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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Maria Inez Barros de Almeida

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 27.09.2024
06.10.1925 Brasil / Rio Grande do Sul / Porto Alegre
10.06.2017 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Maria Inez Barros de Almeida (Porto Alegre, Rio Grande do Sul , 1925 - idem 2017). Dramaturga, radialista e pesquisadora. Durante sete anos atua como crítica teatral e redatora do programa Cenas e Bastidores, transmitido pela Rádio MEC. Realiza e publica importantes pesquisas sobre a Companhia Tônia-Celi-Autran (CTCA) e o Teatro Cacilda Becker (...

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Biografia

Maria Inez Barros de Almeida (Porto Alegre, Rio Grande do Sul , 1925 - idem 2017). Dramaturga, radialista e pesquisadora. Durante sete anos atua como crítica teatral e redatora do programa Cenas e Bastidores, transmitido pela Rádio MEC. Realiza e publica importantes pesquisas sobre a Companhia Tônia-Celi-Autran (CTCA) e o Teatro Cacilda Becker (TCB).

No Rio de Janeiro, em fins de 1946, ingressa no Teatro do Estudante do Brasil (TEB) e ensaia, sem chegar a apresentar, um papel para a peça Inês de Castro, de Antonio Ferreira. Em 1947, atua no Teatro de Câmera, com o nome artístico de Ângela de Castro e, no Teatro Glória, interpreta, pela primeira e única vez, uma personagem na peça Para Além da Vida, do escritor e poeta português Alberto Rebelo de Almeida.

Estreia como autora em 1954, com uma peça de teatro de costumes gaúchos, o drama psicológico Da Mesma Argila, dirigido por Alfredo Souto de Almeida (s.d.-1996), seu marido, no Teatro Duse. O crítico de teatro Gustavo Dória dá destaque ao novo talento: "Maria Inez [sic] revela um domínio técnico do gênero para o qual poderá contribuir com dias de maior fôlego. [...] soube tirar partido de situações e tipos, com grande habilidade, construindo cenicamente muito bem todo o trabalho".1 Brutus Pedreira, crítico da Revista da Semana, também saúda a autora: "[...] em sua peça de estreia [...] deu-nos mostras de qualidades nem sempre encontradiças em autores de maior tirocínio: senso de desenvolvimento e construção dramática, além de bom e fluente diálogo".2

O Diabo Cospe Vermelho ganha o Prêmio Fabio Prado de Teatro da Sociedade Paulista de Escritores, em 1955. No ano seguinte, a Sociedade Teatro do Sul, primeira experiência de estabelecimento de uma companhia de teatro profissional gaúcha, estreia essa peça em Porto Alegre, com direção de Carlos Alberto Murtinho. Em 1957, com o nome de Sociedade Teatro Estúdio, a companhia viaja ao Rio de Janeiro para encenar a peça no Teatro Maison de France, a convite da Sociedade Teatral de Arte. O crítico Henrique Oscar, do Diário de Notícias, comenta: "A peça [...] nos transporta para a fronteira gaúcha e nos coloca diante de uma família de contrabandistas, nos primeiros anos do século atual. [...] não se pode lamentar que a peça não inove, não traga qualquer contribuição, seja apenas mais um quadro de costumes, há que reconhecer-lhe o mérito não pequeno de ser uma obra teatral, à qual se poderão fazer as restrições apontadas e outras mais, mas que é inegavelmente uma peça, em que há certa estrutura, com alguma construção: características que, via de regra, faltam de modo impressionante aos textos que os novos autores nacionais escrevem para a cena".3

Entre 1956 e 1958, Maria Inez participa de leituras dramatizadas no Teatro em Casa, fundado por Carlos Perry e Alfredo Souto de Almeida. Escreve a peça Exposição 1935 (ou O Zepelim e o Vovô Valentim), uma comédia de costumes que se passa no Rio Grande do Sul no centenário da Revolução Farroupilha. A peça recebe o 2º lugar no concurso da Caixa Econômica de São Paulo e é montada pelo Studio 53, com direção de Carlos Alberto Murtinho, em 1957.

