Mauro Francini
Texto
Biografia
Mauro Francini (Itália, 1924). Cenógrafo. Formado em Roma, trabalha no Teatro Brasileiro de Comédia, tornando-se importante colaborador da companhia no período entre 1952 e 1959.
Vem reforçar, em 1952, a equipe dos cenógrafos italianos do Teatro Brasileiro de Comédia, onde desenvolve profícua carreira, estreando em Inimigos Íntimos, de Pierre Barillet (1923) e J. P. Gredy (1920), com direção de Luciano Salce (1922-1989). A partir de 1953, com o afastamento de Aldo Calvo (1906-1991) e Bassano Vaccarini (1914-2002), torna-se praticamente o único cenógrafo fixo da companhia, assim permanecendo durante sete anos. Assina, sucessivamente, os cenários de Vá com Deus, de John Murray e Allen Boretz (1900-1986), dirigido por Flaminio Bollini (1924-1978), 1952; Na Terra como no Céu, de Franz Hochwalder (1879-1988), que lhe rende os prêmios Saci e Governador do Estado como melhor cenógrafo do ano; Uma Mulher em Três Atos, de Millôr Fernandes (1923-2012), Vão Gogo, direção de Adolfo Celi (1922-1986); Treze à Mesa, de Marc-Gilbert Sauvajon; A Desconhecida de Arras, de Armand Salacrou (1899-1989); Assim É...(Se Lhe Parece), de Luigi Pirandello (1867-1936), direção de Ruggero Jacobbi (1920-1981); Uma Certa Cabana, de André Roussin (1911-1987), todos em 1953.
No ano seguinte, outra sucessão de trabalhos: O Leito Nupcial, de Jan de Hartog (1914-2002), Mortos sem Sepultura, de Jean-Paul Sartre (1905-1980); Uma Mulher do Outro Mundo, de Noel Coward; E o Noroeste Soprou, de Edgard da Rocha Miranda, direção de Ziembinski (1908-1978); Leonor de Mendonça, de Gonçalves Dias (1823-1864); Negócios de Estado, de Louis Verneuil; Cândida, de Bernard Shaw; e Assassinato a Domicílio, de Frederick Knott (1916-2002).
Em 1955, dedica-se a algumas criações de grande envergadura, como Santa Marta Fabril S. A., de Abílio Pereira de Almeida (1906-1977); Volpone, de Ben Jonson; Maria Stuart, de Schiller (1759-1805); Os Filhos de Eduardo, de Marc-Gilbert Sauvajon. Em 1956 cria cenários para O Sedutor, de Diego Fabbri; A Casa de Chá do Luar de Agosto, de John Patrick, numa encenação de Maurice Vaneau (1926-2007); Divórcio para Três, de Victorien Sardou; Manouche, de André Birabeau (1890-1974), e Gata em Teto de Zinco Quente, de Tennessee Williams (1911-1983).
São de 1957 as criações de A Rainha e os Rebeldes, de Ugo Betti, arrebatando novo Prêmio Saci de melhor cenografia; Rua São Luís, 27 - 8º Andar, de Abílio Pereira de Almeida; Adorável Júlia, de Marc-Gilbert Sauvajon; Os Interesses Criados, de Jacinto Benavente, dirigido por Alberto D'Aversa (1920-1969). Em 1958 faz A Dama de Copas, de Abílio Pereira de Almeida; A Muito Curiosa História da Virtuosa Matrona de Éfeso, de Guilherme Figueiredo (1915-1997); Vestir os Nus, de Luigi Pirandello; Um Panorama Visto da Ponte, de Arthur Miller, considerado o melhor trabalho que realiza no Brasil, e Pedreira das Almas, de Jorge Andrade (1922-1984).
Em 1959, seu penúltimo ano de trabalho junto ao TBC, executa os cenários para a encenação de Alfredo Mesquita (1907-1986), A Senhoria, de Jacques Audiberti; Senhorita Júlia, de August Strindberg; e sua criação de despedida, Romanoff e Julieta, de Peter Ustinov, em 1959. Voltando à Itália, passa a lecionar na Escola de Arte Dramática do Piccolo Teatro de Milão.
O crítico Yan Michalski (1932-1990) assim destaca os méritos de seu trabalho: "Proporcionalmente ao tempo que passou em São Paulo, a sua produção foi impressionante, em quantidade e diversidade: talvez nenhum outro cenógrafo do moderno teatro brasileiro tenha criado, num período equivalente, tantos cenários, correspondentes a textos de gêneros e estilos tão variados. Sem ser um artista arrojado ou inovador, demonstrou ser um profissional de extrema eficiência, dotado de amplos conhecimentos técnicos, estilísticos e históricos, através dos quais contribuiu para a rápida elevação do nível da cenografia brasileira. A sua saída, que coincidiu com a tomada de poder no TBC pelos jovens diretores nacionais, completou de certa forma os processo de transferência do saber dos mestres italianos para os aprendizes brasileiros"1.
Nota
1 MICHALSKI, Yan. Mauro Francini. In: __________. PEQUENA Enciclopédia do teatro Brasileiro Contemporâneo. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq. Rio de Janeiro, 1989.
Espetáculos 44
Exposições 26
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13/12/1954 - 26/2/1953
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2/7/1955 - 12/10/1955
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Fontes de pesquisa 7
- ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Edélcio Mostaço]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos.
- FERRARA, J.A. e SERRONI, J.C. (org.): Cenografia e Indumentária no TBC, São Paulo: Secretaria do Estado da Cultura, 1980.
- GUZIK, Alberto. TBC: crônica de um sonho. São Paulo: Perspectiva, 1986.
- GUZIK, Alberto; PEREIRA, Maria Lúcia (Org.). Teatro Brasileiro de Comédia. Dionysos, Rio de Janeiro, n. 25, set. 1980. Edição especial.
- PRADO, Décio de Almeida. O teatro brasileiro moderno. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 1996. (Debates, 211).
- PRADO, Décio de Almeida. Teatro em progresso: crítica teatral, 1955-1964. São Paulo: Martins, 1964.
- SIQUEIRA, José Rubens. Viver de teatro: uma biografia de Flávio Rangel. São Paulo: Nova Alexandria, 1995.
Como citar
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MAURO Francini.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa216907/mauro-francini. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7