvalorizada, como também à leveza das lonas que estruturam de modo provisório aquele comércio.       

Cao participa de exposições coletivas importantes, como a XXV e XXVII Bienais de São Paulo, respectivamente em 2002 e 2006, e a XI Bienal de Sharjah, nos Emirados Árabes, em 2013. Nesse ano, o Itaú Cultural realiza a mostra retrospectiva Ver é uma fábula, com trabalhos fotográficos, filmes e seminários de e sobre Cao Guimarães.

A produção de Cao Guimarães se inscreve em um gênero híbrido, entre artes plásticas e cinema documental. Sem recorrer a um roteiro pré-estabelecido, orienta seu processo criativo com proposições ou sugestões. Ao abrir espaço para o acaso na captação das imagens, confia na montagem para reconstruir, com a trilha sonora, realidades que dilatam a percepção por meio do tempo cinematográfico.

Obras 13

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Exposições 274

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Exposições virtuais 2

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Mídias (1)

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Cao Guimarães - Enciclopédia Itaú Cultural
Videomaker e fotógrafo, Cao Guimarães define seu trabalho como um híbrido que caminha entre as artes plásticas e o cinema. O tom experimental e autoral de seus filmes o leva a expor suas produções não apenas em festivais de cinema, como Sundance (EUA) e Rotterdam (Holanda), mas também em importantes eventos de artes plásticas, entre eles, a Bienal de São Paulo e a mostra Panorama da Arte Brasileira, realizada pelo MAM/SP. “O mundo das artes plásticas tem essa função interessantíssima de buscar trabalhos mais investigativos e experimentais, com uma narrativa autoral, para formar espectadores para um tipo de cinema que só está nascendo agora”, diz. O filme Acidente (2006), por exemplo, é uma parceria do artista com Pablo Lobato e cria uma narrativa a partir dos nomes de vinte cidades mineiras. Cada município recebe a visita da equipe, que registra cenas aleatórias, acidentalmente – daí o nome da obra.

Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)

Fontes de pesquisa 19

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  • A IDENTIDADE virtual, a pedra sabão. Tradução Graciela Ravetti, Sara Rojo. Ouro Preto: Secretaria Municipal de Turismo e Cultura, 1994. , il. color.
  • ALMEIDA, Carlos H. Cao Guimarães foca na solidão do século XXI em ‘O Homem das multidões’. O Globo, Rio de Janeiro, 31 jul. 2014. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/filmes/cao-guimaraes-foca-na-solidao-do-seculo-xxi-em-homem-das-multidoes-13434713. Acesso em: jun. 2017.
  • ANJOS, Moacir dos. Pessoas deitadas. Caderno Sesc_Videobrasil, São Paulo, n. 8, p. 71-74, 2012. Edições SESC.
  • ANTARCTICA ARTES COM A FOLHA (1996 : São Paulo, SP). Antarctica Artes com a Folha. Curadoria Stella Teixeira de Barros et al. São Paulo, SP: Cosac Naify, 1998.
  • ARTE/CIDADE 3: a cidade e suas histórias. Texto Nelson Brissac Peixoto, Lorenzo Mammì. São Paulo: Marca D'Água, 1997. 124 p., il. p.b. color.
  • ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL. Cao Guimarães. Disponível em http: https://site.videobrasil.org.br/acervo/artistas/links/39686. Acesso em: 05 dez. 2005.
  • CHÃO e parede. Belo Horizonte: EMBRA, 1994.
  • COTIDIANO/ARTE: O Objeto Anos 90. Curadoria Lisette Lagnado. São Paulo: Itaú Cultural, 1999. (Eixo Curatorial 1999).
  • GUIMARÃES, Cao. Cao Guimarães [Entrevista cedida a] Sandra Bittencourt. Rádio CBN, Recife, 24 junho de 2017. Disponível em: https://soundcloud.com/cbnrecife-com/sandra-bittencourt-conversa-com-o-cineasta-cao-guimaraes. Acesso em: jul. 2017.
  • GUIMARÃES, Cao. Cao Guimarães. [Depoimento cedido à] exposição Ver é uma Fábula. Itaú Cultural, São Paulo, 2013. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=n88Ieqcy1Rw. Acesso em: jul. 2017.
  • GUIMARÃES, Cao. Cao. São Paulo: Cosac & Naify, 2015.
  • GUIMARÃES, Cao. [Currículo virtual]. Disponível em: http://www.nararoesler.com.br/curriculo/cao-guimaraes. Acesso em: 3 nov. 2021.
  • HOMEM sanduíche. São Paulo: Praça Ramos de Azevedo, 1993. , il p&b.
  • HOSNI, Cassia Takahashi. Inventário da obra visual de Cao Guimarães. 2014. Dissertação (Mestrado em Multimeios) - Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, 2014. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/285239/1/Hosni_CassiaTakahashi_M.pdf. Acesso em: jun. 2017.
  • MUSEU EYE FILM INSTITUTE NETHERLANDS. Cao Guimarães. Disponível em: https://www.eyefilm.nl/en/exhibition/apichatpong-weerasethakul-cao-guimarães. Acesso em: jul. 2017.
  • O CORPO. Entre o público e o privado. Curadoria e texto Arlindo Machado; texto Christine Mello. São Paulo: Paço das Artes, 2004. 32 p., il. p&b color.
  • PANORAMA DA ARTE BRASILEIRA, 27., 2001, São Paulo. 27º Panorama da Arte Brasileira. Curadoria geral Rejane Cintrão; curadoria Ricardo Basbaum, Paulo Reis, Ricardo Resende; versão em inglês John Milton, Maria Lucia Cavalcanti de Albuquerque Cumo. São Paulo: MAM, 2001.
  • TERRITÓRIOS: nove artistas empenhados em fundar suas próprias paisagens. Curadoria Agnaldo Farias. São Paulo: Instituto Tomie Ohtake, 2002. 96 p., il. color. (A recente trajetória da arte brasileira, 4). 3 folders.
  • UTOPIAS contemporâneas. Curadoria José Alberto Nemer. Belo Horizonte: Fundação Palácio das Artes, 1992.

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