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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Rodolfo Mayer

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
04.02.1910 Brasil / São Paulo / São Paulo
01.08.1985 Brasil / Rio de Janeiro / Niterói
Rodolfo Jacob Mayer (São Paulo SP 1910 - Niterói RJ 1985). Ator e diretor. Intérprete destacado entre aqueles de sua geração, tanto pela naturalidade que imprime aos papéis quanto pela técnica apurada, construída em sólida carreira em teatro, cinema, televisão, e em especial no rádio, alcança reconhecimento nacional com o personagem Gumercindo T...

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Biografia
Rodolfo Jacob Mayer (São Paulo SP 1910 - Niterói RJ 1985). Ator e diretor. Intérprete destacado entre aqueles de sua geração, tanto pela naturalidade que imprime aos papéis quanto pela técnica apurada, construída em sólida carreira em teatro, cinema, televisão, e em especial no rádio, alcança reconhecimento nacional com o personagem Gumercindo Tavares, do monólogo As Mãos de Eurídice, peça que o mantém em cartaz por 20 anos.

Inicia sua trajetória artística em grupos amadores. Ainda no colégio, funda a primeira companhia teatral de alunos do Liceu Sagrado Coração de Jesus, em São Paulo. Mais tarde trabalha com um grupo de amadores do Barzinho do Carioca, também em São Paulo. Sua atuação chama a atenção de Oduvaldo Vianna, que, em 1932, o leva para a companhia de Procópio Ferreira, sediada no Teatro Boa Vista. Estreia profissionalmente em janeiro de 1933, com a peça O Maluco da Avenida, de Carlos Arniches, dirigida por Cristiano de Souza. Participa de uma série de peças com Procópio Ferreira, entre elas Mulher, de Oduvaldo Vianna, e Era uma Vez um Lobo, de Ferenc Molnár.

Mayer muda-se para o Rio de Janeiro em 1935 para integrar a companhia de Abadie Faria Rosa, com sede no Teatro Rival, e atua na peça Longe dos Olhos, do próprio Faria Rosa. No mesmo ano, passa a fazer parte da companhia de Renato Viana, Teatro Escola, e estreia no espetáculo Sexo. Seguem as peças Deus e Divino Perfume, todas de Renato Viana. Entra, em 1936, para a companhia de comédias de Jaime Costa, com a qual excursiona pelo Norte e Nordeste do Brasil. Em 1938, ingressa na Companhia Olga-Delorges, estreando com a peça Iaiá Boneca, de Ernani Fornari, que inaugura o Teatro Ginástico. Conquista seu primeiro prêmio como ator, em 1939, com o espetáculo O Maluco nº 4 de Armando Gonzaga, e passa a integrar a Companhia Aimée-Joracy Camargo, acumulando também as funções de ensaiador e diretor.

A década de 1940 começa com um convite de Abadie Faria Rosa para que participe do elenco da primeira companhia do Serviço Nacional de Teatro - SNT, a Comédia Brasileira. Atua nos espetáculos Caxias, de Carlos Cavaco, e O Caçador de Esmeraldas, de Viriato Corrêa. Ganha a medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais - ABCT por sua atuação em A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho. Em 1942, dirige no Teatro Carlos Gomes, a primeira montagem de uma peça de Nelson Rodrigues, A Mulher sem Pecado, na qual também atua.

Ganha mais uma vez a medalha de ouro da ABCT pelo espetáculo Ternura, de Henri Bataille, com a companhia da atriz Maria Sampaio, no Teatro Fênix, em 1946. Em 1949, excursiona pelo Brasil com algumas peças de sua própria companhia, formada em parceria com sua então esposa, Lourdes Mayer, e com o ator Oswaldo Louzada, e recebe de Pedro Bloch um monólogo escrito sob medida para suas qualidades interpretativas. Por um ano, Rodolfo Mayer, estuda o papel e prepara a representação. Em maio de 1950, apresenta pela primeira vez, no Pen Clube do Brasil, a peça As Mãos de Eurídice. Alguns meses depois, estreia no Teatro Regina (atual Teatro Dulcina), que já na segunda semana da temporada, é um sucesso absoluto de público. Depois de um ano com a casa lotada, passa a viajar com o espetáculo. Ao longo de 20 anos, faz mais de 4 mil representações do monólogo, por todo o Brasil e em mais de 40 países. Recebe a medalha de ouro da ABCT como melhor ator pelo espetáculo.

