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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Fernanda Montenegro

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 06.06.2024
16.10.1929 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica Correio da Manhã/Acervo Arquivo Nacional

Fernanda Montenegro em cena de Computa, Computador, Computa - 1972

Arlette Pinheiro Esteves da Silva (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1929). Atriz. Uma das fundadoras do Teatro dos Sete, interpreta suas personagens com a sinceridade e o vigor que a tornam uma das artistas mais destacadas no campo das artes cênicas, tanto no teatro, quanto no cinema e na televisão.

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Arlette Pinheiro Esteves da Silva (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1929). Atriz. Uma das fundadoras do Teatro dos Sete, interpreta suas personagens com a sinceridade e o vigor que a tornam uma das artistas mais destacadas no campo das artes cênicas, tanto no teatro, quanto no cinema e na televisão.

Começa a carreira no rádio, aos 16 anos. No teatro, sua primeira experiência ocorre em uma produção da diretora Esther Leão (1892-1971). Em 1952, ingressa na companhia da diretora franco-brasileira Henriette Morineau (1908-1990), Os Artistas Unidos. Em 1954, estreia no Teatro Maria Della Costa (TMDC), atuando em O canto da cotovia, do dramaturgo francês Jean Anouilh (1910-1987), um dos espetáculos mais importantes da companhia, com direção de Gianni Ratto (1916-2005). Permanece no TMDC por dois anos e tem seu primeiro papel de destaque, em 1955, interpretando Lucília em A moratória, de Jorge Andrade (1922-1984), que lhe vale o Prêmio Saci e a promove ao estrelato. Em 1956, estreia no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), na peça Divórcio para três, do autor francês Victorien Sardou (1831-1908), dirigida por Ziembinski (1908-1978), permanecendo na companhia até 1958.

A atriz se revela, então, em plena maturidade artística. Seu desempenho sincero e vigoroso – que na opinião dos críticos faz valer o espetáculo – é reiteradamente assinalado. Diferente dos chamados “monstros sagrados” do teatro, assimila desde cedo a verticalidade do teatro, na figura do encenador: “Eu vi que não era só dizer a frase com sujeito, verbo e predicado. Aquilo tinha uma imantação e cada período daqueles estava inserido numa cena, que tinha um batimento, que se unia a outra cena... E assim tinha um resultado não só artístico, mas social, político, existencial. Isso tudo dentro de uma visão estética do espetáculo que correspondesse a uma unidade cênica”1.

Funda o Teatro dos Sete, com Fernando Torres (1927-2008), Sergio Britto (1923-2011), Ítalo Rossi (1931-2011) e Gianni Ratto, onde participa de todos os espetáculos até a dissolução da companhia, em 1965.

Ratto, que dirige a maioria dos espetáculos do Teatro dos Sete, traduz a importância da atriz: “A sólida estruturação moral, a noção crítica que ela tem de seu trabalho na perspectiva histórica de suas origens e do mundo ao qual pertence e que ela mesmo criou para si, emprestam ao seu trabalho o cunho do severo e implacável profissionalismo de um artista da Renascença”2.

De 1966 a 1968, Fernanda atua em quatro espetáculos, dirigida por Fernando Torres, com destaque para A mulher de todos nós (1966), do autor francês Henri Becque (1837-1899), e por O homem do princípio ao fim (1966), de Millôr Fernandes (1923-2012), pelos quais recebe o Prêmio Molière.

Na década de 1970, atua em diversos espetáculos como Oh! Que belos dias (1970), do dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989), com direção de Ivan de Albuquerque (1932-2001); O marido vai à caça (1971), do francês Georges Feydeau (1862-1921), dirigida por Amir Haddad (1937); O interrogatório (1972), do alemão Peter Weiss (1916-1982), direção de Celso Nunes (1941). Com o espetáculo É... (1977), de Millôr Fernandes, passa três anos e meio em temporada, realizando, em quatro capitais, um recorde de apresentações ininterruptas.

Na década de 1980, seu espetáculo mais marcante é As lágrimas amargas de Petra von Kant (1982), do alemão Rainer Werner Fassbinder (1945-1982), pelo qual recebe os prêmios Molière e Mambembe. Macksen Luiz (1945) escreve sobre o desempenho da atriz no espetáculo e sobre o impacto do espectador ao vê-la interpretar. Ressalta que ali se mostra uma atriz no ápice de sua forma, com absoluto domínio do seu espaço de trabalho. Tal apuro a permite convergir todas suas experiências, de 30 anos de encenação, para a composição de uma personagem e, consequentemente, uma atuação na qual cada elemento – gestualidade, movimentação, voz, respiração – produza um efeito dramático profundo e de intimidade com o público.

