Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Wilma Martins

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 09.09.2022
02.02.1934 Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte
08.09.2022 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Paisagem, 1986
Wilma Martins
Óleo sobre tela

Wilma Martins Morais (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1934 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiri, 2022). Pintora, gravadora, desenhista, ilustradora, figurinista e diagramadora. Destaca-se por explorar desdobramentos inusitados da realidade, misturando entidades e contextos aparentemente incompatíveis. Ao retratar cenas comuns, inclui situações inesper...

Texto

Abrir módulo

Wilma Martins Morais (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1934 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiri, 2022). Pintora, gravadora, desenhista, ilustradora, figurinista e diagramadora. Destaca-se por explorar desdobramentos inusitados da realidade, misturando entidades e contextos aparentemente incompatíveis. Ao retratar cenas comuns, inclui situações inesperadas, que afastam a realidade da banalidade cotidiana.

Inicia seus estudos artísticos em 1953, em Belo Horizonte, tendo como professores os artistas Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), Franz Weissmann (1911-2005) e Misabel Pedrosa (1927). As aulas são de desenho e pintura, na Escola do Parque. 

A partir de 1954, participa de mostras individuais e coletivas, no Brasil e no exterior. A primeira individual ocorre em 1960, na Biblioteca Thomas Jefferson do Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos, em Belo Horizonte. Na exposição, 16 desenhos e 10 xilogravuras apresentam insetos, plantas e casas, resgatando experiências vividas pela artista na zona rural e periférica de Belo Horizonte.

Quando se muda para o Rio de Janeiro, em 1966, começa a trabalhar como diagramadora em revistas, e, à noite, dedica-se à xilogravura. No ano seguinte, expõe na Galeria Goeldi um conjunto de 14 xilogravuras produzidas entre 1966 e 1967. Algumas das obras são: Juízo final, Árvore do saber: selva, Líquido amniótico e Limbo. Questionada na época sobre os títulos, a artista afirma que não pode dizer mais do que está gravado na madeira. Para ela, dar concretude a certos sentimentos e pensamentos faz com que ela comece a entendê-los.

Faz parte da Bienal Internacional de São Paulo duas vezes. Na primeira, em 1967, expõe quatro xilogravuras produzidas naquele mesmo ano. Recebe o Prêmio Itamaraty pelo trabalho. Na segunda vez, em 2016, expõe duas obras da década de 1980, da série Cotidiano.

Wilma participa do Panorama de Arte Atual Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) em diferentes anos, com obras de diferentes técnicas. Em 1971, expõe xilogravuras; em 1974, desenhos de bico de pena em ecoline, com grandes dimensões (76 x 56cm); em 1976, apresenta três pinturas feitas com vinil e acrílico e, pela peça Cotidiano XVI, em que dois elefantes surgem em cena doméstica que contém um telefone, ganha o Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo, na categoria pintura.

A série Cotidiano é produzida entre os anos 1975 e 1984. Nela, a artista primeiro produz as obras em desenho (nanquim e aquarela) e depois em pintura (acrílica). Posteriormente, redesenha todas, que são publicadas em livro fac-símile. Os espaços domésticos são ocupados por elementos da natureza, como plantas e animais: numa cena, árvores e um curso d’água pequeno se inserem gradualmente em uma pia de banheiro; noutra, a grama invade uma mala guardada em um armário; em mais um exemplo, animais silvestres se locomovem por uma cama desarrumada. Esses elementos naturais são os únicos coloridos em cenários de preto e branco.

Para o crítico de arte Frederico Morais (1936), os animais completam o espaço de modo preciso. Além disso, transformam os ambientes domésticos em seus habitats naturais ⎼ uma cama em pradaria, por exemplo. O crítico Ferreira Gullar (1930-2016) escreve sobre dois livros lançados por Wilma em 2015: Caderno de viagem e Cotidiano, ambos com desenhos dela. Segundo ele, a artista “realiza uma poética do ambiente doméstico, em que pressente o mistério e nos mostra.”[1] Para o crítico, a artista não revela a realidade, mas a inventa.

