Jorge Dória
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Jorge Dória em cena de A Gaiola das Loucas, 1974
Jorge Dória
Acervo Cedoc/FUNARTE
Texto
Biografia
Jorge Pires Ferreira (Rio de Janeiro RJ 1920 - idem 2013). Comediante popular. Jorge Dória retira de suas personagens um pretexto para o exercício do histrionismo e da personalidade cômica. Atua, constantemente, nos espetáculos dos autores e diretores João Bethencourt e Domingos Oliveira.
Inicia a carreira de ator no filme A Mãe, direção de Theofilo de Barros Filho, 1947, ao qual se seguem outros filmes nacionais.
Estréia em teatro ainda na década de 1940, na Companhia Eva Todor, em que permanece por quase dez anos. Na década de 1960, seu trabalho em teatro mais marcante é em Procura-se uma Rosa, escrita por Vinicius de Moraes, Pedro Bloch e Gláucio Gill, dirigida por Léo Jusi.
A partir da década de 1970, passa a protagonizar e produzir os espetáculos. Com exceção de Dr. Fausto da Silva, de Paulo Pontes, 1973, dirigido por Flávio Rangel, Dória atua sempre sob a direção de João Bethencourt: Plaza Suíte, de Neil Simon, 1970; Chicago 1930, de Ben Hecht e Charles Mac Arthur, 1971; Freud Explica, Explica, de João Bethencourt, 1973; A Gaiola das Loucas, de Jean Poiret, 1974; Sodoma, o Último a Sair Apague a Luz, de João Bethencourt, 1978; O Senhor É Quem?, de João Bethencourt, 1980.
Em crítica à Gaiola das Loucas, Yan Michalski lembra que o êxito da peça, escrita para dois grandes comediantes populares franceses (Jean Poiret e Michel Serrault), dependerá da personalidade cômica dos dois intérpretes principais. E acrescenta: "No Rio, ela está magnificamente servida por dois grandes comediantes populares brasileiros, Jorge Dória e Carvalhinho, que curtem seus papéis com uma alegria contagiante, grande riqueza de detalhes e uma graça altamente valorizada pelo fato de não se tratar de uma mera exibição de trejeitos afeminados e sim de composições estudadas e completas".1
Na década de 1980, sua preferência em direção se volta para Domingos Oliveira, com quem realiza os seguintes espetáculos: Amor Vagabundo (ou Eternamente Nunca), de Felipe Wagner, 1982; Escola de Mulheres, de Molière, 1984; A Morte do Caixeiro Viajante, de Arthur Miller, 1986, sua única incursão no realismo psicológico; e, em 1987, Os Prazeres da Vida, de Domingos Oliveira, Tributo, de Bernard Slade, e Os Prazeres da Vida Segundo Jorge Dória, roteiro de Domingos Oliveira.
Ainda nos anos 1980, protagoniza Belas Figuras, de Ziraldo, 1983, com direção de Wolf Maya, e A Presidenta, de Bricaire e Lasaygues, 1988, com direção de José Renato.
Encena O Senhor É Quem?, texto e direção de João Bethencourt, em 1993. No ano seguinte, faz nova montagem de A Gaiola das Loucas, de Jean Poiret, com direção de Jorge Fernando. Em 1999, protagoniza O Avarento, de Molière, com direção de João Bethencourt.
Ao longo de sua carreira, Jorge Dória participa de diversos espetáculos e programas de televisão - um dos mais marcantes é o pai do seriado A Grande Família, escrito por Oduvaldo Vianna Filho, na TV Globo. Sua atuação em cinema é vasta, destacando-se em O Assalto ao Trem Pagador, de Roberto Farias, 1962, entre outros. Em teatro, recebe uma única premiação, o Mambembe, em 1984, com Escola de Mulheres, de Molière.
O crítico Edelcio Mostaço, no jornal Folha de S.Paulo, ao escrever sobre A Morte do Caixeiro Viajante, define o ator: "Possuidor de grande verve cômica, presença cênica energética, poder magnético de sugerir certo extrato classe média da população masculina carioca a meio caminho da malícia e do bem-viver, Dória aclimata-se com desenvoltura aos textos leves, soltos à improvisação, cheios de observações ferinas ou perspicazes".2
Ao estilo do "primeiro ator" das companhias de teatro popular, Jorge Dória faz o espetáculo se desenhar ao seu redor. Os críticos freqüentemente o censuram por se colocar à frente do autor e do diretor, por se valer das repetições, por deslocar invariavelmente a representação para o proscênio e se colocar no centro, por tirar graça de qualquer incidente por meio do improviso, por não permitir muito espaço aos demais intérpretes. Como descreve Alberto Guzik, no Jornal da Tarde, Dória canaliza todos os elementos da cena para fazer emergir "uma performance cômica que vai além da personagem".3
Notas
1. MICHALSKI, Yan. Riso engaiolado, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 5 de abril de 1974.
2. MOSTAÇO, Edelcio. Para platéias pouco exigentes, Folha de S.Paulo, São Paulo, 20 de agosto de 1986.
3. GUZIK, Alberto. Um admirável exercício de invenção, Jornal da Tarde, São Paulo, 22 de fevereiro de 1986.
Obras 1
Espetáculos 27
Fontes de pesquisa 5
- DÓRIA, Jorge. (Dossiê Personalidade Artes Cênicas). Rio de Janeiro: Cedoc/Funarte.
- MAGALDI, Sábato. Uma boa comédia irresponsável, Jornal da Tarde, São Paulo, 31 de março de1976.
- MICHALSKI, Yan. Como recuperar a memória dos homens, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24 de setembro de 1980.
- Morre aos 92 anos o ator Jorge Dória. G1. Disponível em: . Acesso em: 06 nov. 2013. Não catalogado
- TEATRO ALIANÇA FRANCESA. Belas Figuras: São Paulo, SP, [1983]. Programa do Espetáculo. Não catalogado
Como citar
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JORGE Dória.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa419076/jorge-doria. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7