Cinco anos depois, seu desempenho é novamente consagrado em Dona Doida, um interlúdio (1987), de Adélia Prado (1935), valendo-lhe o Prêmio Molière. Em 1991, sobe à cena com a filha Fernanda Torres (1965), para fazer uma abordagem sarcástica e grotesca da relação maternal em The Flash and Crash Days, de Gerald Thomas (1954). Nesse espetáculo feito de silêncio, em que o texto se resume a palavras ou frases só compreensíveis no contexto da ação, a atriz se expõe ao risco e à experimentação cênica.

No cinema, atua, entre outros, em: A falecida (1965), de Nelson Rodrigues (1912-1980), com direção de Leon Hirszman (1937-1987); Em família (1971), com roteiro de Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974) e direção de Paulo Porto (1917-1999); Tudo bem (1978), com direção de Arnaldo Jabor (1940-2022); Eles não usam black-tie (1981), com direção de Leon Hirszman.

No final dos anos 1990, recebe todos os prêmios nacionais, cinco prêmios internacionais e é a primeira atriz brasileira a ser indicada ao Oscar pela atuação no filme Central do Brasil (1998), de Walter Salles (1956).

Fernanda Montenegro resiste ao lugar de mito em que é constantemente colocada e, nos momentos de homenagem, sempre obriga a audiência a se lembrar dos colegas de sua classe. Pelo reconhecimento dessa consciência, não é incomum que críticos e jornalistas, ao analisar ou tentar definir seu estilo, extrapolem o escopo da atriz, alcançando-lhe os posicionamentos de pessoa e cidadã. Caetano Veloso, no prefácio de sua biografia, observa que, para Fernanda Montenegro, o mundo, a vida e a própria arte são nela todas e uma só questão, à qual responde com excelência, humanidade e ética.

Notas

1. MONTENEGRO, Fernanda. Entrevista a Regina Zappa e Pedro Butcher. In: Fernanda encena: retrospectiva 50 anos. Rio de Janeiro: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1999.

2. RATTO, Gianni. O primeiro roubo. In: Fernanda Encena: retrospectiva 50 anos. Op. cit.

Obras 2

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Espetáculos 85

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Exposições 1

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Fontes de pesquisa 13

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  • BARBOSA, Neusa. Fernanda Montenegro: A Defesa do Mistério. Disponível em : < http://aplauso.imprensaoficial.com.br/edicoes/12.0.813.613/12.0.813.613.txt >. Acesso em: 22 de julho de 2011. Não catalogado
  • BRANDÃO, Tania. A máquina de repetir e a fábrica de estrelas: Teatro dos Sete. Rio de Janeiro: 7Letras : Faperj, 2002. 792.09 T253b
  • BRITTO, Sérgio. Fábrica de ilusão: 50 anos de teatro. Rio de Janeiro: Funarte, 1996. 260 p.
  • CALABAR, o Elogio da Traição. São Paulo: Othon Bastos Produções Artísticas, 1980. 1 programa do espetáculo realizado no Theatro São Pedro. Não catalogado
  • DIAS Felizes. Curitiba: Fernando Torres Diversões, 1995. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro Fernanda Montenegro. Não Catalogado
  • EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011. Não catalogado
  • FEDRA. Rio de Janeiro: Teatro Opinião, 1986. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro Opinião. Não catalogado
  • FERNANDA Encena: retrospectiva 50 anos, Rio de Janeiro, MAM, 1999. (Caderno publicado por ocasião da exposição comemorativa dos 50 anos de carreira da atriz).
  • Programa do Espetáculo - A Mulher de Todos Nós - 1968. Não catalogado
  • Programa do Espetáculo - As Lágrimas Amargas de Petra von Kant - 1983. Não catalogado
  • Programa do Espetáculo - É... - 1977. Não Catalogado
  • RITO, Lúcia. Fernanda Montenegro em o exercício da paixão. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1990.
  • SERIA cômico se não fosse sério. Sâo Paulo, 1976-1977. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro Sesc Anchieta. Não catalogado

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