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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Zélia Duncan

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 30.07.2024
28.10.1964 Brasil / Rio de Janeiro / Niterói
Zélia Cristina Duncan Gonçalves Moreira (Niterói, Rio de Janeiro, 1964). Compositora, cantora e instrumentista. Aos 6 anos de idade, Zélia muda-se com sua família para Brasília, onde estuda canto e violão. Estreia em 1981, vencendo um concurso da Sala Funarte e segue com apresentações em casas noturnas. Faz a abertura de shows de Luiz Melodia e ...

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Biografia
Zélia Cristina Duncan Gonçalves Moreira (Niterói, Rio de Janeiro, 1964). Compositora, cantora e instrumentista. Aos 6 anos de idade, Zélia muda-se com sua família para Brasília, onde estuda canto e violão. Estreia em 1981, vencendo um concurso da Sala Funarte e segue com apresentações em casas noturnas. Faz a abertura de shows de Luiz Melodia e participa do Projeto Pixinguinha. Em 1987 volta a Niterói e trabalha como locutora da Rádio Fluminense FM e backing vocal. Estuda teatro na Casa das Artes das Laranjeiras e, em 1989, monta o show Zélia Cristina no Caos.

No ano seguinte, lança o disco Outra Luz, que tem a participação de Luiz Melodia. Em 1992, é convidada por Almir Chediak a participar do songbook de Dorival Caymmi cantando Sábado em Copacabana (Carlos Guinle e Dorival Caymmi). Participa também dos songbooks de Edu Lobo, Chico Buarque, Djavan, João Donato, Marcos Valle, Tom Jobim e Francis Hime. Contratada pela gravadora WEA, adota o nome artístico Zélia Duncan. Em 1994 lança o álbum Zélia Duncan, com canções como Nos Lençóis desse Reggae, parceria com Christian Oyens, e Catedral, de Tanita Tikaran, versão sua e de Christian Oyens. Lança o disco Intimidade (1996), produzido por Liminha, com canções em parceria com Lucina e Christian Oyens, além de Vou Tirar Você do Dicionário, de Alice Ruiz e Itamar Assumpção. Em seu álbum seguinte, Acesso (1998), traz mais uma canção de Itamar Assumpção, Código de Acesso, e Quase sem Querer, de Negrete, Dado Villa-Lobos e Renato Russo.

Beto Vilares produz seu álbum Sortimento (2001), que tem no repertório a parceria com Rita Lee em Desconforto, gravada com Rappin'Hood, Johnny MC e DJ Marco. O disco tem ainda a participação de Nereu e João Parahyba, do Trio Mocotó, Céu e John Ulhoa, do Pato Fu. Este trabalho é lançado também ao vivo, Sortimento Vivo, em 2002. Em 2004 lança o disco e DVD Eu Me Transformo em Outras, uma homenagem a artistas que a influenciaram, inaugurando seu próprio selo, a Duncan Discos. No ano seguinte, grava Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band, com canções como a faixa-título (parceria com Lenine) e Dor Elegante (Paulo Leminski e Itamar Assumpção). Esse disco recebe o Prêmio TIM de 2006, como melhor disco de pop rock, e Zélia Duncan, o de melhor cantora. No mesmo ano, é convidada por Sérgio Dias a integrar Os Mutantes, em uma série de apresentações pelo Brasil e pelo exterior, com o show de Londres registrado em CD e DVD Os Mutantes - Live In Barbican Theatre. Em seguida lança o DVD ao vivo de Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band e anuncia sua saída dos Mutantes.

Em 2008, faz o show Amigo É Casa, com a cantora Simone, lançado em CD e DVD. Um ano depois, lança o disco Pelo Sabor do Gesto, com a produção de Beto Vilares e John Ulhoa. A canção que dá título ao disco é uma versão de Zélia para As-tu Déjà Aimé?, de Alex Beaupain. Lança o DVD Pelo Sabor do Gesto em Cena, em 2011, com canções do disco anterior e inéditas. Realiza em 2012 o espetáculo músico-teatral Tô Tatiando, baseado na obra do compositor Luiz Tatit, e prepara o projeto Tudo Esclarecido, com músicas de Itamar Assumpção. Tem várias composições gravadas por outros artistas, entre elas Pagu, parceria com Rita Lee, lançada por Maria Rita. A década de 1990 marca também uma série de participações em projetos especiais e tributos como Submarino Verde e Amarelo - The Beatles (Multishow, 1999) e Especial de Milton Nascimento (HBO, 1997).

 

Comentário Crítico
Zélia Duncan faz parte de uma geração de autores e intérpretes da música popular brasileira (MPB) que surgem nos anos 1990, como Adriana Calcanhoto, Chico César, Cássia Eller, Zeca Baleiro e Marisa Monte. Ela transita, desde o início da carreira, entre a composição e a interpretação. Inicia como intérprete, passa a fazer essencialmente letras, e a partir dos anos 2000 musica composições de outros artistas. O fato de também ser letrista, somado aos seus estudos de teatro, tem influência na forma como interpreta as canções, dando ênfase ao conteúdo da letra.

É notória a participação ativa da cantora na concepção artística de seus trabalhos, culminando na criação de seu próprio selo. Um exemplo disso é a trajetória do seu primeiro disco, Outra Luz (1990), que, por ser mais centrado no produtor, é criticado pela própria cantora, que passa a considerar Zélia Duncan (1994) como seu primeiro trabalho efetivamente.