O Grupo de Estudos Teatrais Cláudio de Souza, do Pen Club do Brasil, e os alunos da Escola de Teatro Martins Pena realizam montagens de O Diabo Cospe Vermelho, dirigidas por Jorge Kossovski, também em 1957. Maria Inez participa da leitura dramatizada de À Luz de uma Fogueira, de Christopher Fry, dirigida por Yan Michalski em 1958, em O Tablado.

A peça O Diabo Cospe Vermelho, publicada pelo Serviço Nacional do Teatro (SNT) em 1959, é encenada por Vicente Acedo, em 1961, no 4º Festival de Teatro Amador do Estado de São Paulo.

De 1952 a 1959, Maria Inez trabalha no programa Cenas e Bastidores, dirigido por Alfredo Souto de Almeida, e transmitido pela Rádio Ministério da Educação e Cultura (Rádio MEC). Com o pseudônimo Lavínia Soares, redige críticas, inicialmente lidas pela locutora Arlette Pinheiro (Fernanda Montenegro). Posteriormente, Maria Inez fica em seu lugar na locução, além de dedicar-se à redação de notícias sobre teatro. Participa da fundação do Círculo Independente de Críticos Teatrais (CICT), em 1958. É efetivada como técnica em assuntos culturais pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) em 1962.

No ano de 1963, o diretor Kléber Santos inicia a temporada do Teatro Jovem, com o espetáculo Aonde Vais, Isabel?, peça na qual a autora desloca sua costumeira temática regionalista para o contexto carioca. O crítico Yan Michalski observa: "Sente-se que Maria Inez pretendeu tratar o assunto com uma enorme emoção e com uma infinidade de boas intenções, mas tudo isso ficou enterrado debaixo de uma trama de folhetim [...]".4

Escreve duas peças para a televisão: História do Herói e Crônica de uma Rainha. História do Herói fica em 1º lugar no Grande Concurso de Autores de Teleteatro, promovido pelo programa Grande Teatro Tupi. A comissão julgadora é formada por Raimundo Magalhães Júnior, Accioly Netto, Paulo Francis, Nestor de Hollanda e Sergio Britto. A repercussão do concurso é enorme, pois é a primeira vez que um novo gênero literário e dramático, a telepeça, é premiado.

História do Herói, que vai ao ar em 1961, com direção de Fernando Torres, narra a trajetória de um bicheiro que entra para a política e é eleito vereador. Do elenco fazem parte a cantora Ellen de Lima, os atores Daniel Filho, Odete Lara, Ivy Fernandes e Sergio Britto, entre outros. Em 1965, a peça é adaptada para o cinema por Jece Valadão e Victor Lima com o título História de um Crápula.

O Grande Teatro apresenta na TV Globo, em 1965, Crônica de uma Rainha - 2º lugar no concurso de teleteatro de 1962. O enredo conta como uma candidata a miss Brasil recorda as dificuldades vividas antes de conquistar o título. No elenco, Yoná Magalhães, que protagoniza a miss Brasil, Jaime Costa, Iracema de Alencar, Glauce Rocha, Rosita Thomaz Lopes, Ítalo Rossi, Aldo de Maio, Sergio Britto e outros. Aonde Vais, Isabel? é exibida no Grande Teatro da TV Rio entre 1963 e 1964.

Em agosto de 1968, a censura federal comunica a proibição de Os 50 Anos que Abalaram o Mundo, peça de Maria Inez sobre a história e a repercussão da Revolução Russa. A dramaturga participa da fundação da Associação Carioca de Críticos Teatrais (ACCT), em 1975. Forma-se em letras pela Universidade Santa Úrsula em 1976, época em que leciona literatura dramática na Escola de Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Nas décadas de 1970 a 1990, participa da comissão de críticos de teatro do Prêmio Molière.

Maria Inez ganha o Prêmio de Leitura Pública do Concurso de Dramaturgia do SNT, de 1978, com a peça Quem Foi que Disse? Quem Foi que Fez? Em 1982 e 1984 substitui a crítica teatral do jornal O Globo, Barbara Heliodora. Possui as seguintes peças inéditas: Não Me Venhas de Borzeguins ao Leito, Inconstitucionalissimamente ou Farsa Disfarçada, Discursos sobre o Método e Comédia Duvidosa (Lady Gay).

