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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Frederico Morais

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 08.08.2024
25.01.1936 Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte
Reprodução fotográfica André Seiti/Itaú Cultural

Frederico Moraes, 2022.

Frederico Guilherme Gomez de Moraes (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1936). Jornalista, crítico, historiador, curador independente. Um dos nomes mais importantes da crítica de arte brasileira, é reconhecido por estreitar as relações entre crítica, fazer artístico e prática experimental. 

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Frederico Guilherme Gomez de Moraes (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1936). Jornalista, crítico, historiador, curador independente. Um dos nomes mais importantes da crítica de arte brasileira, é reconhecido por estreitar as relações entre crítica, fazer artístico e prática experimental. 

Inicia a carreira como crítico de cinema em Belo Horizonte no fim dos anos 1950. Integra a Revista Complemento, criada em 1956 pelos jornalistas Ezequiel Neves (1935-2010), Heitor Martins (1933), e o ensaísta Silviano Santiago (1936)

Em 1966, Frederico organiza a exposição Vanguarda Brasileira, no prédio da Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A exibição reúne artistas atuantes no Rio de Janeiro e expoentes da chamada “nova figuração”, como Rubens Gerchman (1942-2008), Carlos Vergara (1941) e Maria do Carmo Secco (1933-2013).

Muda-se para o Rio de Janeiro e torna-se professor de história brasileira e latino-americana e de semiologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Na Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), leciona história do desenho industrial e semiologia. Em paralelo à atividade docente, atua como crítico de arte no Diário de Notícias, entre 1966 e 1973, e no jornal O Globo, de 1975 a 1987.

Em julho de 1968, como coordenador de cursos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), cria o Arte no Aterro, com o objetivo de defender a democratização e dessacralização da arte. O curso busca afirmar que o público participante também tem poder criativo, independentemente de sua situação socioeconômica ou nível intelectual, e “que nem todas as pessoas criativas se tornam artistas, assim como nem todos os artistas são necessariamente pessoas criativas. Muitos não passam, na verdade, de burocratas da arte”[1].

No fim dos anos 1960, afirma-se parte da “nova crítica”, movimento que transpõe o papel do crítico de arte enquanto avaliador ou julgador para um sujeito mais atuante e propositivo. A alcunha de crítico criador dada a Frederico surge neste momento, por ele ser entusiasta de uma crítica que atue dentro da arte, ou seja, que o crítico atue como criador, estabelecendo franca parceria com os artistas. Frederico identifica nesse período uma “arte de guerrilha”: uma produção artística contracultural voltada para a reação à repressão político-militar do Estado brasileiro. Em suas obras, os artistas questionam as normas e instituições artísticas, recusando-se a produzir um objeto colecionável, ao mesmo tempo que denunciam a censura e os crimes promovidos pela ditadura militar. Ficam conhecidos como “geração AI-5”, e entre eles temos a pintora Wanda Pimentel (1943-2019), os artistas multimídia Cildo Meireles (1948) e o português Artur Barrio (1945).

Em dezembro de 1969, o crítico é jurado do Salão da Bússola, realizado no MAM-RJ. Com sua colaboração, o evento flexibiliza as categorias dos trabalhos inscritos, e os artistas podem submeter obras de cunho mais experimental, que não se encaixam nas categorias tradicionais. Essa abertura reúne uma importante geração de artistas conceituais brasileiros, como Carlos Vergara (1941), Luiz Alphonsus (1948) e Anna Bella Geiger (1933). Os desdobramentos do Salão Bússola dão esteio a novas atividades na carreira de Frederico Morais. 

Em abril de 1970, em Belo Horizonte, Frederico concebe Do Corpo à Terra, e convida 25 artistas para produzir diretamente nos locais da exposição: o Parque Municipal, o Ribeirão Arrudas e a Serra do Curral, e em frente ao Palácio das Artes. Os trabalhos são criados também em horários distintos e, após sua conclusão, permanecem ao ar livre, até se desfazerem por ações alheias aos artistas e à curadoria. Entre as obras mais emblemáticas realizadas estão Trouxas Ensanguentadas, de Artur Barrio, e Tiradentes: Totem-monumento ao Preso Político, de Cildo Meireles, que amarra dez galinhas a uma estaca de madeira e as queima diante do público. 

A exposição reforça a brevidade e a precariedade incutida em parte da criação artística, que, ao evoluir do objeto à ação, circunscreve sua existência apenas durante sua realização. Do Corpo à Terra é um importante episódio de resposta da arte brasileira num contexto de ditadura militar. Ainda existe apenas como registro e integra a Semana de Vanguarda. Sem catálogo, o evento conta somente com um texto-manifesto, mimeografado e distribuído ao público.  

Em 1971, como coordenador de cursos do MAM-RJ, Frederico propõe como atividade experimental os Domingos de Criação, e põe em questão o conceito de descanso dominical. Para o crítico, o público é inatamente criativo, não exercita sua criatividade por alguma espécie de repressão política ou social. Seis encontros, entre janeiro e agosto, ocupam o espaço público da área externa do museu e do Aterro do Flamengo, disponibilizando materiais diversos para a livre experimentação do público. Papel, fio, tecido, terra, som e corpo são os temas explorados.

Ao longo de sua carreira, Frederico organiza cerca de 70 exposições, salões, bienais e eventos ligados às artes. Além de coordenador de cursos no MAM-RJ, entre 1967 e 1973, é diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage), entre 1986 e 1987, e escreve mais de 40 livros sobre arte brasileira e internacional, publicados no Brasil e traduzidos para diversos países. 

O legado de Frederico Morais para a arte brasileira é de uma atuação que conjuga pensamento crítico e prática experimental, buscando refletir sobre o papel da crítica de arte na contemporaneidade e as relações entre arte e instituição. 

Notas

1. RIBEIRO, Marília Andrés. A arte não pertence a ninguém. Revista UFMG, v. 20, n. 1, p. 342, jan.-jun. 2013. Disponível em: https://www.ufmg.br/revistaufmg/downloads/20/18-entrevista_fredrico_morais.pdf. Acesso em: 21 abr. 2020.

Obras 1

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Exposições 87

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Frederico Morais – série +70 (2024)
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