A marca pessoal de Zélia está no timbre marcante, e na extensão grave, mas também na personalidade expressa em suas letras introspectivas, além de sua pesquisa musical de repertório. Busca mesclar tanto canções que as pessoas cantem junto quanto outras consideradas mais alternativas, resultado dessa pesquisa no cancioneiro brasileiro, passando por Dorival Caymmi, Milton Nascimento, Ed Motta até Luiz Tatit e Itamar Assumpção.

A influência de artistas estrangeiros também é significativa em seu trabalho. Podem ser citados Ella Fitzgerald (1917 - 1996), Joni Mitchel (1943), Joan Armatrading (1950) e Peter Gabriel (1950). Do ponto de vista da interpretação é possível perceber a influência de cantoras brasileiras como Maria Bethânia, Cássia Eller e Lucina. Sua performance no palco valoriza características intimistas de sua voz com vibratos controlados, timbre aerado, aveludado e levemente nasal.

O ecletismo de sua carreira é reflexo da cultura popular das cidades em que vive e com as quais dialoga: Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Alguns movimentos expoentes dessas cidades (rock de Brasília, samba carioca e vanguarda paulista) estão representados em seus discos.

Do estado do Rio de Janeiro ela incorpora ao seu trabalho os compositores das mais diversas vertentes. Além de seus parceiros mais frequentes, Christian Oyens (presente desde a adolescência) e Lucina, ela trabalha com Moska, Suely Mesquita, Lenine e Ed Motta. No disco Eu Me Transformo em Outras (2004), ela homenageia principalmente os compositores cariocas do samba, chorinho, bossa nova, como Cartola, Pedro Caetano, Herivelto Martins, Wilson Batista, Hermínio Bello de Carvalho, Haroldo Barbosa, Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Para gravar esse disco convida os instrumentistas Hamilton de Holanda (bandolim) e Marco Pereira (violão).

Ela também transita pelo universo musical tropicalista. Convidada para integrar Os Mutantes em sua formação recente, interpreta algumas canções de Tom Zé, e ainda tem algumas parcerias com Rita Lee, que representam um importante marco em sua carreira, pois é a partir desse encontro que cria melodias em cima de letras de outros compositores.

Mesmo de tendências e até mesmo gerações distintas, o repertório cantado por ela é um reflexo de sua diversidade artística e musical, visível em suas parcerias. Nesse sentido, a vanguarda paulista é uma fonte de repertório e inspiração para Zélia. Desse movimento ela incorpora algumas de suas características como o humor, a teatralidade e a narratividade. Zélia é uma ponte entre o repertório pop e o cult ou alternativo, o que mostra que está atenta aos estilos musicais presentes na música brasileira. A cantora assume publicamente que, quando jovem, um de seus sonhos era ser backing vocal de Itamar Assumpção.

Seu espetáculo baseado na obra de Luiz Tatit, chamado Tô Tatiando, é um exemplo dessa busca, além de culminar sua formação teatral em uma junção de música, poesia, interpretação e atuação. Ela também é parceira da cantora do grupo Rumo, uma das expoentes da vanguarda paulista, Ná Ozzetti.

Na grande maioria das vezes, Zélia coloca em suas letras situações e sentimentos corriqueiros do cotidiano, criando uma atmosfera de intimidade em sua obra, característica que batiza um de seus trabalhos (Intimidade, 1996). Um dos aspectos marcantes de sua produção é a temática feminina, além de brincadeiras com a linguagem utilizando expressões populares e o questionamento dos padrões, como a canção Pagu, gravada pela parceira Rita Lee, em 2004 ("Porque nem / Toda feiticeira é corcunda / Nem! / Toda brasileira é bunda / Meu peito não é de silicone / Sou mais macho / Que muito homem").

Zélia Duncan é uma artista de referência, tanto como compositora quanto como intérprete, incentivadora de trabalhos de diversos compositores por meio do selo Duncan Discos, como o disco Paralelas (2005), de Alice Ruiz e Alzira Espíndola. Ela é influência para cantoras como Maria Gadú e Isabela Taviani. Criteriosa em seus projetos, na voz, na pesquisa, no repertório e no acabamento de suas obras, o que a credencia a ser uma intérprete de grandes compositores brasileiros e, ao mesmo tempo, uma artista pop de sucesso.

Obras 1

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Espetáculos 2

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Mídias (1)

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Zélia Duncan | No Estúdio IC (2023)
Cantando profissionalmente desde a década de 1980, Zélia Duncan se destaca com um conjunto de grandes nomes femininos da música brasileira, entre esses nomes estão Cássia Eller, Marisa Monte e Adriana Calcanhoto. A partir de então, não parou sua produção e rodou o mundo, do Brasil ao Japão, levando sua voz e presença marcantes.

Ao participar de “No estúdio IC”, Zélia traz duas canções criadas com Juliano Holanda. “Pelespírito”, que dá nome ao disco lançado em 2021, foi composta durante a pandemia iniciada em 2020 e reflete as incertezas, os mistérios e os paradoxos daquele momento. Em "Viramos pó?", várias perguntas se elencam, e Zélia mergulha dentro de si mesma em busca de respostas.

“No estúdio IC” é uma série de programas que trazem grandes nomes da cultura brasileira para a apresentação de duas músicas e uma conversa intimista sobre elas, revivendo memórias, reflexões e vivências.

Fontes de pesquisa 6

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