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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Berna Reale

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 07.12.2021
01.12.1965 Brasil / Pará / Belém
Berna Reale. África, 2015. Divulgação/Itaú Cultural

Berna Reale. África, 2015

Berna Reale (Belém, Pará, 1965). Artista e perita criminal. Usando símbolos universais, constrói obras que questionam a condição humana diante da desigualdade e da violência. Com diferentes meios de expressão, como a performance e a fotografia, usa seu próprio corpo como instrumento de criação, tornando-se parte da obra.

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Berna Reale (Belém, Pará, 1965). Artista e perita criminal. Usando símbolos universais, constrói obras que questionam a condição humana diante da desigualdade e da violência. Com diferentes meios de expressão, como a performance e a fotografia, usa seu próprio corpo como instrumento de criação, tornando-se parte da obra.

Licencia-se em artes pela Universidade Federal do Pará em 1996. Começa a dar aulas, mas abandona o magistério. Trabalha em diversas instituições culturais, como o Instituto de Arte do Pará e a Fundação Tancredo Neves.

Seus primeiros trabalhos artísticos surgem depois de fazer cursos práticos de cerâmica e fotografia, nos anos 2000. Em 2009, quando recebe o Grande Prêmio do Salão Arte Pará, começa a se destacar no circuito da arte: participa do programa Rumos Artes Visuais, do Itaú Cultural, em 2011, e recebe, em 2012 e 2013, o Prêmio Pipa.

A violência é tema central na obra de Berna Reale. Não a brutal, mas a que se manifesta em agressões cotidianas, desestruturando a sociedade, humilhando e solapando o indivíduo de forma disfarçada e perversa. A artista evidencia mecanismos insidiosos de perpetuação do poder, manutenção da ordem, exploração do trabalho, colonização, relações de dominação econômica, racial, social ou de gênero. Cada trabalho é autônomo e obedece a um roteiro determinado, a fim de enfatizar elementos simbólicos de impacto visual e conceitual.

Para produzir a instalação Cerne (2006), que expõe imagens de vísceras humanas no mercado Ver-o-Peso, Berna visita necrotérios de Belém, onde registra corpos. Estimulada pela experiência, decide participar de um concurso de seleção para a perícia criminal do Estado do Pará, no qual é aprovada. Começa a exercer a função de perita em 2010. A atividade garante-lhe autonomia financeira para desenvolver seus projetos e, ao mesmo tempo, permite observar de perto os efeitos do tema central de sua pesquisa: o impacto da violência no cotidiano das pessoas. É neste momento que a artista passa a usar a performance como meio de expressão, introduzindo em suas obras um elemento que se torna central: seu próprio corpo.

Com ações e performances minuciosamente concebidas, Berna Reale desvenda aspectos ocultos das relações de poder, de caráter individual ou social. A artista, que se define como uma pesquisadora obcecada, trabalha com projetos bem definidos, com fortes referências simbólicas, personificando signos de grande impacto. Em torno de personagens icônicos e símbolos universais, constrói narrativas imagéticas para discutir questões como violência e desigualdade. Exemplos disso são: Soledade (2013), que retrata uma orgulhosa e patética condutora de biga, vestida com roupas formais e um colar de pérolas, levada não por cavalos elegantes, mas por uma vara de porcos no cenário miserável da periferia; e Quando todos calam (2009), premiado no Arte Pará de 2009, em que se destaca uma espécie de Prometeu moderno, à mercê dos urubus do mercado Ver-o-Peso, em Belém.

Lidando com questões incômodas, Berna trata dos cemitérios clandestinos, em Ordinário (2013), e do valor residual da vida humana na nossa sociedade, em Limite Zero (2012). Ao contrário do que ocorre em muitas performances, o trabalho da artista não valoriza a ação em detrimento dos registros. Fotos e vídeos – suportes finais da obra – não são resíduos memorialísticos ou elogios ao efêmero, mas obras autônomas e potentes, associadas à semiologia e pesquisa estética.

Em 2019, Berna inaugura a exposição Festa, no Viaduto das Artes, em Belo Horizonte. Na instalação O Tema da Festa, a artista reconstrói um ambiente de casa noturna usando luzes de sirenes e uma composição melódica dançante, criada com o áudio de chamadas para centrais de denúncia policial. Na exposição, Berna explora e coloca em discussão a naturalização da violência no cotidiano. Segundo a própria artista, é a intimidade da população com a violência que inspira a criação das salas.

A presença é a centralidade na obra de Berna Reale. Em suas narrativas, transformadas em performances, usa seu próprio corpo como principal instrumento de produção artística, questionando a relação humana por meio de temas sociais.

Obras 6

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Reprodução fotográfica Iara Venanzi/Itaú Cultural

Indiana #1

Impressão em papel epson colada em aluminío

Exposições 60

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Fontes de pesquisa 2

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  • PIPA. A janela para a arte contemporânea brasileira. Berna Reale, Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.pipa.org.br/pag/berna-reale/. Acesso em: 20 maio 2013.
  • REALE, Berna. Entrevista concedida pela artista Berna Reale, realizada em 14 mar. 2014.

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