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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Neofiguração

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 11.01.2021
Duas características das artes plásticas nas décadas de 1960 em todo o mundo: a extrema velocidade dos ismos, associada à multiplicação dos meios expressivos e suportes, e a retomada da figura. Essencialmente urbanas, captam e expressam o conteúdo da sociedade de consumo, apropriando-se de linguagens dos meios de comunicação massiva.

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Duas características das artes plásticas nas décadas de 1960 em todo o mundo: a extrema velocidade dos ismos, associada à multiplicação dos meios expressivos e suportes, e a retomada da figura. Essencialmente urbanas, captam e expressam o conteúdo da sociedade de consumo, apropriando-se de linguagens dos meios de comunicação massiva.

O tratamento da figura, após o declínio da abstração geométrica e informal, oscila entre o campo crítico (nova figuração, figuração narrativa) e a neutralidade ideológica (na verdade apenas aparente: pop art, hiper-realismo).

No Brasil dos anos 60, a figuração é quase sempre crítica (Gerchman, o Vergara da fase inicial, Antonio Henrique Amaral), isto é, sempre mais hot, mesmo quando sua aparência é cool (Tozzi, Glauco Rodrigues). Esta temperatura crítica aumenta na medida em que nos aproximamos de outras capitais regionais, como Recife (João Câmara), Goiânia (Siron Franco), Cuiabá (Humberto Espíndola).

No Rio de Janeiro, Hélio Oiticica serve de ponte entre o neoconcretismo e os novos artistas (como Antônio Dias) que  figuram destacadamente na mostra Opinião 65. Em São Paulo, Waldemar Cordeiro dá o salto que o momento pedia, ao fundir concretismo e pop art, criando os popcretos, que ele definiu como "arte concreta semântica". Apesar do neologismo, ele está mais próximo do novo realismo, de Pierre Restany, fazendo uso da assemblage, enquanto Oiticica mantém em seus parangolés a idéia da participação do espectador, que é o núcleo definidor do neoconcretismo.

Tanto o parangolé quanto o popcreto estão presentes na mostra Opinião 65, que reúne artistas brasileiros e da Escola de Paris, todos vinculados às novas tendências figurativas. A mostra significa uma tomada de posição dos artistas brasileiros diante do momento político do país ao mesmo tempo que é a primeira reação consistente às tendências abstratas vigentes na década anterior, "Os problemas da linguagem pictórica" - escreve Mário Pedrosa - "são preocupação de uma minoria, mas a guerra, o sexo, a moral, a fome e a liberdade são problemas de todos os seres humanos". Ferreira Gullar acrescentava: "Os pintores voltam a opinar. E isto é fundamental".

Dois anos depois, um grupo de críticos e artistas realiza no MAM/RJ, após publicar um manifesto, o primeiro balanço da arte brasileira de vanguarda. Esta vertente crítica e figurativa é apenas uma das tendências vigentes, como se pode ler no verbete sobre a Nova Objetividade Brasileira. (...)

Dentro da polaridade habitual da arte brasileira, isto é, de seu caráter pendular, as sucessivas edições da mostra Jovem Arte Contemporânea, especialmente as últimas, buscam aproximar a criatividade plástica brasileira das novas tendências internacionais, enfatizando seu caráter interdisciplinar, enquanto a Bienal da Bahia (1966) pretende descentralizar nossa arte, abrindo espaço para a produção situada fora do eixo Rio-São Paulo, mas, ao mesmo tempo, desregionalizando e atualizando a arte local e nordestina.

Este esforço, entretanto, é bruscamente interrompido com o fechamento da segunda mostra, em 1968, um dos muitos atos de censura do governo militar, no auge da repressão, que acaba por provocar o boicote internacional à Bienal Internacional de São Paulo, em 1969. Com dificuldades crescentes para expor seus trabalhos em museus e galerias, os jovens artistas vão às ruas, realizando eventos em praças, parques, aterros, jornais, arte como ação.

Fontes de pesquisa 1

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  • MORAIS, Frederico. Anos 60: a volta à figura: marcos históricos. Apresentação: Ernest Robert de Carvalho Mange. São Paulo: Instituto Cultural Itaú, 1994.

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