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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Thiago Rocha Pitta

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 28.10.2022
11.07.1980
Frame do vídeo Planeta Fóssil de Thiago Rocha Pitta/Divulgação

Planeta Fóssil, 2009
Thiago Rocha Pitta
Vídeo
Acervo Fundação Itaú

Thiago Perpétuo da Rocha Pitta Sampaio (Tiradentes, Minas Gerais, 1980). Artista visual. Transita entre a pintura, a escultura, o vídeo, a fotografia e a instalação, produzindo obras que estabelecem relação direta com a natureza, presente como uma coautora dos trabalhos por meio do acaso, das intempéries, das mudanças e de seus materiais.

Texto

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Thiago Perpétuo da Rocha Pitta Sampaio (Tiradentes, Minas Gerais, 1980). Artista visual. Transita entre a pintura, a escultura, o vídeo, a fotografia e a instalação, produzindo obras que estabelecem relação direta com a natureza, presente como uma coautora dos trabalhos por meio do acaso, das intempéries, das mudanças e de seus materiais.

Inicia seu contato com o fazer artístico ainda na infância, observando seu pai, o artista plástico Fernando Pitta (1952-2006), e desenvolvendo suas habilidades no desenho e na pintura. Muda-se de Tiradentes para Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde passa a adolescência também em contato próximo com a natureza. Na capital do estado, faz cursos livres de desenho e pintura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage) e ingressa, em 1999, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. No entanto, privilegia seus estudos autônomos em estética e filosofia.

Em 2001, começa a expor suas obras publicamente. Ganha o 3º Prêmio Interferências Urbanas – Arte de Portas Abertas com Abismo sobre Abismo (2001), instalação localizada em um mirante no bairro carioca de Santa Teresa e composta de uma plataforma feita com um espelho. Ao subir na superfície, o visitante depara com o acentuado precipício à frente, ao mesmo tempo em que se vê pisando sobre o anteparo do reflexo de seus próprios pés, com a imensidão do céu abaixo de si. Subitamente, a profundidade refletida do vasto azul parece mais funda do que o próprio vale diante do corpo.

Em 2003, é convidado pelos curadores Adriano Pedrosa (1965) e Rodrigo Moura (1975) para ocupar o mezanino do Museu de Arte da Pampulha no Projeto Pampulha, dedicado a artistas emergentes. Trabalha como assistente para artistas já consolidados, entre eles Tunga (1952-2016), a quem acompanha de 2003 a 2005. É um dos vencedores do 1º Prêmio CNI-SESI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas, em 2004. Participa de exibições no exterior, como a 11 ͣ  Triennial-India, em Nova Délhi, em 2005, e tem sua primeira individual com a exposição Heritage, no Andersen’s Contemporary, em Copenhague, na Dinamarca, no ano de 2007.

Dotado de forte caráter observador, toma as intervenções da natureza como parte de sua obra. Dispõe os objetos com os quais trabalha para sofrerem as vicissitudes do meio – o vento, a chuva, o fogo, a sedimentação da terra – seja em vídeos, esculturas ou pinturas, tornando as obras processos que se dão com o tempo.

Em 2009, recebe o Prêmio Open Your Minds, concedido pela St. Moritz Art Masters, na Suíça. Desse mesmo ano é o vídeo Planeta Fóssil, que integra a Coleção Itaú Cultural. Com 16 minutos, esse trabalho difere dos vídeos anteriores – normalmente com poucos cortes na montagem, a partir de planos de observação de algum acontecimento proposto pelo artista e à mercê dos elementos naturais. 

Em Planeta Fóssil, a observação ainda é uma questão fundamental, mas há uma preocupação com movimentos de câmera que passeiam pelos elementos e uma edição que cria uma espécie de narrativa com momentos de tensão, por meio de montagem alternada1, que vai do carvão ao fogo, à fumaça, ao sal, à água, ao fogo junto aos sais que pingam água, e termina na madeira queimada, nas cinzas e no movimento da água a cada pingo caído. Os sons e o silêncio aumentam a característica sensorial das imagens, envolvendo o espectador, que observa o tempo lento das mudanças e dos ciclos. Essa obra retoma imagens de algumas instalações e esculturas feitas por Rocha Pitta até então, condensando na passagem do vídeo o tempo mais lento da experiência desses trabalhos.

Na série Projeto para uma Pintura com Temporal (2002-2011), telas ou um muro são pintados e expostos a intempéries, constituindo trabalhos mutáveis, a serem acompanhados ao longo de sua exposição. Posteriormente, um pano passa a ser petrificado de forma a se tornar um objeto vertical na série Monumento à Deriva Continental (2008-2018), exibida na 30 ͣ Bienal de São Paulo em 2012. Completando o movimento de verticalização do pano com o outro lado do objeto, a barraca surge como elemento importante na produção de Rocha Pitta. Presente em obras como O Hermitão (2012) e O Silêncio (2019), ela é construída por meio do mesmo processo de petrificação anteriormente utilizado, porém, forma um abrigo, uma gruta portátil para o ser humano no meio ambiente ou para a natureza no entorno urbano, embaralhando as relações entre dentro e fora, natureza e cultura.

Para acolher suas obras e funcionar como espaço de criação, onde o artista pode experimentar possibilidades próximas à natureza e que não são materializáveis em museus ou galerias, Thiago Rocha Pitta cria A Fundação Abismo, localizada em Petrópolis, na antiga residência de sua família. A instituição também é um ambiente educacional multidisciplinar aberto à comunidade local, imbricando conhecimentos em arte, biologia, botânica, geologia, geografia, astronomia e história. Entre os trabalhos exibidos, encontra-se Abismo sobre Abismo (2018), em nova montagem que traça uma plataforma de madeira sobre o precipício, contendo ao fim um espelho d’água. Há aqui a substituição de uma matéria dura e fixa – o espelho de vidro – por outra natural, sujeita aos acasos climáticos da região.

Em seu fazer e pensar artístico em múltiplos suportes, Thiago Rocha Pitta privilegia os processos, mais do que os objetos acabados, e estabelece os elementos naturais e suas mutações como criadores tão importantes quanto o próprio artista.

Nota
1. Mudança entre imagens simultâneas, construindo relações de temporalidade e de causa e efeito: o fogo esquenta as formações de sal colocadas sobre ele, que terminam por pingar água e apagar o fogo

Obras 1

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Frame do vídeo Planeta Fóssil de Thiago Rocha Pitta/Divulgação

Exposições 82

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