Em catálogo de 1976, Wilma escreve: “A tela, o papel e tintas são o veículo de uma possível apreensão de mim mesma e do mundo”[2]; além disso, assegura que, para ela, importa sonhar a partir do cotidiano e tornar o sonho mais real que a realidade, quando esta é insatisfatória.

Wilma Martins se distingue por deparar-se com o mundo externo em seu funcionamento normal e procurar subvertê-lo. Realidade, estranhamento e fantasia são os elementos essenciais de sua obra.

 

Notas

1. GULLAR, Ferreira. Sonho no papel. Folha de São Paulo. São Paulo, 5 jul. 2015. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2015/07/1651573-sonho-no-papel.shtml. Acesso em: 13 mar. 2019.

2. PAÇO DAS ARTES. Contrastes. São Paulo: Paço das Artes, 1976. s/p.

Obras 8

Abrir módulo
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Cotidiano

Tinta vinílica sobre tela
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Cotidiano

Bico de pena e ecoline sobre papel
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Cotidiano XVI

Vinil e acrílica sobre tela

Espetáculos de dança 1

Abrir módulo

Exposições 57

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 21

Abrir módulo
  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • COLEÇÃO Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da Arte Brasileira. São Paulo: MAM, 1984.
  • CONTRASTES. São Paulo: Paço das Artes, 1976. 7 lâminas.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • GALERIA ARTE GLOBAL. Wilma Martins. São Paulo: Galeria Arte Global, 1976.
  • GULLAR, Ferreira. Sonho no papel. Folha de São Paulo. São Paulo, 5 jul. 2015. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2015/07/1651573-sonho-no-papel.shtml. Acesso em: 13 mar. 2019
  • MARTINS, Wilma. Caderno de viagem. Rio de Janeiro: F. G. Gomez de Morais, 2015. Disponível em: https://issuu.com/fernandalopes4/docs/wilma_martins_caderno_de_viagem_iss. Acesso em: 13 mar. 2019
  • MARTINS, Wilma. Cotidiano: caderno de desenho. Rio de Janeiro: F. G. Gomez de Morais, 2015. Disponível em: https://issuu.com/fernandalopes4/docs/wilma_martins_cotidiano_issuu. Acesso em: 13 mar. 2019
  • MARTINS, Wilma. Wilma Martins. Textos de Márcio Sampaio, Lélia Coelho Frota e Francisco Bittencourt. Curitiba: Museu de Arte Contemporânea, 1980. 4 p., il. p&b. color.
  • MARTINS, Wilma. Wilma Martins: cotidiano. Apresentação de Paulo Roberto Leal; textos de Silviano Santiago, Lélia Coelho Frota e Roberto Pontual. Rio de Janeiro: Galeria Saramenha, 1982. 8 p., il. color.
  • MARTINS, Wilma. Wilma Martins: gravura. Brasília: Salão do DETUR, 1967. 2 p., il. p&b.
  • MORAIS, Frederico (Coord.). Wilma Martins. Rio de Janeiro: Tamanduá Arte, 2015.
  • PAÇO DAS ARTES. Contrastes. São Paulo: Paço das Artes, 1976.
  • PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
  • SALÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE CAMPINAS, 4., 1968, Campinas, SP. 4º Salão de Arte Contemporânea de Campinas. Campinas: MAC - José Pancetti, 1968.
  • SALÃO GLOBAL DE INVERNO, 6. , 1979, Belo Horizonte, MG. 6º Salão Global de Inverno. Belo Horizonte: Fundação Clóvis Salgado, 1979.
  • VELHA mania: desenho brasileiro. Rio de Janeiro, RJ: Escola de Artes Visuais do Parque Lage, 1985.
  • VIEIRA, Ivone Luzia. A Escola Guignard na cultura modernista de Minas: 1944-1962. Pedro Leopoldo: Companhia Empreendimento Sabará, 1988.
  • WILMA Martins: obras. Apresentação de Jayme Maurício e Roberto Pontual. Texto de Frederico Morais. São Paulo: Galeria Arte Global, 1976.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: