Renina Katz

Favela
Renina Katz
Xilogravura, c.i.d.
27,00 cm x 18,00 cm
Texto
Biografia
Renina Katz Pedreira (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1925). Gravadora, desenhista, ilustradora, professora. Cursa a Escola Nacional de Belas Artes (Enba), no Rio de Janeiro, entre 1947 e 1950. Tem como professores, entre outros, Henrique Cavalleiro (1892-1975) e Quirino Campofiorito (1902-1993). Licencia-se em desenho pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil. Inicia-se em xilogravura com Axl Leskoschek (1889-1975), em 1946. Incentivada por Poty Lazzarotto (1924-1998), ingressa no curso de gravura em metal, oferecido por Carlos Oswald (1882-1971) no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Muda-se para São Paulo em 1951, e leciona gravura no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e, posteriormente, na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), até a década de 1960. Em 1956, publica o primeiro álbum de gravuras, intitulado Favela. A partir dessa data, é docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), onde permanece por 28 anos.
Análise
No início da carreira, Renina Katz dedica-se à pintura e realiza retratos e paisagens do Rio de Janeiro. Na década de 1950 sua obra denota preocupações sociais com um caráter de denúncia. Revela o universo dos trabalhadores urbanos e de personagens marginalizados, como nas várias gravuras que tratam do tema dos retirantes (1948/1956) ou no álbum Favelas, 1956. Suas xilogravuras apresentam um caráter realista, uma mensagem direta e grande concisão de elementos formais e têm grande requinte técnico, sendo comparadas, por alguns críticos, com a produção da gravadora alemã Käthe Kollwitz (1867-1945). A emoção é expressa graficamente na contundente oposição entre os pretos e brancos que confere às cenas o aspecto dramático, como ocorre em Retirantes, s.d.
Renina Katz deixa os temas ligados ao realismo social a partir da metade da década de 1950, quando sua obra passa gradualmente a adquirir um caráter não figurativo, embora permaneça nela a relação com a paisagem. A artista passa a enfatizar, cada vez mais, o jogo de transparências em suas obras. Inicia a produção em litogravura na década de 1970. A maioria de suas gravuras são sugestões de paisagens, concebidas como lugares da memória. Na opinião do crítico Roberto Pontual (1939-1994), quando suas gravuras pendem para o caráter lírico, Katz aproxima-se da atmosfera transparente e musical das obras de Fayga Ostrower (1920-2001).
Na série Lugares, 1981, a gravadora parte da representação da paisagem urbana, também como um lugar da memória, inspirando-se no poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) intitulado Paisagem: Como Se Faz. Ela afirma que "a cor surgiu como uma necessidade na evolução do trabalho, e a multiplicação das matrizes trouxe a possibilidade de explorar os vários valores tonais".1 Para obter as superfícies translúcidas, típicas em suas obras, Renina Katz grava muitas matrizes e aplica várias cores, realizando diversas impressões para obter uma única gravura. Em trabalhos posteriores, como Cosmos 2, 1992, ou Limite 2, 1993, destacam-se a sutil luminosidade e o surpreendente uso da cor.
Notas
1 Citado em KATZ, Renina. Renina Katz. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1997, p. 125.
Obras 20
A Estrada
Assymptota
Cerf-Volant
Desdobramento I
Favela
Exposições 293
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15/8/1946 - 5/9/1946
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1/11/1949 - 30/11/1949
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Fontes de pesquisa 12
- AXL Leskoschek e seus alunos: Brasil / 1940-1948. Curadoria Frederico Morais. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Banerj, 1985. (Ciclo de exposições sobre arte no Rio de Janeiro).
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- GRAVURA: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000.
- KATZ, Renina. Ares e lugares: gravuras sobre metal. São Paulo: Pinacoteca, 1996.
- KATZ, Renina. Renina Katz. São Paulo: Edusp, 1997. (Artistas da USP ; 6).
- KATZ, Renina. Renina Katz: Ilustrações para o "Romanceiro da Inconfidência" de Cecília Meirelles. Apresentação José Mindlin. Poços de Caldas: Instituto Moreira Salles, 1992.
- KATZ, Renina. Renina Katz: aquarelas. São Paulo: Múltipla de Arte, 1987.
- KATZ, Renina. Renina Katz: litografias. Brasília: Galeria Paulo Figueiredo, 1984.
- KATZ, Renina. Renina Katz: litografias. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1989.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- SEIS gravadores expressionistas do Brasil: Segall, Goeldi, Abramo, Renina, Poty, Grassmann. São Paulo: Museu Lasar Segall, 1982.
- ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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RENINA Katz.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa5505/renina-katz. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7