Jayme Maurício
Texto
Jayme Maurício Rodrigues Siqueira (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1926 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1997). Crítico de arte, curador. Em sua coluna de artes plásticas no periódico carioca Correio da manhã, torna acessível ao público as informações sobre a área por meio da linguagem jornalística. Importante articulador da consolidação do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) em sede própria e divulgador de suas ações. Atua, ainda, como comissário da delegação brasileira em grandes exposições internacionais.
Estuda no Liceu de Artes e Ofícios, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Segue para Belo Horizonte, Minas Gerais, onde tem aulas com o pintor Alberto da Veiga Guignard (1896-1962). A partir de 1949, escreve para o jornal Correio da manhã, sediado no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Inicia suas atividades na seção de teatro, passando pelos segmentos de música, rádio, dança e cinema. Consolida-se como crítico de artes plásticas em janeiro de 1952. Seu estilo de redação é pautado pela proximidade com a crônica, afastando-se do ensaísmo filosófico-artístico e tornando os textos mais palatáveis ao grande público.
Envolve-se com a articulação pela implementação de sede para o MAM Rio junto à sócia fundadora e diretora da instituição, a jornalista e empresária Niomar Moniz Sodré (1916-2003). Em 1952, o MAM Rio é instalado no prédio do Ministério da Educação e Saúde, em anexo projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012). No mesmo ano, a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro aprova a doação de terreno no Aterro do Flamengo para a sede definitiva do museu. Além de veicular notícias sobre toda a movimentação política, Maurício fomenta a leitura crítica das exposições realizadas pela instituição, além de divulgar amplamente os cursos e quaisquer atividades realizadas pelo museu carioca.
De 1955 a 1969, sua coluna no Correio da manhã passa a ser apresentada sob o título “Itinerário das artes plásticas”. Voltado para as artes modernas, é atento ao cenário vanguardista nacional e internacional. Em 1955, faz parte da organização do Congresso Internacional Extraordinário de Críticos de Arte, realizado na cidade de Brasília em 1959, Distrito Federal, antes de sua fundação oficial. Em sua seção no jornal, demonstra apoio ao projeto da nova capital brasileira, unindo-se ao grupo do crítico de arte Mário Pedrosa (1900-1981).
No ano de 1964, chefia a delegação brasileira em sua primeira participação na Trienal de Milão, em sua 13ª edição. Convida o arquiteto Lucio Costa (1902-1998) para realizar um projeto, ao que Costa atende com a instalação Riposatevi (1964), utilizando redes nordestinas e violões. A exposição brasileira ganha destaque de público e imprensa, obtendo medalha de prata no evento.
É eleito para integrar o conselho deliberativo do MAM Rio, em 1965, e é credenciado pela instituição para representá-la junto à Fundação Bienal de São Paulo, em 1966, na qual já ocupa o cargo de assessor para as artes plásticas e arquitetura. No ano seguinte, compõe o júri de seleção de artistas nacionais na 9ª Bienal Internacional de São Paulo. O júri de premiação passa a ser formado por críticos de arte ao invés de comissários. Nessa ocasião, Maurício é indicado como representante brasileiro do júri internacional de premiação. É convidado para compor a banca julgadora de diversos eventos nacionais, como o Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, em 1966; o Salão Municipal de Belas Artes de Belo Horizonte, em 1967 e 1968; e o Salão de Arte Contemporânea de Campinas, também em 1967 e 1968.
Em 1967, torna-se comissário do Brasil para a 34ª Bienal de Veneza, realizada no ano seguinte. Maurício apresenta uma retrospectiva da artista Lygia Clark (1920-1988), com 82 obras, além de levar cerca de uma dezena de obras dos artistas Anna Letycia (1929-2018), Farnese de Andrade (1926-1996), Mary Vieira (1927-2001) e Mira Schendel (1919-1988). O Ministério das Relações Exteriores publica catálogo brasileiro com textos de Jayme Maurício em italiano, inglês e português. Em 1969, é convidado para chefiar a delegação nacional na Trienal de Xilogravura de Carpi, na Itália.
Retornando ao Rio de Janeiro, ingressa na diretoria da seção regional da Guanabara da Associação Brasileira de Desenho Industrial (ABDI) e organiza o Concurso Internacional do Cartaz do Café. Reitera sua abertura ao novo nas artes plásticas, agora se aproximando do design.
Em 1974, o Correio da manhã encerra suas atividades devido às pressões do regime ditatorial brasileiro. Jayme Maurício se desliga do conselho deliberativo do MAM Rio e segue em suas atividades na crítica de arte, com a participação em publicações especializadas e a organização de exposições. Veicula textos críticos nos catálogos de exposições dos artistas Fayga Ostrower (1920-2001) e Antonio Bandeira (1922-1967) e nos livros sobre Manabu Mabe (1924-1997) e Wakabayashi (1931-2021). Realiza a curadoria das esculturas do Parque Natural Municipal da Catacumba, no Rio de Janeiro, em 1979, e de recortes sobre a Coleção Roberto Marinho, em 1985, 1987 e 1989. Recebe o prêmio Gonzaga Duque, da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), em 1996.
Jayme Maurício é um crítico de arte atrelado ao seu tempo não apenas como atento comentador, mas como importante articulador para a consolidação das artes plásticas brasileiras dentro e fora do país.
Exposições 28
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15/9/1959 - 31/10/1959
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1959 - 1959
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1959 - 1959
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Fontes de pesquisa 16
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JAYME Maurício.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
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