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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Opinião 65

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 06.05.2018
12.08.1965 - 12.09.1965 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Mam Rio)
Reprodução fotográfica Paulo Scheuenstuhl

Auto-Retrato em Fases, 1965
Roberto Magalhães
Aquarela sobre papel, c.i.d.
20,00 cm x 18,00 cm
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ

"A jovem pintura pretendia ser independente, polêmica, inventiva, denunciadora, crítica, social, moral. Ela se inspira tanto na natureza urbana imediata como na própria vida com seu culto diário de mitos". Com essas palavras, a marchand e jornalista Ceres Franco anuncia a exposição Opinião 65, organizada por ela e pelo galerista Jean Boghici. In...

Texto

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Histórico
"A jovem pintura pretendia ser independente, polêmica, inventiva, denunciadora, crítica, social, moral. Ela se inspira tanto na natureza urbana imediata como na própria vida com seu culto diário de mitos". Com essas palavras, a marchand e jornalista Ceres Franco anuncia a exposição Opinião 65, organizada por ela e pelo galerista Jean Boghici. Integrando as comemorações do IV Centenário da cidade do Rio de Janeiro, a mostra ocupa o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, entre 12 de agosto e 12 de setembro de 1965, e reune vinte e nove artistas, treze europeus e dezesseis brasileiros. A idéia central dos organizadores é estabelecer um contraponto entre a produção nacional e estrangeira - de modo a avaliar o grau de atualização da arte brasileira - a partir das pesquisas recentes em torno das novas figurações. As tendências neofigurativas presentes no panorama internacional ao longo da década de 1960 aportam no país, por meio de exposições da nouvelle figuration francesa e da otra figuración argentina, entre 1961 e 1966. Dentre elas, a coletiva da Escola de Paris, 1964, na Galeria Relevo, de propriedade de Franco e Boghici, marca o estabelecimento de relações mais estreitas e sistemáticas entre as vanguardas francesa e brasileira, que vão encontrar o seu ponto alto na mostra Opinião 65.

Cunhado pelo crítico Michel Ragon, em 1961, o termo nouvelle figuration visa designar o retorno à figuração, na qual se observa o tratamento livre da figura, fora dos moldes realistas e descritivos tradicionais, a partir de lições retiradas do informalismo, do expressionismo abstrato e da arte pop. As exposições de 1961 e 1962 na galeria Mathias Fels, em Paris, apresentam as novas tendências. Aí reúnem-se não apenas jovens artistas franceses, mas também membros do Grupo CoBrA, além de Francis Bacon (1909 - 1992), Enrico Baj (1924 - 2003), Jean Dubuffet (1901 - 1985), Robert Lapoujade (1921 - 1993), Roberto Matta (1911 - 2002), entre outros. A Bienal de Paris, 1963, por sua vez, aproxima neofigurativistas europeus - Gilles Aillaud (1928 - 2005) e René Bertholo (1935 - 2005), por exemplo -, o argentino Antonio Seguí (1934), além da arte pop inglesa de David Hockney (1937).

A exposição Mitologias Cotidianas, em 1964, define com maior clareza os rumos da nova figuração em curso - também denominada de figuration narrative -, que busca, como o próprio título indica, aproximar-se da vida diária, em suas múltiplas dimensões, através de uma linguagem que apela ao grotesco e ao fantástico. É durante a exposição Mitologias Cotidianas que Ceres Franco seleciona os dezoito artistas que irão compor a mostra da Galeria Relevo; entre eles, os franceses Gilles Aillaud (La Route la Nuit, 1962) e Michel Parré (1938) (Maternité, 1964), o argentino Antonio Berni (1905 - 1981) - com a tela Toreador (1964) - e o brasileiro residente em Paris, Flavio - Shiró (1928). O propósito da exposição, diz a curadora, é aproximar a arte e o público nacionais das novas pesquisas plásticas, nas quais que se verificam operações de fragmentação e justaposição de imagens e decomposição de movimentos no tratamento de temas atuais e polêmicos, referidos às cenas social e política.

O impacto das novas linguagens figurativas na arte nacional é imediato, sobretudo em artistas cariocas, como Antonio Dias (1944)Carlos Vergara (1941)Rubens Gerchman (1942 - 2008)Roberto Magalhães (1940)Ivan Freitas (1932) e Adriano de Aquino (1946), participantes de Opinião 65. A exposição abriga estilos e tendências variadas, aproximadas pela retomada da imagem figurativa. Como afirma Ceres Franco, em balanço, vinte anos depois: "Opinião 65 teve representantes de todas as tendências, mas a imagem figurativa pintada era o que dominava então". Integram a mostra obras do inglês Wright Royston Adzak (1927); dos argentinos Antonio Berni e Jack Vanarsky; dos espanhóis Manuel Calvo (1934) e José Paredes Jardiel; dos franceses Gérard Tisserand (1934) e Alain Jacquet (1939); entre muitos outros. Dentre os brasileiros, além dos já citados, estão presentes Pedro Escosteguy (1916 - 1989)Waldemar Cordeiro (1925 - 1973)Ivan Serpa (1923 - 1973)José Roberto Aguilar (1941) e Adriano de Aquino (1946).

O rótulo nova figuração parece amplo o bastante para abarcar a maior parte dos trabalhos apresentados, aponta o crítico Paulo Sérgio Duarte, mas não dá conta da diversidade de linhas e trabalhos presentes na mostra. As obras de Carlos Vergara, por exemplo, permitem entrever um forte tom expressionista, aprendido nas aulas com Iberê Camargo (1914 - 1994). Os trabalhos de Flávio Império (1935 - 1985), assim como os Parangolés de Hélio Oiticica (1937 - 1980), também destoam do conjunto, pelo uso de linguagens próximas da coreografia e da arte ambiental. De qualquer modo, parecem predominar na exposição os temas ligados às questões urbanas e da cultura de massas, assim como a crítica social e política. O impacto de Opinião 65 pode ser aferido pela recepção crítica da época (por exemplo, os textos elogiosos que Ferreira Gullar (1930) e Mário Pedrosa (1900 - 1981) escrevem sobre ela, respectivamente, nos Cadernos da Civilização Brasileira, n. 4, 1965, e no Jornal do Comércio, 1966) e por outras exposições subseqüentes, consideradas seus desdobramentos diretos: Opinião 66 (Rio de Janeiro), Propostas 66 (São Paulo), Vanguarda Brasileira (Belo Horizonte, 1966), além da coletiva Nova Objetividade Brasileira (Rio de Janeiro, 1967).

Ficha Técnica

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Obras 4

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Reprodução fotográfica Paulo Scheuenstuhl

Sem Título

Aguada e nanquim sobre papel
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Vinde a Nós

Alto-relevo em gesso e tinta a óleo com moldura e base em chapa de ferro

Fontes de pesquisa 5

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  • ALVARADO, Daisy Valle Machado Peccinini de. Figurações Brasil anos 60: neofigurações fantásticas e neo-surrealismo, novo realismo e nova objetividade brasileira. São Paulo: Itaú Cultural / Edusp, 1999.
  • DUARTE, Paulo Sérgio. Anos 60: transformações da arte no Brasil. Rio de Janeiro: Lech, 1998.
  • KUSUNO, Tomoshige. Tomoshige Kusuno. São Paulo: Galeria Art-Art, 1968.
  • PONTUAL, Roberto. Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand. Tradução Florence Eleanor Irvin, John Knox. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1976.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

Como citar

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