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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Marinha

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 29.04.2019
Registro fotográfico Eduardo Castanho/Itaú Cultural

Vista da Ponta de Icaraí, 1884
Georg Grimm
Óleo sobre tela, c.i.d.
81,40 cm x 152,00 cm
Coleção particular

Chama-se marinha a pintura que tem especificamente por tema a paisagem marítima ou assuntos marinhos. Enquanto pintura de gênero é compreendida como um subgênero da pintura de paisagem, acompanhando seu desenvolvimento histórico. As marinhas aparecem pela primeira vez no século XVI nos Países Baixos e se desenvolvem no século XVII e XVIII, com a...

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Chama-se marinha a pintura que tem especificamente por tema a paisagem marítima ou assuntos marinhos. Enquanto pintura de gênero é compreendida como um subgênero da pintura de paisagem, acompanhando seu desenvolvimento histórico. As marinhas aparecem pela primeira vez no século XVI nos Países Baixos e se desenvolvem no século XVII e XVIII, com a crescente especialização de alguns artistas em pinturas com temas específicos. Na Holanda, no século XVII, pintores como Simon de Vlieger (1601-1653) e Jan van Goyen (1596-1656) elevam a pintura de marinhas a um tal grau de virtuosismo na representação fiel e minuciosa de cenas marítimas que ainda hoje seus quadros são vistos como valiosos documentos históricos do período de expansão naval da Inglaterra e da Holanda. Esses artistas em sua visão simples e direta da paisagem são os primeiros a descobrir a beleza de cenas não-dramáticas. Especializam-se na reprodução da atmosfera do mar e do céu, em geral repleto de nuvens e de horizonte baixo, e pintam com o mesmo entusiasmo o movimento de um moinho à beira-mar numa calma alvorada quanto uma batalha naval. Na França, Claude-Joseph Vernet (1714-1789) é um dos primeiros pintores a se dedicar à pintura de paisagens cujo objeto central é o mar. Conhecido por suas pinturas de praias e portos, ele é contratado por Luís XV em 1753 para pintar uma série de 16 vistas de portos franceses que hoje podem ser encontradas no Musée du Louvre [Museu do Louvre], em Paris.

No início do século XIX, impulsionada por um espírito romântico, a pintura de paisagem conhece uma popularidade ímpar em sua história. Grandes artistas do período como Joseph Mallord William Turner (1775-1851) e John Constable (1776-1837) dão nova dignidade a esse tipo de obra. Turner, que no início de sua carreira revela a influência da pintura marítima holandesa do século XVII em quadros como Pescadores no Mar (1796), logo ultrapassa as primeiras lições sobre o fenômeno da luz e dos efeitos atmosféricos e elege temas dramáticos, no sentido do movimento, que inauguram uma nova abordagem na pintura de paisagem. Em quadros como Naufrágio (1805) e Vapor numa Tempestade de Neve (1842), a recriação pictórica da luz e sua atmosfera é utilizada para transmitir a idéia de uma natureza sublime em constante turbilhonamento. Na Alemanha, o grande pintor romântico Caspar David Friedrich (1774-1840) também pinta grandes extensões de mar envoltas por uma estranha luz, atribuindo à paisagem marítima um profundo sentido espiritual.

Na França, os artistas reunidos no grupo conhecido como Escola de Barbizon procuram levar adiante as pesquisas de cunho mais realista dos holandeses e do inglês Constable na pintura de paisagem. Com o impressionismo, na segunda metade do século XIX, o tema marítimo volta a ter importância central, principalmente na produção de Claude Monet (1840-1926) que reconhece nas vistas marinhas uma oportunidade exemplar de trabalhar os efeitos de luz e sua diversidade de cores. É exatamente de um quadro que procura captar os efeitos da luz ao do nascer do sol à beira mar que o impressionismo ganha seu nome: a tela Impressão: Sol Nascente (1872) de Monet.

No Brasil, os pintores holandeses que aqui aportaram no século XVII, como Frans Post (1612-1680), não deram muita importância à pintura de marinhas. No século XIX, alguns pintores viajantes como Thomas Ender (1793-1875) e Johann Moritz Rugendas (1802-1858) pintam com frequência vistas de cidades brasileiras litorâneas. O francês Nicolas Antoine Taunay (1755-1830), professor de paisagem da Missão Artística Francesa, também realiza vistas marítimas do Rio de Janeiro no início do século XIX, mas sem chegar a se destacar nessa área. É somente no final do século que surge um pintor dedicado quase exclusivamente à pintura de marinhas no Brasil: o italiano residente no Rio de Janeiro Castagneto (1851-1900). Suas pinturas destacam-se pelo viés romântico de seu estilo, que tempera a representação da realidade com uma visão bem pessoal. As melhores marinhas do artista apresentam um certo monocromatismo em que céu e mar quase se confundem numa atmosfera em geral esbranquiçada ou de tons azulados, em que as diferenças entre água, ondas, céu e nuvem são realizadas por leves pinceladas. Outro importante pintor do litoral brasileiro é Benedito Calixto (1853-1927). Natural do litoral paulista, Calixto dedicou parte de sua produção a pintar vistas das praias e do porto de Santos. Apesar de sua popularidade, sua pintura, presa demais a concepção de imitação fiel, quase científica, da natureza, não atinge o valor artístico de Castagneto, apesar de apresentar um importante conjunto documental da iconografia paulista. Já no registro da arte moderna, o marinheiro e pintor José Pancetti (1902-1958) dedica grande parte de sua produção ao registro de temas ou cenas marítimas. Suas paisagens marinhas, caracterizadas pela simplificação formal, por enquadramentos inusuais e fortes contrastes de cor, são responsáveis pela sobrevida do gênero na história da arte brasileira.

Obras 2

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Fontes de pesquisa 5

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  • CHILVERS, Ian (org.). Dicionário Oxford de arte. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
  • DICTIONNAIRE d'histoire de l'art. Paris: Puf, 1985.
  • ENCYCLOPEDIA of World Art. New York: McGraw-Hill Book Company, 1972.
  • GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1988.
  • SCHAPIRO, Meyer. Impressionismo: reflexões e percepções. Tradução Ana Luiza Dantas Borges; prefácio Sônia Salzstein. São Paulo: Cosac & Naify, 2002. 360 p., il. p&b color.

Como citar

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