Publica em 1987, pelo Instituto Nacional de Artes Cênicas (Inacen), os livros Panorama Visto do Rio: Tônia-Celi-Autran e Panorama Visto do Rio: Teatro Cacilda Becker. No primeiro realiza uma pesquisa a respeito da trajetória da Companhia Tônia-Celi-Autran, formada por Tônia Carrero, Adolfo Celi e Paulo Autran, por meio da leitura crítica dos programas dos espetáculos encenados no governo Juscelino Kubitscheck. No segundo livro "a autora se serve de maneira mais ampla e sistemática do material de imprensa como contraponto à leitura crítica dos programas".5

O Diabo Cospe Vermelho é montada em Porto Alegre, pelo grupo Cartaberta, integrado por funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), com direção de Sergio Ilha, em 1988. Escreve críticas teatrais para o Jornal do Brasil a convite de Macksen Luiz, em 1989. Desde 2003, participa semestralmente da banca de exames finais dos alunos do curso de teatro da CAL - Casa das Artes de Laranjeiras.

Macksen Luiz assim define o trabalho de pesquisa de Maria Inez Barros de Almeida: "Garimpando na fala de quem fez os elementos que fundamentam criações teatrais, Inez Barros de Almeida até abandonou o rigor acadêmico em nome de traços mais pessoais e humanos. O perfil que surge daí, mais do que nos informar sobre a difícil e envolvente luta pela manutenção do teatro no Brasil, capta o tempo no processo teatral. Quase sempre é difícil admitir os estragos que sua ação provoca nos sonhos, no trabalho e na ideologia. Inez Barros de Almeida não fez apenas a memorialística dessas companhias. Historiou o tempo em processo".6

Notas

1 DÓRIA, Gustavo. Da mesma argila. O Globo, Rio de Janeiro, 3 nov. 1954.

2 PEDREIRA, Brutus. Revista da Semana, Rio de Janeiro, 17 nov. 1954. In: MAGNO, Orlanda Carlos. Pequena história do Teatro Duse. p.64.

3 OSCAR, Henrique. O diabo cospe vermelho de Maria Inês de Almeida. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 31 jan. 1957.

4 MICHALSKI, Yan. Teatro: panorama de abril. Leitura, Rio de Janeiro, nºs 70-71, abril-maio, 1963, ano XXII, p.62-64.

5 MIRANDA, Carlos. In: ALMEIDA, Maria Inez Barros de. Panorama visto do Rio: Teatro Cacilda Becker. Rio de Janeiro: MEC; Inacen, 1987. 4ª capa.

6 Informação contida no release Maria Inês Barros de Almeida em noite de autógrafos, fornecido pela assessoria de comunicação social do Inacen no lançamento do livro Panorama visto do Rio: Tonia-Celi-Autran. Rio de Janeiro, 3 jun. 1987.

Espetáculos 13

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Fontes de pesquisa 9

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  • ALMEIDA, Maria Inez Barros de. Dossiê Personalidades Artes Cênicas. Rio de Janeiro: Cedoc/Funarte.
  • BRANDÃO, Cristina. O Grande Teatro Tupi do Rio de Janeiro: o teleteatro e suas múltiplas faces. Juiz de Fora: Editora da UFJF; OP. COM, 2005.
  • BRITTO, Sergio. Fábrica de ilusão: 50 anos de teatro. Rio de Janeiro: Funarte;Salamandra, 1996.
  • Curriculum vitae e entrevista concedidos por Maria Inez Barros de Almeida.
  • DÓRIA, Gustavo. Moderno teatro brasileiro. Rio de Janeiro: SNT, 1975.
  • EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011.
  • MAGNO, Orlanda Carlos. Pequena história do Teatro Duse. Rio de Janeiro: SNT, 1973.
  • MICHALSKI, Yan. O palco amordaçado. Rio de Janeiro: Avenir, 1979.
  • SUSSEKIND, Flora (Org.). O Tablado. Dionysos, Rio de Janeiro, n. 27, 1986. Edição especial.

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