O crítico Décio de Almeida Prado, apresenta uma justificativa para tamanho sucesso: "Em teatro, cada gesto, cada inflexão, podem visar dois propósitos diferentes: um o de servir o texto, outro o de proporcionar ao ator uma exibição de virtuosismo. Rodolfo Mayer inclina-se em geral para esta segunda solução, menos profunda artisticamente. O que o salva, em tais casos, é o seu conhecimento de palco e a riqueza realmente extraordinária de seus recursos naturais. Nenhum outro intérprete nosso sabe, talvez, como ele, despertar tão prontamente a comoção, ainda que através dos meios mais convencionais. [...] A lição é tão perfeita que o público se deixa levar, duas, três, quatro, cinco vezes - quantas vezes o artista desejar - fascinado por aquele raro espetáculo histriônico, por aquela incrível habilidade em fazer as lágrimas brotar dos olhos. E se esquece que a verdadeira prova do mérito de Rodolfo Mayer está provavelmente em qualidades mais sólidas e menos espetaculosas, na faculdade, por exemplo, de ser naturalíssimo quando o quer, ou engraçado com sutileza [...] e, mais do que tudo isso, na correlação perfeita que sabe estabelecer, a todos os momentos, entre a expressão e o pensamento. [...] A sua reação fisionômica é sempre instantânea e exata, colocando-nos, por assim dizer, face a face com o pensamento, que se vai formando ante os nossos próprios olhos".1

Mayer estreia, no Teatro Dulcina, a peça Obrigado pelo Amor de Vocês, em 1953, outro sucesso de público, que permanece em cartaz por dois anos, e com a qual ganha medalha de ouro da ABCT como diretor. Em 1959, passa a integrar a terceira companhia fundada pelo SNT, o Teatro Nacional de Comédia - TNC, atuando nos espetáculos Dom João Tenório, de José Zorrilla, e As Três Irmãs, de Anton Tchekhov. Participa de outro sucesso de público, a peça Três em Lua-de-Mel, no Teatro Mesbla, em 1962. Encerra sua carreira no teatro em 1970, com o fim da última temporada de As Mãos de Eurídice.

Sua atividade como radioator tem início aos 17 anos, na Rádio Record de São Paulo, e se mantém, sem ininterrupções ao longo de sua carreira. No Rio de Janeiro, participa de mais de 800 radionovelas. Trabalha na Rádio Nacional por 22 anos e atua também nas rádios Ipanema, Mayrink Veiga, Tamoio e Tupi.

Estreia no cinema em 1927, no filme mudo A Escrava Isaura. Em 1935, tem seu primeiro papel no cinema falado, em Favela dos Meus Amores, com roteiro de Henrique Pongetti e direção de Humberto Mauro. O maior êxito de público de sua carreira cinematográfica é Obrigado, Doutor, de 1948, adaptação de um sucesso radiofônico, que serve de inspiração para Pedro Bloch escrever As Mãos de Eurídice. Recebe, em 1965, o Prêmio Governador do Estado de São Paulo pelo filme Viagem aos Seios de Duília, de Carlos Hugo Christensen.

Seu trabalho na televisão se estende até a década de 1980. Faz mais de 30 novelas, sendo a primeira delas Os Quatro Filhos, em 1965, na TV Excelsior. Seu último trabalho como ator se dá em 1981, na novela Brilhante, da Rede Globo. Em seus últimos anos, funda a Associação dos Amigos do Teatro Municipal de Niterói.

Notas

1. PRADO, Décio de Almeida. Apresentação do teatro brasileiro moderno: crítica teatral de 1947-1955. São Paulo: Perspectiva, Coleção Estudos, 2001. p. 67-68.

Espetáculos 62

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Fontes de pesquisa 4

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  • ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Rosyane Trotta]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos. Não Catalogado
  • MAYER, Rodolfo. Dossiê personalidades artes cênicas. Rio de Janeiro: Cedoc/Funarte.
  • PRADO, Décio de Almeida. Apresentação do teatro brasileiro moderno: crítica teatral de 1947-1955. São Paulo: Perspectiva, 2001. (Estudos; 172).
  • Programa do Espetáculo - Meu Querido Mentiroso - 1966. Não catalogado

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