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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Sérgio Dias

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 27.11.2023
1951 Brasil / São Paulo / São Paulo
Sérgio Dias Baptista (São Paulo, São Paulo, 1951). Guitarrista, cantor e compositor. Cofundador da banda Os Mutantes e guitarrista fundamental do tropicalismo, Sérgio Dias marca o rock brasileiro mesclando influências estrangeiras com ritmos autorais.

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Sérgio Dias Baptista (São Paulo, São Paulo, 1951). Guitarrista, cantor e compositor. Cofundador da banda Os Mutantes e guitarrista fundamental do tropicalismo, Sérgio Dias marca o rock brasileiro mesclando influências estrangeiras com ritmos autorais.

Por influência da mãe concertista, do pai pianista e cantor amador, e dos irmãos mais velhos, o escritor Cláudio César Dias Baptista (1945) e o cantor e compositor Arnaldo Baptista (1948), Sérgio começa a tocar violão aos 11 anos de idade. Em 1964, torna-se guitarrista do The Wooden Faces, grupo de rock formado por seus dois irmãos, além de Raphael Villardi e Roberto Loyola. Cláudio abandona a carreira de músico para se dedicar a luthieria e, em pouco tempo, as cantoras Rita Lee (1947) e Suely Chagas, do The Teenage Singers, se juntam a Sérgio, Arnaldo, Raphael e Roberto e em 1965 surge um novo grupo, o Six Sided Rockers. Com a substituição de Suely e Roberto pelo baterista Luiz Pastura e a cantora Maria Olga Malheiros, a Mogguy, o grupo muda de nome para O'Seis. Em 1966, o sexteto grava seu único compacto pela gravadora Continental, com as canções “Suicida” e “Apocalipse”. No ano seguinte, com o fim da banda, Sérgio, Arnaldo e Rita continuam juntos e formam Os Mutantes.

O trio é contratado como banda de apoio de programas da TV Bandeirantes, onde conhecem o compositor Rogério Duprat (1932-2006). Os Mutantes então são convidados a tocar no 2º Festival Internacional da Canção (1967), acompanhando a cantora Nana Caymmi (1941) na canção “Bom Dia”, e o cantor e compositor Gilberto Gil (1942) em “Domingo no Parque”. “Extraordinariamente talentosos” e “ainda semi-amadores”1, o grupo, a convite de Gil e Caetano Veloso (1942), acaba se tornando parte fundamental do tropicalismo. 

Adolescente roqueiro do bairro da Pompéia, Sérgio é dotado de criatividade musical e tem um considerável domínio da linguagem musical pop internacional. Os Mutantes, portanto, não são copiadores dos Beatles ou de outros grupos similares britânicos e norte-americanos dos anos 1960. Em 1968, o grupo lança seu primeiro disco, homônimo, participa do 3º Festival Internacional da Canção com “Caminhante noturno”, e também como banda de apoio de Caetano Veloso em sua histórica interpretação de “Proibido proibir”. Em 1969, o trio viaja à Europa e se apresenta em Paris. 

Autodidata, aos 16 anos Sérgio já tinha uma destreza na guitarra comparável apenas a músicos britânicos e americanos. Adolescente, o guitarrista torna-se um protagonista precoce da cultura do final da década de 1960. Seu desenvolvimento musical se dá concomitante com o surgimento não só do tropicalismo, mas com o auge inventivo de grupos anglófonos como The Beatles, Rolling Stones e The Beach Boys. Sérgio cria uma identidade musical pessoal com o repertório autoral d'Os Mutantes. O equipamento musical desenvolvido pelo irmão mais velho Cláudio, na época luthier e engenheiro de som, garante a Sérgio uma qualidade timbrística única na história do rock mundial. Cláudio produz não apenas mesas e caixas de som para Os Mutantes, mas também pedais originais e a própria guitarra de Sérgio, a notória Regulus.

Em 1972, os irmãos Arnaldo e Sérgio, empenhados em tornar Os Mutantes uma banda de rock progressivo, seguem sem a presença de Rita Lee no grupo. Sérgio, Arnaldo, o então baixista Liminha (1951) e o baterista Dinho Leme (1949) gravam o disco O A e o Z (1973), cuja sonoridade desagrada a gravadora que resolve não lançá-lo. Em 1974, Arnaldo sai da banda. Sérgio, à frente de mais uma nova formação d'Os Mutantes, lança Tudo Foi Feito pelo Sol. Quatro anos mais tarde, o grupo interrompe suas atividades. 

Em 1980, Sérgio Dias lança seu primeiro disco solo com parcerias com Caetano Veloso, o jornalista e compositor Nelson Motta (1944) e o escritor Paulo Coelho (1947). Ainda na década de 1980, vive nos Estados Unidos, onde toca e grava com nomes da cena instrumental americana, além de excursionar com a cantora Flora Purim (1942) e o compositor Airto Moreira (1941), formando a banda Steps of the Imagination. Participa do disco Night Cruiser (1980), do compositor Eumir Deodato (1943). Grava, em parceria com o músico inglês Phil Manzanera (1951), na Inglaterra, o álbum Mato Grosso (1990). No ano seguinte grava Mind Over Matter (1991), seu primeiro disco com canções autorais em inglês. De volta ao Brasil, participa de um show da turnê do disco Bossa 'n Roll (1991), de Rita Lee.

Sérgio, Arnaldo e Dinho retomam Os Mutantes em 2006, graças à mostra Tropicália – A Revolution in Brazilian Culture, no Barbican Hall, em Londres. Depois dessa apresentação, o grupo, acompanhado de Zélia Duncan (1964) nos vocais, excursiona pelos Estados Unidos e pelo Brasil. Em 2007, Arnaldo e Zélia desligam-se d'Os Mutantes. O baterista Dinho acompanha Sérgio em dois novos discos de canções inéditas da banda: Haih or Amortecedor (2009) e Fool Metal Jack (2013). Em 2020, Sérgio, sem Dinho, segue como único membro original da banda no disco Zzyzx

Sergio Dias atravessa o tropicalismo, o rock progressivo e a música instrumental marcando diversas fases e estilos com sua originalidade musical. Seu método intuitivo, que sabe transpor a música internacional ao ambiente musical brasileiro, influencia não apenas o rock nacional, mas também artistas estrangeiros.

 

Nota

1. VELOSO, Caetano. Verdade Tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 171

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